É o fim. Depois de 16 anos, a fábrica de calçados Pé de Ferro, sediada em Franca, dá adeus à cidade, muda o endereço da produção da unidade localizada na Rodovia João Traficante e parte para a cidade de Cascavel (CE), que fica a 45 quilômetros de Fortaleza.
A mão de obra cearense cada vez mais dedicada e salário três vezes menor do que o do trabalhador francano, os incentivos do governo estadual e as dificuldades financeiras da empresa fizeram a Pé de Ferro concentrar a sua produção no Ceará. As justificativas foram dadas pelo proprietário da empresa, Márcio Donizete Andrade, em entrevista concedida no final da tarde de ontem, na sede da empresa (leia texto nesta página).
Ontem, às 6h30, no refeitório da empresa, mais 30 funcionários receberam o bilhete azul e foram desligados da firma, a maioria funcionários da linha de produção. À tarde, na saída do expediente, se antes os dois ônibus que servem à empresa para o transporte dos trabalhadores saíam abarrotados, ontem foram poucos os lugares ocupados: oito funcionários em um e nove em outro veículo.
Na unidade de Franca, ficarão somente os 33 funcionários do setor administrativo, que ficará próximo aos olhos dos donos, os empresários Márcio e Maurício Andrade (o outro irmão, Marcelo, administra a fábrica cearense), e 17 trabalhadores dos setores de desenvolvimento e produção, sendo destes apenas nove nas poucas máquinas e esteiras que restarão, apenas para produzir protótipos e amostras para vendedores.
Ao todo, são 8 mil metros quadrados de área construída no Ceará. Recentemente, as instalações foram ampliadas para aumentar o número de funcionários de 400 para aproximadamente 700. Todos eles com salários inferiores aos dos francanos. Por exemplo, um cortador em Franca recebe R$ 1.600 por mês, enquanto o colega cearense não recebe R$ 400.
A capacidade plena da Pé de Ferro Nordeste é de até 5 mil pares por dia, mas operava, até a semana passada, com uma marca entre 1.500 e 2 mil pares ao dia. A nova casa do Pé de Ferro não é tão nova. Ela foi construída há dez anos graças aos incentivos dados pelo então governador do Ceará Tasso Jereirssati (PSDB).
Em relação às dívidas, Márcio Donizete Andrade e o consultor Luiz Bonato, da Nova Visão Consultoria, empresa que comanda a reestruturação da Pé de Ferro, revelaram que 70% das dívidas com credores e oito instituições financeiras e de factoring foram renegociadas.
Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.