Depois de ser flagrada pela polícia combinando assaltos com integrantes de facções criminosas, a advogada Adriana Telini Pedro está diante de outra grave acusação. A Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Franca abriu um inquérito para apurar sua participação no tráfico de drogas, baseada em escutas telefônicas gravadas com autorização judicial que mostrariam o envolvimento dela com traficantes. A advogada, que já responde por formação de quadrilha, será indiciada, agora, por favorecimento ao tráfico de drogas.
A ligação de Adriana Telini com traficantes havia sido descoberta em junho do ano passado por meio do grampo telefônico, mas o fato era mantido sob sigilo pela polícia. A reportagem apurou que as denúncias constavam do mesmo inquérito que aponta o envolvimento da advogada com assaltantes. No começo desta semana, a Polícia Civil decidiu desmembrar os processos. A DIG (Delegacia de Investigações Gerais) se concentrará no caso em que ela é acusada de formação de quadrilha, enquanto a Dise investigará seu envolvimento com o tráfico.
O Comércio da Franca teve acesso a trechos inéditos das interceptações telefônicas. As gravações mostram que o escritório de Adriana Telini funcionava como uma espécie de PABX do crime, o qual possibilitava uma linha direta entre traficantes e presidiários. Somente no dia 6 de junho, foram três ligações relacionadas ao tráfico de drogas.
Em uma delas, Adriana Telini recebe um telefonema de uma mulher chamada Andreza, que seria filha de um cliente dela, José Aparecido de Lima, o “Zezinho”, preso dias antes acusado de tráfico. Ele teria dito à advogada onde havia enterrado alguns tabletes de maconha e lhe explicado como fazer para encontrá-los. Adriana Telini repassou as orientações para Andreza, mas ela não encontrou o material e ligou para a advogada pedindo ajuda. “Adriana, desculpe eu te ligar a cobrar, mas estou muito apavorada. Deixa eu te falar: tem jeito de você ligar lá no Guanabara (cadeia)? Eu não consigo achar o negócio de jeito nenhum, Adriana”.
A advogada fica surpresa com o fato de Andreza não ter encontrado a droga e pergunta. “Cê foi dois metros para lá e dois para a frente?” Andreza responde que cansou de procurar e pede para Adriana ligar para seu pai, preso na cadeia do Jardim Guanabara, em busca de informações detalhadas sobre a localização exata.
Adriana Telini liga para Evandro Carlos de Faria, preso em uma penitenciária no interior do Estado (apontado como o líder do bando), e pede para fazer a conexão com a cadeia de Franca. Como ele se recusa, ela volta a falar com Andreza e se oferece para ajudá-la. “Olha: eu vou com você lá”. Na ocasião, os agentes da Dise ficaram de campana no local, mas não conseguiram deter ninguém. “Acreditamos que alguma pessoa possa ter retirado a droga antes”, disse o delegado Benedito Carlos Quiodeto.
Para a Dise, não há dúvidas sobre o envolvimento de Adriana Telini com o tráfico de drogas. “As ligações telefônicas são provas técnicas já existentes nos autos. Não será fácil ela provar qualquer coisa contrária. Ela será intimada a prestar depoimento e deverá ser indiciada por associação ao tráfico de drogas”, finalizou o delegado.
Procurada pela reportagem, às 15h45 de sábado, Adriana Telini não estava em sua casa. Segundo informações de familiares, a advogada não se manifestaria sem a presença de seu defensor, Rui Engrácia, que estaria fora da cidade e só retornaria na terça-feira.
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