NOVA REPRESA

Prefeitura e DAE planejam desassorear Batalha e fazer mata ciliar

Por Tisa Moraes | da Redação
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JC Imagens
Renato Purini, secretário de Governo
Renato Purini, secretário de Governo

Após mais um período de crise no abastecimento de água que afetou cerca de 100 mil moradores entre o fim de agosto e o início de outubro, a Prefeitura de Bauru e o Departamento de Água e Esgoto (DAE) anunciam um conjunto de ações com a promessa de solucionar este problema crônico da cidade em médio prazo. As medidas incluem o desassoreamento da lagoa de captação do Rio Batalha, a instalação de uma segunda represa, a recuperação das matas ciliares do manancial e a construção do Complexo de Poços e Reservatórios do Val de Palmas. Esta última começou no último dia 8, com o início da perfuração do Poço 2 (P2), viabilizada por uma construtora como contrapartida antecipada de um empreendimento privado. O projeto completo prevê quatro poços interligados ao reservatório do Alto Paraíso, com investimento total de R$ 40 milhões a serem financiados pela Caixa Econômica Federal, mais R$ 8 milhões da contrapartida privada e R$ 16,5 milhões em recursos próprios.

O objetivo é abastecer a Vila Falcão, Vila Pacífico, Vila Souto, Alto Paraíso e Vila Industrial e reduzir a dependência do Batalha de 27% para 12,5% da população - algo em torno de 40 mil pessoas. "Nossa prioridade zero é colocar o complexo em funcionamento até o próximo período de estiagem, dentro de 12 meses", afirma o secretário de Governo, Renato Purini.

Já a licitação que contrataria a perfuração do P3 e a construção de uma adutora de 3 quilômetros foi declarada fracassada em publicação no Diário Oficial da última terça-feira (14), após a desclassificação das dez empresas participantes, seja por motivos técnicos, documentais, por fornecedores manifestarem desinteresse ou apresentarem propostas acima da cotação de preços.

Diante da situação de emergência hídrica decretada pelo município em 1º de outubro, a prefeitura estuda assumir a execução do poço por meio de contratação emergencial - modalidade que permite a dispensa licitação com prévia pesquisa de preços de mercado e priorização da proposta mais vantajosa à administração. "É um tipo de licitação com concorrência entre empresas, mas com contratação mais ágil. A Secretaria de Infraestrutura fará a cotação de preços e iremos avaliar a viabilidade", cita Purini. Já a adutora seria construída por equipes próprias do DAE.

EMERGENCIAL

A pasta realiza cotações para a execução, também por meio de contratação emergencial, do P1, dois reservatórios e uma adutora de 6,5 quilômetros que ligará os poços ao reservatório do Alto Paraíso. O DAE, por sua vez, será responsável pela perfuração do P4, por meio de licitação, além de fazer a adutora de 3 quilômetros.

Além da ampliação da produção, a prefeitura prevê medidas para reforçar a reservação. Por meio de convênio mantido com a ONG Fórum Pró-Batalha desde 1999, nova parceria deve ser assinada nos próximos dias para plantio de árvores nativa nas margens do manancial, desde a nascente até a lagoa de captação. A ação deve começar ainda em 2025, com recursos do Fundo Municipal de Recuperação das Bacias Hidrográficas Tietê-Jacaré e Tietê-Batalha (FRBH), que dispõe de R$ 5 milhões em caixa provenientes de 1% da arrecadação tarifária do DAE. Também há a possibilidade de o Pró-Batalha assumir o serviço de desassoreamento da lagoa do Batalha ainda neste ano. Embora o nível da represa no ponto de captação seja de 3,20 metros em condições ideais, a profundidade média é de 1,20 metro devido ao acúmulo de sedimentos. "Isso faz com que, após 20 ou 30 dias sem chuva, o nível caia drasticamente", explica Purini.

Mais reservação

Em médio prazo, o DAE estuda criar uma nova barragem cerca de 200 metros acima da atual. A ideia é construir a represa com um vertedouro que permita liberar a água armazenada para a lagoa principal em períodos de estiagem, garantindo maior estabilidade ao sistema. Com todas as médias, o DAE espera prolongar a vida útil do Batalha, enquanto prepara o novo Plano Diretor de Águas (PDA). O documento deverá definir estratégias de longo prazo, incluindo a possibilidade de um novo ponto de captação no próprio rio ou aproveitamento de outro manancial. "Essas ações vão garantir fôlego ao Batalha por muitos anos, até que possamos planejar com calma alternativas que envolvam investimentos maiores", conclui.

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