NOVA SENTENÇA

Juiz condena Gasparini e Izabel: 7 anos de reclusão no semiaberto

Redação
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Alex Mita/JC Imagens
Edison Gasparini Junior
Edison Gasparini Junior

A 2ª Vara Criminal de Bauru condenou, nesta quarta-feira (10), quatro envolvidos em um esquema de lavagem de dinheiro investigado desde 2022, entre eles o ex-presidente da Cohab Edison Bastos Gasparini Junior e sua esposa Izabel Cristina Gonçalves Dias Gasparini. A decisão também absolveu quatro acusados das algumas imputações originalmente apresentadas pelo Ministério Público (MP), incluindo a de participação em organização criminosa.

O juiz responsável pelo caso considerou procedente, em parte, a denúncia e aplicou penas que variam de sete anos de reclusão a prestação de serviços à comunidade. Gasparini Junior e Izabel receberam a mesma pena: 7 anos de reclusão, em regime semiaberto; 21 dias-multa, cada dia-multa fixado em cinco salários mínimos, por  lavagem de dinheiro, combinada com artigo 71 do Código Penal, que versa sobre a continuidade delitiva.

O ex-diretor da Cohab Paulo Sérgio Gobbi foi condenado a 5 anos e 10 meses de reclusão, também em regime semiaberto; 21 dias-multa, com valor unitário correspondente a um salário mínimo; pelo mesmo crime de lavagem de dinheiro. O ex-funcionário da fazenda dos Gasparini Cleberson Rocha Joaquim, por sua vez, recebeu pena mais branda: 7 meses de detenção, em regime aberto; 23 dias-multa no valor mínimo legal. A pena privativa de liberdade foi substituída por prestação de serviços à comunidade.

Os réus condenados poderão recorrer em liberdade.

Absolvições

A sentença absolveu parte dos acusados de diversas imputações: Gasparini e Izabel foram absolvidos de três episódios adicionais de lavagem de dinheiro, por falta de provas suficientes. A filha de Junior e Isabel, Mariana Gonçalves Dias Gasparini, e a sogra do ex-presidente da Cohab Maria Luzia Giacometo Dias foram integralmente absolvidas da acusação de lavagem de dinheiro.

Todos os réus — Edison, Izabel, Mariana, Paulo Sérgio e Maria Luzia — foram absolvidos da acusação de participação em organização criminosa.

Almyr Basílio, advogado de Paulo Gobbi, informa que vai recorrer ao Tribunal de Justiça (TJ) e que tem plena confiança de que a condenação será revertida na segunda instância.

Já o advogado criminalista Leonardo Magalhães Avelar, de Gasparini, afirma que “a sentença está tecnicamente correta ao absolver Maria Luzia e Mariana Gasparini de todos os crimes, além de absolver todos pelo delito de organização criminosa. Com relação à condenação de Edison Gasparini pelo crime de lavagem de dinheiro, será interposta apelação ao Tribunal de Justiça.”

Estamos tentando contato com o advogado de Cleberson Joaquim. O espaço segue aberto à manifestação de todos.

Entenda o caso

A ação foi ajuizada em 2022 e é um desdobramento da Operação João de Barro, investigação do MP que fez uma devassa nas contas da Cohab e na vida financeira de Gasparini e seu familiares. Segundo as investigações, que tramitaram sob sigilo, a família Gasparini adquiriu propriedades valiosas a partir de 2007, ano em que os desvios na Cohab teriam se iniciados.

Somente em propriedades rurais em nome da esposa, sogra e filha, por exemplo, o MP encontrou nove bens - avaliados, ao todo, em R$ 4,6 milhões (valor sem correção monetária). A última compra, segundo o MP, aconteceu em 2018: uma fazenda de R$ 2,6 milhões, cuja negociação envolveu um pagamento de entrada de R$ 200 mil - em espécie, segundo o Ministério Público, porque este era o 'modus operandi' dos acusados.

O valor teria sido entregue aos antigos donos do imóvel por Izabel Gasparini, nas dependências de um escritório. Já a segunda parcela, de R$ 300 mil, e também entregue em dinheiro vivo, teria sido paga num um posto de gasolina na rodovia Bauru-Marília.

Para o Ministério Público, a negociação em espécie era o primeiro passo para reintroduzir ao mercado os valores desviados dos cofres da Cohab. Depois, a rentabilidade das propriedades se tornaria "lícita".

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