Integrantes da direita bauruense promoveram novo protesto na tarde deste domingo (3), horas depois da realização de um primeiro ato pela manhã, e reuniram centenas de pessoas em veículos numa carreata que saiu da avenida Nações Norte e percorreu trajeto até o Ceasa, na região do Núcleo Geisel, de onde retornaria ao ponto de origem. Ante a quantidade de carros, contudo, o ato acabou sendo finalizado em outro ponto, na Praça da Paz.
A concentração em uma das marginais da avenida Nações Norte estava marcada para começar às 14h, mas grande parte do público chegou mais cedo. “Um sucesso”, resumiu à reportagem Ana Sandrin, uma das organizadoras da manifestação deste domingo em Bauru.
Por volta das 13h30, antes do início oficial da concentração, dezenas de veículos já faziam fila aguardando a saída da carreata ao som de jingles a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e contra o atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de frases de protesto contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a favor do projeto pela anistia dos presos no âmbito dos protestos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
Mais tarde, segundo estimativas da própria organização, mais de 400 automóveis marcaram presença ao longo do ato. Uma longa fila pôde ser vista por quem passava pelo viaduto da Duque de Caxias sobre a Nações Unidas em um dos momentos da manifestação.
Ato reuniu centenas de pessoas em Bauru (André Fleury Moraes/JC)
Presidente em exercício da Câmara de Bauru, o vereador Cabo Helinho (PL), que assumiu a cadeira ante a licença do titular Markinho Souza (MDB), é um dos que compareceram ao evento.
“Estamos fazendo coro a uma manifestação nacional, que é o ‘Reaja Brasil’. Como advogado, posso dizer que há problemas na tramitação de processos no Supremo Tribunal Federal, principalmente no foro competente”, afirmou Helinho, em referência às críticas de que presos nos protestos de 8 de janeiro de 2023 deveriam ser julgados em primeira instância, e não no STF.
“Tem também a questão do próprio desgoverno que a gente vive no País. É importante que o povo venha para a rua, demonstre sua insatisfação, mas sempre com ordem e decência. Nós temos de deixar esse espaço mais limpo do que aquele que encontramos”, disse Helinho ao JCNET.
Presente na carreata em Bauru, o deputado federal Capitão Augusto (PL) avalia que as manifestações deste domingo simbolizam a força do movimento conservador no Brasil.
“Estamos sendo a voz do Bolsonaro, que infelizmente está calado, impedido de participar dos atos. Cabe a nós representar a direita e o conservadorismo no País”, afirmou o parlamentar, em entrevista ao JCNET.
Augusto diz que há um “viés partidário” nas decisões da Suprema Corte e questiona a legalidade da tramitação dos processos dos réus pelos atos de 8 de janeiro diretamente no STF.
“Não há previsão na Constituição para que essas pessoas sejam julgadas ali. Eles deveriam ter direito a recursos em outras instâncias. Quando um ministro é vítima, relator e investigador ao mesmo tempo, não existe mais imparcialidade”, criticou, em referência ao ministro Moraes.
Esposa do parlamentar, a deputada estadual Dani Alonso (PL) vê os atos deste domingo como “a força da democracia”. Para ela, as manifestações não se resumem ao apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas expressam o inconformismo de parte da população com os rumos do País.
“Hoje eu observo que o Brasil todo se levantou para dizer que não concorda com o que está acontecendo. E isso não tem a ver apenas com ideologia política ou levantar uma bandeira do Bolsonaro, mas com o sonho de um Brasil diferente, de um País que não se acomoda diante das injustiças”, declarou ao JCNET.
A deputada afirma que os abusos de poder estão sendo naturalizados e que o movimento conservador atual representa um “despertar” da sociedade.
“As pessoas estão começando a perceber o que está acontecendo. O Bolsonaro foi só uma semente. Há muitos brasileiros e patriotas que, independentemente de ideologia, não concordam com o rumo que o Brasil tomou”, afirmou.
Figuras até regionais também compareceram ao ato em Bauru. Vereador em Lençóis Paulista, o professor Leonardo Henrique de Oliveira diz que a manifestação deste domingo é também pelo futuro do País e dos filhos daqueles que hoje vão às ruas. “É para quem quer ver o País crescer, ver a família valorizada, com liberdade”, afirma.
Além dele, também compareceram ao ato da tarde vereadores de Pederneiras, Jaú, Piratininga, Agudos, Araçatuba e Bocaina.
