HÉRNIA BILATERAL

Recuperação da cirurgia de Bolsonaro pode levar até um mês

Por Luana Lisboa | da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Jair Messias Bolsonaro/Facebook
No caso de Bolsonaro, o problema aconteceu dos dois lados, configurando-se, então, como uma hérnia inguinal bilateral.
No caso de Bolsonaro, o problema aconteceu dos dois lados, configurando-se, então, como uma hérnia inguinal bilateral.

A cirurgia para a correção da hérnia inguinal bilateral, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fará nos próximos dias, costuma exigir um curto tempo de recuperação. Um dos mais realizados no mundo, o procedimento pode requerer de duas semanas a um mês de regeneração, com retorno a atividades físicas e sexuais, afirma Diego Adão, professor de cirurgia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Leia mais: Moraes autoriza cirurgia de Bolsonaro no Natal

O tempo, no entanto, pode variar para cada paciente e a depender da técnica utilizada. Idosos com duas hérnias, como é o caso do ex-presidente, podem precisar de maior período.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou que o Jair Bolsonaro (PL) seja internado nesta quarta-feira (24) e faça uma cirurgia no Natal (25). No pedido realizado nesta terça-feira (23), a defesa solicita que Bolsonaro seja internado um dia antes da cirurgia "a fim de que possa ser submetido aos exames necessários e preparatórios ao procedimento cirúrgico".

Segundo o especialista, o pré-operatório dos dois principais tipos de cirurgias para a questão de saúde são comuns. "Na cirurgia por vídeo, é uma anestesia geral com intubação. Já na cirurgia aberta, é feita anestesia na coluna com uma local", diz.

É necessário ainda fazer exames pré-operatórios para ver se a coagulação e o coração estão normais. Podem incluir ainda raio-x do pulmão, eletrocardiograma do coração e exames de coagulação. Essa é uma cirurgia de pequeno porte, explica o médico, e mesmo pacientes mais idosos e com problemas anteriores de saúde conseguem fazer a operação com segurança.

Para a correção das hérnias, existem dois procedimentos mais comuns: a cirurgia tradicional, chamada de cirurgia de Lichtenstein, e a técnica por vídeo.

A primeira consiste em identificar a área de maior fragilidade da parede abdominal e colocar uma tela de polipropileno em cima do músculo para repará-lo. A tela estimula um processo inflamatório no corpo, gerando uma cicatriz que torna a região mais "dura".

Na segunda, feita por vídeo, o corpo também recebe a tela, só que por dentro do abdômen, explica Adão. Essa é a mais indicada, porque a recuperação é mais rápida.

Após a operação, o paciente costuma ficar de um a dois dias internado. Já em casa, no caso da cirurgia por vídeo, a maioria dos pacientes volta à vida usual em, no máximo, duas semanas. Neste caso, por não ter corte na região da virilha, a tendência é que haja menores inflamação e dores no pós-operatório.

Na cirurgia aberta, com manipulação dos tecidos, há mais inflamação e o paciente volta às atividades habituais entre a terceira e quarta semana após o procedimento.

Ambos são considerados períodos curtos de recuperação. No caso de Bolsonaro, por já ter um histórico anterior de cirurgias, é mais comum que o procedimento clássico seja o escolhido pela equipe médica.

A taxa de sucesso desse tipo de cirurgia é alta, ultrapassando os 90%, com uma chance de recidiva da hérnia de 2% a 5%, diz Adão.

As hérnias na região da virilha surgem quando, conforme o envelhecimento, os tecidos ficam frágeis e a região, naturalmente mais fraca, não consegue segurar o intestino dentro do abdômen, e o órgão começa a escorregar para a região do canal inguinal, em direção ao testículo, explica o cirurgião-geral.

No caso de Bolsonaro, o problema aconteceu dos dois lados, configurando-se, então, como uma hérnia inguinal bilateral.

Moraes autorizou a presença da esposa do ex-presidente, Michelle Bolsonaro, como acompanhante durante toda a internação. As demais visitas somente poderão ocorrer com autorização judicial.

Bolsonaro está preso na superintendência regional da PF em Brasília desde o dia 22 de novembro.

Os peritos recomendaram ainda o "bloqueio do nervo frênico" para tratar o quadro de soluços do ex-presidente.

Adão explica que esse nervo faz o diafragma contrair para permitir a respiração, os soluços e as tosses. Quando inflamado, perde o controle e faz contrações rápidas, gerando o soluço.

Com medicamentos ou cirurgia é possível tirar a capacidade do nervo de estimular o diafragma, o que funcionaria como um tratamento para a condição, afirma o médico.

Fale com o Folha da Região!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários