DIA DOS PROFESSORES

IA: estudantes usam ferramenta para estudos e pesquisas

Por Erivan Monteiro | erivan.monteiro@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 3 min
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Adolescentes defendem ferramenta como auxílio nos estudos; professores são reticentes e cobram responsabilidade
Adolescentes defendem ferramenta como auxílio nos estudos; professores são reticentes e cobram responsabilidade

De maneira geral, a Inteligência Artificial (IA) conquistou os estudantes. Para eles, a IA ajuda principalmente nos trabalhos escolares e na hora da revisão para as provas. Eles afirmam, porém, que a maioria de seus professores tem uma certa resistência ao uso por parte dos estudantes, pois acreditam que essa prática os tornariam dependentes da ferramenta. Entretanto, como hoje em dia o seu uso é praticamente inevitável, os educadores cobram a utilização da ferramenta com responsabilidade.

“A Inteligência Artificial me ajuda bastante a estudar, podendo simplificar matérias ou explicar de um jeito mais simples. Uso a IA com frequência para estudar para as provas, pesquisas, fontes para redação e para trabalhos escolares”, diz Hinata Takami Rosa, 14, estudante do 9º ano de uma escola pública. “A IA nos ajuda nas questões que não sabemos; é como um professor virtual”, emenda Cauã Brioso, 13 anos, estudante do 7º ano de uma escola pública da cidade.

Apesar de verem com “bons olhos” a ajuda virtual, os estudantes dizem que seus professores são resistentes ao uso por parte dos discentes, por entenderem que os adolescentes ainda são muito imaturos. “Eles (os docentes) não incentivam o uso, nem proíbem, mas são contra”, lembra Cauã.

“Já na minha escola, os professores proíbem o uso de IA, porque querem que façamos nossos trabalhos nós mesmos para sermos mais independentes no futuro, sem precisar de um celular ou tecnologia perto para conseguir”, conta Hinata.

“Meus professores não gostam muito do uso da Inteligência Artificial. Eles incentivam a procurarmos sites com informações confiáveis e não usar a IA como fonte de pesquisa”, explica a estudante Mariana Sotto, estudante da Etec Coronel Fernando Febiliano da Costa, em Piracicaba.

Mas existem as exceções. A adolescente Luna Mendes Teixeira, 16 anos, que estuda em um colégio particular de Piracicaba, disse que essa proibição “varia muito de professor para professor”. “Na maioria das vezes, quando tratamos de criação de algo, texto ou respostas para atividades, o uso não é recomendado; agora quando falamos de pesquisa ou desenvolvimento de projetos, as IAs são bem-vindas”.  

‘DOIS GUMES’
Para o professor Marlon Fernandes de Souza, da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz), o uso é uma “faca de dois gumes”, “pois vão ter alunos que vão lidar bem com isso, que têm um perfil autodidata que se viram melhor; e vão ter outros que não vão fazer nada ou vão fazer malfeito.”

“Eu incentivo os alunos de algumas disciplinas que eu estou dando a usarem. Mas eu mostro também as questões éticas relacionadas ao uso. Eu discuto com eles sobre a responsabilidade do conteúdo gerado, porque, às vezes, peço para que façam atividades sem dar muitas instruções e o feedback que eles me dão é de que não são intelectualmente responsáveis pelo conteúdo que produziram.”

“A IA não pode ser vista como um oráculo. Ela é uma ferramenta que apoia, mas sempre precisa de supervisão e revisão humana para a garantia do conteúdo que você está passando. A pessoa que gerou o conteúdo utilizando uma IA é a responsável por aquela resposta. Não dá para transferir a responsabilidade para o chatGPT”, complementa Marlon.

“Fica o desafio da gente gerar essa maturidade nos alunos, essa autonomia que eles têm de saber os riscos de plágio, de não reconhecimento do conteúdo que está sendo gerado. A gente precisa ensinar os alunos a usar essa ferramenta tecnológica muito potente”, finaliza o professor.  

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