QUANTAS HORAS?

Dormir pouco pode dobrar risco de Alzheimer, alerta Harvard

Por Da Redação |
| Tempo de leitura: 3 min

Estudos recentes de instituições como Harvard, Universidade de Toronto e CONICET (Argentina) acenderam um alerta definitivo: dormir menos de cinco horas por noite pode dobrar o risco de desenvolver Alzheimer e comprometer a longevidade cerebral. O sono, muito além do descanso, é parte essencial da manutenção do sistema nervoso e do equilíbrio do organismo como um todo.

O neurologista Andrew Lim, da Universidade de Toronto, explica que a fragmentação do sono interfere diretamente nas funções cognitivas. “Pessoas com sono interrompido tiveram desempenho inferior em testes cerebrais e apresentaram maior ativação de células imunológicas do cérebro, o que acelera processos neurodegenerativos”, detalha.

VEJA MAIS:

Segundo um levantamento da Escola de Medicina de Harvard com mais de 2.800 idosos, quem dorme menos de cinco horas por noite tem o dobro de probabilidade de desenvolver Alzheimer e morrer precocemente, em comparação com quem mantém entre seis e oito horas de sono. Já uma análise com 8 mil participantes na Europa mostrou que a restrição contínua do sono ao longo das décadas entre 50 e 70 anos está relacionada a um aumento de 30% no risco de demência.

O que acontece com o cérebro quando não dormimos bem

Durante o sono profundo, especialmente na fase de ondas lentas, ocorre um processo chamado fluxo glinfático, responsável por "lavar" o cérebro. É nesse momento que resíduos neurotóxicos, como as proteínas beta-amiloide e Tau — associadas ao Alzheimer —, são eliminados. Com a privação de sono, esse sistema de limpeza fica comprometido, elevando o risco de inflamações e acúmulo de substâncias prejudiciais ao tecido cerebral.

O médico Daniel Cardinali, pesquisador do CONICET e professor emérito da Universidade de Buenos Aires, destaca: “O sono não é só descanso. Ele sustenta a homeostase — o equilíbrio vital do corpo. Sem ele, o organismo perde a capacidade de reagir adequadamente aos estímulos internos e externos”.

Ainda há tempo para agir: mudanças de hábito ajudam

A boa notícia, segundo especialistas, é que a adoção de práticas saudáveis pode reverter ou minimizar os danos. Um estudo conduzido pelas universidades de Toronto e Chicago indicou melhora significativa em pessoas com predisposição genética ao Alzheimer após mudanças consistentes na rotina do sono.

O neurologista Andrew Budson, do Boston VA Healthcare System, aponta que a chamada “higiene do sono” pode proteger o cérebro mesmo em quadros considerados de risco. Entre as recomendações da World Sleep Society estão:

  • Dormir e acordar sempre nos mesmos horários
  • Evitar bebidas alcoólicas e nicotina antes de deitar
  • Preferir refeições leves à noite
  • Manter o quarto escuro, arejado e silencioso
  • Mais importante que horas dormidas é o estado de vigília

Por fim, Cardinali sublinha que a qualidade do sono deve ser medida pelos reflexos na vida desperta. “A pandemia nos mostrou que o número de horas dormidas pode variar, mas o mais importante é como a pessoa se sente durante o dia. Se ela está alerta, concentrada e bem, é um sinal de que dormiu com qualidade”, explica.

A ciência é unânime: cuidar do sono não é apenas uma questão de bem-estar — é um investimento direto na saúde cerebral e na prevenção de doenças como o Alzheimer. A hora de priorizar o sono é agora.

Comentários

Comentários