
Morreu na última segunda-feira (21), aos 88 anos, Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco. Primeiro pontífice latino-americano e também o primeiro jesuíta a ocupar o trono de São Pedro, Francisco conduziu a Igreja Católica por mais de uma década com uma postura marcada pela humildade e pelo desapego aos bens materiais.
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Ao contrário do que se poderia imaginar de quem lidera uma instituição milenar com ativos bilionários, o papa não deixa uma fortuna pessoal. Isso se deve, em grande parte, à sua escolha de vida. Membro da Companhia de Jesus, ordem religiosa conhecida por seus votos de pobreza, Francisco renunciou desde jovem à propriedade privada. Essa decisão moldou sua trajetória e guiou seu papado, iniciado em 2013.
Desde o começo do pontificado, Bergoglio rejeitou privilégios e ostentações. Recusou os apartamentos papais, optando por viver na Casa Santa Marta, uma residência mais simples no interior do Vaticano, onde mantinha uma rotina austera, almoçava com funcionários e se distanciava do luxo habitual do cargo. Seu discurso constante em defesa dos pobres e suas críticas ao consumismo e ao capitalismo ganharam destaque ao longo dos anos.
Ainda assim, a dúvida permanece: um papa pode deixar herança?
Tecnicamente, sim. Embora ocupe um cargo religioso, o papa continua sendo um cidadão com direitos civis. Pode ter conta bancária, bens anteriores à eleição, direitos autorais de livros e, em alguns casos, propriedades herdadas. Contudo, por tradição, tudo o que é produzido ou recebido durante o pontificado — como lucros de publicações, entrevistas ou doações — é revertido à Igreja.
No caso de Francisco, é possível que tenha mantido alguns direitos autorais sobre obras publicadas antes de 2013, mas a chance de ter acumulado renda significativa após assumir o papado é considerada remota.
A prática de deixar testamento também é comum entre papas, embora raramente esses documentos venham a público. Francisco pode ter indicado como beneficiários sua única irmã viva, Maria Elena Bergoglio, os sobrinhos, instituições ligadas à Igreja ou mesmo a própria Companhia de Jesus.
Quando o assunto é patrimônio papal, o Vaticano adota uma postura discreta. Enquanto o mundo se volta para os ritos fúnebres e a escolha do novo pontífice, eventuais questões de herança são tratadas longe dos holofotes, respeitando a tradição da reserva institucional.