
Prestes a completar seis meses no principal cargo do XV de Piracicaba – foi eleito presidente do clube em 29 de outubro de 2024, ao vencer o opositor Wilson Trindade – o engenheiro de produção Matheus Bonassi Semmler, de 44 anos, está dedicando praticamente todo seu tempo ao Nhô Quim. Com muitas questões para “arrumar a casa”, sua maior preocupação é sanear o clube e prepará-lo para o futuro, de uma forma sadia e autossuficiente.
Já nos primeiros dias de gestão, quando começou “a abrir as gavetas do clube”, o jovem presidente viu que a situação estava ainda mais desafiadora do que imaginava. Assim, ele começou a fazer o levantamento do montante devido, situação que segue em curso ainda, “mas já adianto que é maior que pensávamos e que pode passar da casa dos 20 milhões”, diz, preocupado em fazer esse débito diminuir e não crescer.
Para o Bonassi, a conta é “simples” diante de um esporte inflacionado: “O futebol hoje está muito caro, e temos que aumentar nossas receitas para que as contas possam fechar. E, para isso, tem dois caminhos: diminuir despesas e aumentar receitas.”
Apesar das dores de cabeça do dia a dia, Bonassi espera que esse jogo vire a favor do time zebrado. Torce para que a SAF (Sociedade Anônima do Futebol) saia do papel o quanto antes para buscar parceiros interessados em investir no XV de Novembro. Aliado a isso, espera que o Alvinegro conquiste dentro de campo as glórias de outros tempos e chegue, ao menos, na Série A1 do Paulistão. Se conseguir tudo isso ao final de sua gestão, seria um grande feito.
Com o possível dinheiro vindo da SAF, o presidente também sonha estruturar o clube com o que o futebol atual necessita, como campo de jogo adequado, centro de treinamento próprio, academia, fisioterapia, departamento médico em geral e uma categoria de formação funcionando com 100% de sua capacidade para descobrir futuros craques para o futebol.
O trabalho é intenso, mas ele e sua diretoria seguem otimistas, certos de que colocarão o clube no rumo certo. “Estamos trabalhando de forma responsável, séria, pés no chão e vamos, sim, ter melhores condições de estrutura para que o futebol profissional e de formação possa ter uma realidade mais moderna e profissional de trabalho no dia a dia”, discursou. Veja abaixo, os principais trechos da entrevista:
Como você avalia sua gestão após quase seis meses como presidente? Estes primeiros meses de gestão foram bons para termos um diagnóstico geral do clube, e tínhamos pouco tempo para as ações, com a montagem do elenco, recuperação do gramado, entre outras estruturas. Isso, lembrando, que foi uma das mais difíceis A2 dos últimos anos.
As dificuldades enfrentadas estão dentro das expectativas ou estão piores em relação ao que imaginava? Imaginávamos sim que teríamos grandes dificuldades e nenhuma grande surpresa se apresentou até aqui.
O que mais te preocupa no momento, diante do que você já viu em quase seis meses de gestão? Nossa maior preocupação é a parte de estrutura. Temos que modernizar muita coisa, como campo de jogo, centro de treinamento, academia, fisioterapia, departamento médico em geral e as categorias de formação, que temos uma atenção muito grande, pois sempre comento que o campo só reflete o que temos no chamado “fora de campo”: se fora vai bem, a tendência é ir bem em campo também.
Como estão as finanças do XV? Estão muito preocupantes? Qual a dívida do clube hoje? O futebol hoje está muito caro, e temos que aumentar nossas receitas para que as contas possam fechar e para isso tem dois caminhos: diminuir despesas e aumentar receitas. Quanto às dívidas, estamos no final de uma diligência para levantamento de todas as dívidas do XV, algo que nunca foi feito nesta profundidade e teremos a real situação do XV em dívidas. Mas já adianto que é maior que pensávamos: pode passar da casa dos 20 milhões.
Você falou recentemente que o XV é como “um paciente em fase terminal”, que precisa de um “remédio amargo” para voltar a ter uma boa saúde financeira. Poderia dizer as ações que estão sendo feitas para isso? Temos que tomar algumas iniciativas que são: um passo atrás para darmos alguns à frente. E sobre a restruturação das equipes de formação, por exemplo, foi necessário a não disputa do Campeonato Paulista categorias sub-15 e 17, como já foi feito por nós em 2014, na gestão do Celso Christofoletti, para podermos ter uma melhor condição de trabalho, tanto para os atletas como a comissão. Buscaremos novamente o certificado de clube formador, projetos de lei de incentivo para, aí sim, disputar de forma estruturada os campeonatos.
O XV está a caminho de virar oficialmente uma SAF. É o futuro do futebol? Quanto você acha que o XV vale e o que o clube tem a oferecer aos futuros parceiros? O XV tem a SAF há mais de dois anos e meio e no início da nossa gestão houve o interesse por parte de uma empresa que busca investidores para que o XV possa ter investidores na sua SAF. Por isso, estão sendo feitas as diligências, para que possamos ter a realidade de quanto de investimentos devem ser feitos no XV. Assim, não é possível falar em valores de investimentos enquanto todos os levantamentos do passivo e ativo do XV estiverem bem claros.
Você já disse em outras entrevistas que boa parte de sua família é quinzista de carteirinha. Há cobrança em casa também? Sim. Na família, como grandes quinzistas, comentamos muito sobre o XV, e não é uma cobrança em si, mas uma troca de ideias pelo melhor do XV.
Como você avalia a participação do XV de Novembro na Série A2? Fizemos um bom papel. Sabíamos que era uma Série A2 muito difícil e equilibrada e, mesmo com todas as dificuldades, conseguimos classificar o time (na primeira fase), e fomos desclassificados (nas quartas) numa decisão por pênaltis. Isso mostra que podíamos e o torcedor principalmente merecia muito o acesso do XV.
Qual sua expectativa para a Copa Paulista? Acredita no tri, depois de 2016 e 2022? A Copa Paulista é um campeonato difícil, é equilibrado também e ano a ano vem se tornando mais disputado. Estamos trabalhando forte para temos uma equipe que possa ser protagonista no campeonato.
Hoje, você é uma pessoa bem conhecida na cidade pelo cargo que ocupa. Como é o seu dia a dia? Muita gente “cornetando” quando te encontra no mercado, no restaurante ou em outro lugar público? Sim, muito interessante essa questão, pois, como sempre colocamos, nossa diretoria busca uma maior aproximação com toda cidade, com o torcedor. E quando pessoas me abordam para falar do XV é muito legal, pois o XV precisa disso: que a cidade viva a equipe dia a dia.
Mudou muito a sua rotina após assumir a presidência do XV? Teve de abrir mão de muita coisa, na vida familiar e profissional? Sim. Quando você ocupa uma posição tão importante quanto essa, em vários momentos você tem que saber dividir as prioridades também, não deixando de lado a família principalmente.
Qual a mensagem que você daria ao apaixonado torcedor quinzista? Quero aproveitar e deixar um recado a todo torcedor quinzista e piracicabanos, que estamos trabalhando de forma responsável, séria, pés no chão e vamos sim ter melhores condições de estrutura para que o futebol profissional e de formação possa ter uma realidade mais moderna e profissional de trabalho no dia a dia. E isso dará a oportunidade de disputarmos de igual seja qual for o campeonato que o XV dispute.