
Estudo encomendado pelo Ministério de Minas e Energia aponta viabilidade técnica para a alteração, sem prejuízo para veículos.
O governo federal pretende aumentar ainda este ano o percentual de etanol na gasolina, que atualmente é de 27%, para 30%. A meta do Ministério de Minas e Energia é elevar a mistura como forma de incentivar o setor sucroalcooleiro e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
Na segunda-feira (17), um estudo realizado pelo Instituto de Mauá de Tecnologia foi apresentado, confirmando a viabilidade técnica da mudança. Segundo os pesquisadores, a nova proporção não comprometeria o funcionamento dos motores dos veículos, garantindo que o uso da gasolina misturada com 30% de etanol seria seguro.
Especialistas apontam vantagens e desafios
Apesar do aval técnico, a medida divide opiniões entre especialistas. O mecânico Mauricio Somera Junior alerta para os efeitos a longo prazo da maior presença de etanol na gasolina. “No dia a dia, a medida não afetará os veículos, mas em longo prazo pode ser prejudicial devido ao número elevado de água no etanol, que age como um corrosivo para os componentes do carro”, afirma.
Do ponto de vista econômico, o economista Luiz Carlos Gaio acredita que a alteração beneficiará mais o setor sucroalcooleiro do que o consumidor final. “Estamos falando de uma elevação de apenas 3%, um valor pequeno que marginalmente pouco contribui para o preço do combustível na bomba. A adição de uma porcentagem ligeiramente maior de etanol tem pouco, ou talvez nenhum, impacto nas variações de preços, visto que o etanol tem um valor competitivo em termos de custo-benefício em relação à gasolina apenas em alguns estados do Brasil”, explica.
O que esperar da mudança?
Com a confirmação da viabilidade técnica, o governo deve oficializar a medida ainda este ano. A expectativa é que o novo percentual de mistura seja implementado gradualmente, permitindo adaptação tanto da indústria automotiva quanto do mercado de combustíveis.
Enquanto a medida pode fortalecer o setor sucroalcooleiro e contribuir para a política de biocombustíveis do país, motoristas devem ficar atentos às eventuais implicações mecânicas no longo prazo. O debate sobre os impactos reais da mudança segue aberto, aguardando mais estudos e avaliações técnicas.
Comentários
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Rafael 19/03/2025O mecânico da reportagem está desinformado, o etanol misturado no gasolina é anidro, ou seja, não tem água, diferente de etanol hidratado