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No terceiro mandato, vereador foca na eleição para o Executivo em 2024

Por André Thieful | andre.estevao@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 8 min
Will Baldine/JP

O advogado Paulo Roberto de Campos (Podemos), de 43 anos, vereador em terceiro mandato na Câmara Municipal de Piracicaba, quer mudar o foco e mira o Executivo nas eleições municipais deste ano. Ele já manifestou seu interesse em concorrer ao cargo de prefeito e se apresenta como pré-candidato. Ele permanecerá nessa condição até, no mínimo 20 de julho, quando começa o período de realização das convenções partidárias que vão deliberar sobre coligações e escolher as candidatas e candidatos às prefeituras e aos cargos de vereador. O registro da candidatura na Justiça Eleitoral deverá ser feito até 15 de agosto. Paulo Campos é nascido em Piracicaba, estudou Direito na Unimep (Universidade Metodista), egresso de escola pública. No segundo semestre do ano passado, assumiu o cargo de presidente do diretório regional do seu partido, que o apoia no projeto de disputar o Executivo. Nascido, em 27 de março de 1980, é casado e pai de um filho. Religioso, frequenta a igreja Assembleia de Deus Ministério Belém.

Paulo, você começou a trabalhar com quantos anos? Eu comecei a trabalhar bem cedo, com nove anos, no extinto aterro sanitário do bairro Pau Queimado.

E estudava onde? Estudei sempre em escola pública. Fiquei oito anos na Escola Estadual Francisco Mariano da Costa, no Novo Horizonte, bairro em que moro até hoje. O segundo grau (ensino médio) eu iniciei na Escola Estadual Sud Mennucci, contudo fiz do primeiro para o segundo ano aí não foi possível continuar porque fui trabalhar à noite, entrava às 22h e saia às 6h. Nesse trabalho, eu fazia refeição para a penitenciária.

Quando você decidiu ser advogado? Isso foi em 2000, eu trabalhava na Caterpillar e fui motivado por amigo, o Sandro de Angelis. Ele estava no quarto ou quinto ano da faculdade e disse, Paulo, você terminou o Ensino Médio e agora precisa pensar em alguma coisa. Eu disse, eu penso em fazer Direito. Então ele pagou para mim a inscrição e a primeira mensalidade e aí fui fazer o curso.

Você advoga? Eu trabalhei como advogado por oito anos.

Quando começou na política? Na política comecei em 2007. Nós iniciamos um trabalho de cunho social na região do Novo Horizonte e adjacências – é uma região muito extensa, que cresceu bastante, tem ali o Kobayat, Parque dos Sabiás, Santa Fé 1, 2, 3. E aí a gente percebia, porque vivíamos ali, sabíamos das dificuldades que as pessoas enfrentavam, e a Caterpillar, que sempre desenvolveu trabalhos de cunho social. Eles tinham lá a Campanha do Quilo, que arrecadava muitos alimentos para serem entregues em algumas regiões da cidade, sobretudo regiões periféricas e a Maria Antonia, que era a responsável pela área de Comunicação Social, me falou sobre uma publicação do trabalho social que fazíamos no Novo Horizonte e adjacências e ela disse que gostaria de ajudar aquela região com doação de alimentos da Campanha do Quilo e também nos fins de ano com a sacola de brinquedo. Aí, em 2006, conseguimos uma doação significativa, quatro ou cinco toneladas de alimentos. Com um grupo de mulheres, uma Associação que existia, nós conseguimos entregar essas cestas no bairro, no Kobaiat e toda aquela região para pessoas que, de fato, precisavam. Foi aí que as pessoas começaram a falar para eu entrar na política, para me filiar em algum partido que eles apoiariam.

Quando se filiou em partido político? Em 2007, me filiei no PTB, do ex-presidente da Câmara Municipal, João Manoel, mas em 2008, quando ia começar a campanha, o Gustavo Herrmann me chamou e me lembrou que seria mais fácil ser eleito no PSB. Eu tive uma conversa com o seu João, que respeitou minha decisão, então mudei de partido. Aconteceu que o Gustavo iria sair candidato a prefeito mas abortou o projeto e nós, do partido ficamos sem candidato, tanto é que nós não tínhamos nem material de campanha. Eu recebi naquela eleição municipal quase dois mil votos, mas o partido não conseguiu atingir quociente eleitoral e aí não fui eleito naquela eleição. Teve vereador com menos votos do que eu que foi eleito. No PTB, se eu tivesse permanecido, teria sido eleito. Mas o trabalho continuou, sobretudo na região do Novo Horizonte, e se expandiu um pouco mais também para Santa Teresinha, Boa Esperança e, em 2012, voltei para o PTB, e coloquei meu nome à disposição, disputei a eleição novamente e deu certo. Fui eleito com 4.770 votos. Fui o terceiro mais bem votado da cidade, e não tinha mandato na época. Em 2016, fui reeleito com 4.870 votos.

Em 2018, você concorreu ao cargo de deputado estadual? Sim, fizemos uma dobrada com Guilherme Campos, de Campinas, no PSB do Gilberto Kassab, e recebi 15.441 votos. Fui bem votado, mas não eleito. Nós concentramos a campanha aqui na cidade. Em 2020, fui eleito vereador novamente, com 3.627 votos.

Como avalia a eficácia de ações governamentais de combate à pobreza. Eu vejo da seguinte forma, a população, hoje, com o avanço das redes sociais, as pessoas estão se organizando mais, para poder cobrar ações do poder público. Hoje, por exemplo, nós recebemos aqui (escritório político) uma liderança comunitária que veio meio me trazer um ofício. Eles têm uma associação comunitária que está regulamentada e por conta disso nós temos como cobrar vocês. Então, as informações chegam hoje de uma forma mais rápida por conta dessa organizão e não é só lá. Então, essas pessoas acabam, de certa forma, refletindo na vida das outras que vivem em situação de vulnerabilidade social e acaba sendo mais rápido porque, a  medida que existe um líder alí, e a pessoa está precisando de alguma coisa, uma vaga em creche, uma vaga em hospital, ela tem aquele líder, que tem os contatos políticos e, de certa forma, acaba atendendo. Então, acho que essa informação é um pouco mais rápida. Isso, no passado, não existia. A nossa diferença é que nós conseguimos atender, tanto pela rede social, como presencialmente. Nós temos uma programação para visitar semanalmente os bairros da cidade para entender quais são as dificuldades que as pessoas estão enfrentando em seu dia a dia.

Quando surgiu essa pretensão de ser candidato a prefeito? Na última eleição, disputei o cargo de deputado federal, recebi quase 25 mil votos. Nesse universo, 22 mil votos foram de Piracicaba e isso corresponde a 11%, 12% dos votos válidos. E aí, já tinha conversado com a minha equipe que iríamos terminar por ali. Três mandados (de vereador) está de bom tamanho. Eu sou a favor da oxigenação do Poder, dar oportunidade para pessoas mais novas, sobretudo no legislativo. Acho que tem que ter um limite para isso. Nós temos que dar oportunidade para os jovens que querem ocupar uma cadeira no Legislativo, que tenham boas ideias e, quando definimos que eu não sairia candidato a vereador, nós procuramos o partido e a Renata Abreu, que é presidente nacional do Podemos, disse que a votação que tive (para deputado federal) legitima a minha pré-candidatura, principalmente por conta da minha votação na cidade. Aí começamos a desenhar o nosso plano de governo. Poucos fazem isso, mas usamos a estrutura que temos aqui (sede do partido em Piracicaba), para desenharmos um plano de governo moderno, responsável e exequível, então tenha certeza, se Deus quiser, até março nós queremos entregar nosso plano de governo com todos os nossos pré-candidatos a vereadores e vamos protocolar no Cartório Eleitoral. Acho que ninguém faz isso. Porque, a medida que você faz um plano de governo e  assume um compromisso com a população, se você não fizer aquilo que foi proposto, você incorre em crime de estelionato eleitoral. Essa preocupação nós temos. Etemos consciência que é possível fazer muita coisa com o Orçamento que nós temos. A gente tem os pés no chão com relação a isso.

Se for eleito, qual será sua primeira ação? Faço uma crítica à gestão da saúde, principalmente em relação as duas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) Freis Sigrist, na Vila Cristina, e Nestor Longatto, na Vila Sônia. Se eu for eleito prefeito, a primeira coisa que vou fazer é romper com os contratos de terceirização das duas unidades, que são administradas pela OSS (Organização Social de Saúde) Mahatma Gandhi. Acho que já tem indícios muitos fortes e elementos suficientes para o rompimento desse contrato para que volte o funcionalismo público. Quando enfrentamos a pandemia, sem precedentes, os funcionários trabalharam dia e noite, colocando a sua vida em risco para salvar a vida das outras pessoas, então o que nós temos que fazer é valorizá-los e o que foi feito. É uma crítica ao prefeito Luciano. Na terceirização, ele errou feio.

Quais outros gargalos que você identifica na cidade que precisam de uma ação do Executivo? Infraestrutura. Hoje, se você andar na rua são duas reclamações: é reclamação da saúde e reclamação, também de ruas cheias de buraco. Não tem zeladoria, é importante que se tenha um planejamento, mas tudo isso será debatido no momento oportuno, nós temos que nos preparar, temos essa consciência e, quando começou esse desejo de ser pré-candidato a prefeito, aí você começa a procurar as pessoas que são envolvidas com política, para ouvi -las para se ter um termômetro para podermos colocar no papel aquilo que a gente está ouvindo com o objetivo de avançarmos em projeto para a cidade.

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