SAÚDE

Criança de 8 anos morre após AVC: caso é raro, mas alerta é válido

Por Nani Camargo | nani.camargo@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 3 min
Will Baldine/JP
Neurocirurgião Dinark Viana falou com o Jornal de Piracicaba sobre AVC infantil
Neurocirurgião Dinark Viana falou com o Jornal de Piracicaba sobre AVC infantil

Após uma menina de 8 anos morrer devido a um AVC (Acidente Vascular Cerebral) em uma cidade do Paraná na última semana, pais ficaram em alerta.

O JP consultou o neurocirurgião intervencionista Dinark Viana, doutor em Neurociências pela USP. “O AVC em crianças é raro, pois geralmente as causas e fatores de riscos que levam à essa patologia estão relacionados ao estilo de vida dos adultos: hipertensão, diabetes, tabagismo, sedentarismo, colesterol elevado e doenças cardiovasculares, sobretudo as que produzem arritmias. Em crianças, as causas geralmente estão relacionadas a alterações congênitas ou genéticas, como: malformações arteriovenosas, doenças imunológicas e hematológicas e, em alguns casos, infecções, como a meningite ou encefalite”, explica. Leia mais na entrevista abaixo:

Quais os sintomas do AVC? “Os sintomas são muito variáveis, a depender do tipo de AVC e da região atingida. Embora de uma maneira geral podem se manifestar basicamente através de: dor de cabeça muito forte, de instalação súbita, sobretudo se acompanhada de vômitos e endurecimento da nuca e pescoço; fraqueza ou dormência na face, nos braços ou nas pernas, geralmente afetando um dos lados do corpo; paralisia (dificuldade ou incapacidade de movimentação); perda súbita da fala ou dificuldade para se comunicar e compreender o que se diz; perda da visão ou dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos e, em casos graves, sonolência profunda de forma abrupta ou coma imediato”.

Como evitar AVCs? “Além da detecção precoce através de exames de imagem de alterações vasculares no cérebro, como aneurismas e entupimento de artérias, a prevenção ainda é a maior arma. Uma avaliação neurológica preventiva e adotar um estilo de vida saudável, agindo nos fatores de risco supracitados, são essenciais para evitar um AVC, seja isquêmico ou hemorrágico”.

Quais as consequências possíveis de um AVC? “O AVC é a segunda maior causa de mortalidade no mundo e a primeira causa de incapacidade em adultos. Essa incapacidade retira do mercado de trabalho milhares de pessoas, ocasionando um impacto social bastante significativo. Lembre-se que uma em cada seis pessoas no mundo terá um AVC durante toda sua vida. Em crianças, apesar da neuroplasticidade favorecer a rápida recuperação, as sequelas, quando permanentes, são igualmente limitantes.

‘Prevenção é com bons hábitos desde a infância’

A morte da menina Maria Julia Adriano, de 8 anos, na última segunda-feira (8), chocou o Brasil pelo fato de ter sido em decorrência de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), muito incomum em crianças. O caso ocorreu na cidade de Ribeirão do Pinhal (PR), a 370 km de Curitiba.

 “Os AVCs em crianças são muito raros e os fatores de riscos são diferentes dos apresentados por adultos e, normalmente, ligados a alguma doença de base. As malformações vasculares e algumas doenças cardíacas, hematológicas ou reumatológicas podem levar a formação de coágulos e AVC isquêmico ou sangramentos e AVC hemorrágico. Felizmente é uma situação rara, com incidência estimada de 5 a 10 casos para cada 100 mil crianças/ ano e mais comum no recém-nascido”, explica o neurocirurgião Ary Marconi Júnior e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.

Ele diz que a melhor forma de evitar o mal é ter uma vida saudável. “A prevenção é feita com bons hábitos de vida e buscando evitar a obesidade e o sedentarismo desde a infância”, declara.

O especialista explica que os sintomas são parecidos aos observados em adultos como alteração da fala, dos movimentos de um lado do corpo, desequilíbrio e dores de cabeça.

“Com relação ao tratamento temos a trombectomia, que é um procedimento cirúrgico, com cateter, para desobstruir e restaurar o fluxo sanguíneo. Para o AVC hemorrágico, muitas vezes um procedimento microcirúrgico cerebral torna- -se necessário”.

CASO DO PARANÁ

De acordo com a família, Maria Julia se queixou de dores de cabeça e desmaiou. Ela foi levada ao hospital, onde foi constatado sangramento no cérebro. Tudo aconteceu no sábado (6) e a morte foi confirmada na segunda-feira (8). A menina estava deitada em uma rede quando reclamou para os pais de forte dor na cabeça.

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