Não é fácil lidar com a morte. Seja perdendo alguém querido ou tendo ciência que sua finitude está próxima. Neste último caso, pessoas que possuem doenças incuráveis relatam situações surpreendentes no leito de morte. Uma enfermeira australiana ficou famosa após lançar o livro “Antes de partir: os5principais arrependimentos que as pessoas têm antes de morrer”. Sua vivência em trabalhar diretamente na área de cuidados paliativos a impactou tanto que ela decidiu colocar no papel os relatos desses pacientes terminais (leia abaixo).
Com base nisso, o JP decidiu conversar com Devandro Antônio Reis Santos, que tem 10 anos de experiência em cuidados paliativos e há oito anos atua na Unidade A da Santa Casa de Piracicaba. “Ao trabalhar com a finitude dos pacientes, sempre encontrei coisas simples junto deles. Seus últimos desejos não eram absurdos ou caros. Não eram materiais, mas sentimentais”, diz. Santos conta que uma de suas pacientes pediu que mantivesse em sua cabeça - até o dia da morte - um véu usado em sua religião. “Foi emocionante. Outro caso que me marcou foi de uma jovem com câncer metastático que tinha desejo de comer um prato de feijoada e doce de abóbora. Claro que atendemos esse pedido, mesmo estando fora do cardápio do hospital. Um dia após saborear o prato, ela pediu para ver suas duas filhas e em seguida, faleceu”.
Um dos pedidos mais recorrentes de quem está prestes a morrer é ver seu bichinho de estimação. Antes, era uma tarefa complicada fazer os hospitais aceitarem a entrada de um pet. Hoje, isso mudou. “Tornamos esse desejo possível. Levamos o paciente em ambiente externo e ele brinca com seu animal. E quando não dá para o paciente sair do quarto, levamos o pet até ele. Tivemos um caso em que o animal chegou a ir à UTI para ver o tutor”, conta Santos.
“Gosto de uma música que se chama Pedágio, do Moacir Franco, que diz ‘nós só vivemos 9 meses e todos os outros nós morremos’. Acredito que passamos boa parte da vida buscando bens materiais, ter uma boa casa – e isso é importante -, mas quando estamos diante da finitude, vemos que o essencial são sentimentos”.
Livro traz cinco arrependimentos antes de morrer
Quando se tem uma doença incurável e se encontra em fase de cuidados médicos paliativos, o que passa na cabeça destes pacientes? Quais suas últimas vontades? Do que se arrependem? Uma enfermeira australiana lançou livro que é sucesso de vendas chamado “Antes de partir: os5principais arrependimentos que as pessoas têm antes de morrer” (Editora Geração). Bronnie Ware, de 56 anos, teve tanta sensibilidade ao trazer suas impressões sobre o fim da vida que seu livro virou best-seller e já foi traduzido para mais de 32 idiomas. Ela trata com lucidez e delicadeza temas dolorosos. E reais.
Os 5 arrependimentos mais citados em sua pesquisa feita ao longo de anos são: 1)‘Gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim’; 2)‘Gostaria de não ter trabalhado tanto’; 3)‘Gostaria de ter tido coragem de expressar meus sentimentos’; 4)‘Gostaria de ter mantido contato com meus amigos’; e 5) ‘Gostaria de ter me permitido ser mais feliz’. Todas essas citações levam à profunda reflexão.
“Eis que, ao falar da morte, Bronnie Ware nos enche de vida nestas preciosas páginas. Sem a intenção de escrever um livro de autoajuda, ela acaba nos revelando lições imorredouras. E nos ensina que ser quem somos exige muita coragem; que o valor verdadeiro não está no que possuímos; que o que importa é como vivermos as nossas vidas; que podemos fazer alguma diferença positiva; que a vida não nos deve nada, nós é que devemos a nós mesmos; que a culpa é tóxica e que a solidão não é a falta de pessoas”, diz a sinopse do livro.
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