ARTIGO

Água mole em pedra dura....

Por Gilmar Rotta | 04/11/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Quando se aproxima o final do ano e todas as Casas legislativa começam a discutir orçamento do ano seguinte, para as esferas dos municípios, estados e federal, agentes políticos, com nós, os vereadores, arregaçamos as mangas e vamos bater à porta dos deputados e senadores, a fim de ter garantidos recursos para complementar o caixa da nossa cidade.

Não é novidade e já tratamos deste tema aqui, mas é preciso reforçar nossa angústia, como vereadores, quando nossas portas a bater em Brasília são limitadas a uma relação ou outra partidária ou até mesmo fora desta relação, a fim que consigamos trazer recursos para Piracicaba que são muito mais difíceis pelo fato de que, dos nossos mais de 240 mil eleitores, não fomos capazes de eleger um representante sequer na Câmara dos Deputados.

As emendas parlamentares, tanto dos deputados estaduais quanto federais, são importantes apoios ao orçamento da cidade, principalmente na área da saúde, visto que metade dos recursos de cada deputado nas duas esferas deve vir à saúde. Sejam destinados aos hospitais filantrópicos de atendimento público, via Sistema Único de Saúde, a entidades do terceiro setor ou diretamente para contribuir com o custeio das unidades de saúde municipal, é certo que estes recursos ajudam e muito nossa cidade.

No entanto, quando não temos um, dois ou três deputados federais para falar por nós, nossa capacidade de captar estes recursos cai drasticamente, assim como as chances de minimizarmos os impactos da falta de dinheiro, visto que o cobertor sempre é muito curto para todas as necessidades.

Para se ter uma ideia, cada deputado estadual terá R$ 5 milhões em emendas. São 94 deputados. Quase meio bilhão de reais destinados ao setor da saúde, 645 municípios em busca destes apoios. E Piracicaba com pouca a quase nenhuma voz.

Não é á toa que o título deste artigo é este ditado popular, água mole em pedra dura... tanto bate até que fura.... por que refletir sobre esta baixa representação política em nível nacional é necessário não apenas em época de campanhas eleitorais. Vale relembrar o quanto a campanhas e opiniões locais foram expostas em 2022 apontando justamente este problema que, exatamente neste momento, sofremos na prática.

Mas não cabe apenas aos políticos ou entidades se esforçarem para sensibilizar o eleitor de Piracicaba. Cabe ao próprio cidadão compreender que o modelo democrático é baseado em representação, tanto na hora do voto, quanto na hora do fortalecimento das lutas políticas. Se um vereador eleito por um território ou por uma causa, não consegue atuar por sua região ou bandeira, certamente o eleitor vai cobrá-lo por isso. Mas quando não há a quem cobrar a falta de atuação, de trabalho, de resultado, cabe o amargo gosto de ir par ao final da fila e esperar a sorte de ser atendidos.

Fica a reflexão a todos nós, piracicabanos, que ainda insistimos em dividir nossos votos com candidatos de rede social, que daqui levam centenas de milhares, exatamente isso, centenas de milhares de votos e, neste momento em que poderiam contribuir, silenciam porque, afinal, não é aqui a força da sua base eleitoral.

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