ARTIGO

Um Amor Proibido: A História das Pamonhas de Piracicaba

Por José Osmir Bertazzoni | 19/10/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Uma história de amor que nasceu da produção de pamonhas e gerou uma vida de grande significado para nossa cidade. Uma mulher notável lutadora incansável para preservar a memória de seus pais e de todos aqueles que viveram a era de amor e trabalho que marcou nossa região.

Na década de 1960, as pamonhas de Piracicaba ganharam fama em todo o Brasil com o icônico jingle: "Pamonhas, pamonhas de Piracicaba é o puro creme do milho, venha provar, minha senhora...". Essas pamonhas de Piracicaba se tornaram um elemento essencial da cultura popular brasileira.

O responsável por esse grande sucesso foi Dirceu Bigelli, um vendedor de pamonhas que montou uma frota de veículos para vender essas delícias em todo o estado de São Paulo. Sua gravação foi copiada em fitas cassetes e rapidamente se espalhou por todo o Brasil.

Os pioneiros da fábrica de pamonhas foram Dona Whasty Rodrigues e Aparecido Octaviano, conhecido como Cidão Pamonheiro. Isso ocorreu entre 1959 e meados dos anos 1982, com a produção das pamonhas na Rua do Porto, precisamente no número 1825.

Ao conversarmos com Samira Jacqueline Vicente (41), ela nos informou que, embora não tenha tido a oportunidade de conhecer pessoalmente Dona Whasty, conheceu pessoas próximas a ela que a descreveram como generosa e guerreira, sempre disposta a ajudar e dar oportunidades para quem buscava emprego. Sobre seu pai, Samira disse: "Ele era um homem bondoso, um exemplo de trabalhador, a ponto de registrar como filho seu o da Dona Whasty".

Durante o primeiro ano da fabricação de pamonhas, Whasty e Cidão não gastaram um centavo em itens pessoais. Eles conquistaram o sucesso com muitos esforços e dedicação. Hoje, Samira Jacqueline Vicente e seu irmão Sidemar Fernando Octaviano são os legítimos herdeiros dessa história que enriquece a cultura de Piracicaba, demonstrando que é com trabalho e amor que grandes conquistas são alcançadas.

Samira revelou seu desejo de honrar o legado de seu pai, Cidão Pamonheiro, e lamenta quando o nome do pai é ignorado por aqueles que contam essa história e esquecem partes da verdade. Assim, decidimos recontar essa história para que esses detalhes importantes não se percam no tempo e sejam lembrados como parte essencial da construção e consolidação da verdade.

O que me chamou muito a atenção nesta história é o fato de que Samira conviveu com seu pai até os 15 anos de idade e tem orgulho quando lembra que após o falecimento de Dona Whasty, seu pai criou os outros nove (9) filhos de sua mãe: "Nos anos 80, o marido de minha mãe, Rosa Maria Cardoso Vicente, e a esposa de meu pai, Dona Whasty, adoeceram e ambos faleceram em março de 1982. Assim, minha mãe e meu pai viveram um amor proibido, do qual nasceu o fruto das pamonhas, e eu vim ao mundo em 1982". Samira também conviveu com a triste perda de sua irmã, Silmara Francine Octaviano, devido a uma picada de escorpião em 1991, e, posteriormente, acometida de tristeza, seu pai Cidão veio a falecer vítima de AVC.

Antes de morrer, Aparecido Octaviano e sua companheira Rosa Maria Cardoso Vicente ainda tentaram trabalhar na fábrica de pamonhas por mais um ano, porém, em 1983, ocorreu uma das piores enchentes já vistas em Piracicaba, na Rua do Porto. Nessa época, Samira tinha apenas um ano de idade, e seus pais perderam tudo o que tinham na fábrica, levando ao encerramento das atividades da fábrica.

Para concluir, expressamos nossa gratidão a Samira, que hoje vive com sua mãe; é uma empresária de sucesso e opera sua gigante historiografia da velha fábrica de pamonhas em conjunto com seu restaurante "Versátil Bar" na Rua do Porto, número 1825, mantendo viva a tradição que é parte inseparável da história de Piracicaba.

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1 COMENTÁRIOS

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  • Tony José
    20/10/2023
    Nasci em Piracicaba e vivi na região das Glebas California e Bairro Marins,conheci pessoalmente o Cidão e Dona Vasty,meu pai vendeu muito milho verde pra eles trasnformarem em Pamonhas.Vi a luta deles de perto,parabens pelo registro real,verdadeiro e histórico,me parece que eles tambem fabricavam pamonhas nas Glebas California. Bertazzoni eu conheci a familia,até me chocou muito,quando criança,o que aconteceu como Eugênio Bertazzoni.que se suicidou bebendo veneno. Estou em São Paulo desde 1976,vivi de Rádio,mas não esqueço a nossa Piracicaba,o Fazendão Iluminado,de gostosas pamonhas Saudades de Piracity,da Rodoviaria John Keneddy,onde comeceio no alto falante anunciando partidas de onibus,Da Voz Agricola,que virou Alvorada e Onda Livre,da Difusora,da Brasserie e de muitos amigos.....] Parabens a\\migo,foi uma bela volta ao passado,com sabor de pamonha.... Um abraço