ARTIGO

Um ano sem o Hospital Ilumina

Por Gilmar Rotta | 13/04/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Não há quem conheça e não admire, em Piracicaba, a história da criação, construção e atuação do Hospital Ilumina, gerido até pouco tempo pela associação de mesmo nome e idealizado pela vontade da união de sociedade, poderes públicos e profissionais médicos.

Viabilizado por recursos oriundos de uma milionária multa ambiental e revertida para a construção de um hospital que diagnosticasse justamente os efeitos possíveis à saúde das pessoas atingidas por crime ambiental degradante.

Foram muitos esforços para mantê-lo em funcionamento até que, no ano passado, seu fechamento à população espantou a todos. Fatos que foram atribuídos ao não entendimento entre a entidade mantenedora e a Prefeitura de Piracicaba, divergentes quanto a destinação de recursos oriundos de emendas parlamentares e a falta de suposta prestação de contas da entidade.

Arrastam-se na Justiça apurações quanto a real situação da gestão dos recursos destinados ao hospital, sendo apuradas possíveis irregularidades a fim de que, de alguma forma, se possa resgatar os serviços prestados através de convênio com a prefeitura e também mantidos por doações da sociedade, através de eventos e outras iniciativas.

A Câmara Municipal atuou no sentido de buscar as informações relacionadas ao impasse, através de uma comissão de vereadores e, até o ano passado, através da presidência, tendo eu atuado no sentido de contribuir com o diálogo que resolvesse o impasse.

Fomos buscar informações, documentos, diálogo, uns possíveis, outros, não houve a boa vontade.

Resolver hoje a situação – e eu não diria do Ilumina mas do serviço referencial e fundamental prestado pelo hospital – deve ser uma prioridade para a sociedade.

Todos sabemos que o câncer está entre as principais preocupações da saúde pública do nosso país. Atuar na sua prevenção não é apenas preservar vidas, mas preservar também recursos.

Recursos oriundos do Sistema Único de Saúde – que, também sabemos, estrangula o orçamento das unidades que integram o sistema com a defasagem dos valores dos procedimentos. Não há hospital filantrópico que não tenha um setor que não tira o pires das mãos, buscando junto aos deputados estaduais e federais, emendas para o seu custeio.

O fato é que, enquanto não se chega a uma solução, é bem provável que estejamos perdendo vidas, vidas preciosas como são todas, mas que, se tivessem a oportunidade, através do sistema público, de detectar precocemente o surgimento de um tumor, ampliaria sobremaneira as chances de tratamento e cura.

O foco da nossa atuação tem sido este, buscar, dentro da legalidade e responsabilidade públicas, contribuir para que este impasse seja rompido, que a prefeitura ou outra empresa ou entidade capaz de geri-lo seja definitivamente encontrada e suas portas sejam reabertas.

Resgatar a ideia inicial do hospital, a credibilidade junto a sociedade é fundamental, mas é mais importante ainda termos a chance, o mais rápido possível, de devolver a sociedade a possibilidade de diagnóstico que salvará vidas, reconstituirá famílias e devolverá a nossa cidade e região o orgulho que um dia tivemos, e ainda temos, de uma bela história de amor ao próximo através da medicina.

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