PREMIADO

Piracicabano ganha Oscar por sistema de simulação em animações da Pixar

Por Fernanda Rizzi | fernanda.rizzi@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 3 min
Courtesy of Ampas
‘Nunca imaginei ganhar um Oscar. Já me sentia realizado em trabalhar na Pixar’
‘Nunca imaginei ganhar um Oscar. Já me sentia realizado em trabalhar na Pixar’

A mistura da arte com a tecnologia e o amor pela computação gráfica fez o piracicabano Fernando Ferrari de Goes conquistar o Oscar, prêmio mais importante do cinema mundial, que teve sua cerimônia realizada no dia 12 de março. O engenheiro da computação recebeu o troféu da categoria Scientific and Technical Awards (Prêmios Científicos e Técnicos, em português), pelo desenvolvimento de um sistema para a simulação da dinâmica de objetos elásticos utilizado em diversas produções de estúdio.

Aos 39 anos, Fernando tem o título de pesquisador principal no Departamento de e Engenharia da Pixar Animation Studios – estúdio americano de animação por computador e subsidiária da Disney Studios Content, onde já atua há oito anos.

“O nosso sistema de simulação gera o movimento e deformação de objetos elásticos seguindo as leis da física. Isso inclui a dinâmica de todas as roupas que vestem os personagens animados, o contato e interação de diferentes objetos, por exemplo, a deformação de um travesseiro quando uma pessoa se apoia até a deformação de volumes como músculos e gordura”, explica Goes.

Esse sistema tem sido utilizado em todos os filmes da Pixar desde 2017. Segundo ele, até o momento, foram 9 longas-metragens e 6 curtas já lançados, incluindo as animações "A vida é uma festa", "Incríveis 2", "Bao", "Soul", e "Crescer é uma fera", entre outros.

Receber o prêmio foi uma surpresa para ele. “Nunca imaginei em ganhar um Oscar. Já me sentia realizado em trabalhar com computação gráfica e na Pixar. Receber o reconhecimento da comunidade de maneira mais ampla é muito gratificante. Também fiquei contente em receber mensagens após o prêmio de várias pessoas com quem convivi ao longo dos anos nas diferentes etapas da minha vida”, contou ele ao Jornal de Piracicaba.

Fernando trabalhou ao lado dos pesquisadores Theodore Kim, David Eberle e Audrey Wong, com quem dividiu o prêmio. “Foi bem divertido e multi-disciplinar porque nós quatro trouxemos diferentes perspectivas para o projeto, combinando física com geometria, engenharia e arte”, informou.

Nascido e criado em Piracicaba, Fernando estudou no Dom Bosco Assunção desde os cinco anos até o final do ensino médio, em 2001. Fez graduação em Engenharia de Computação na Unicamp (2002-2006) e, em seguida, mestrado em ciência da computação também na Unicamp (2007-2009). Se mudou para os Estados Unidos para fazer doutorado em ciência da computação no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech, 2009-2014). Logo em seguida foi contratado na Pixar.

Ele considera a maior parte de sua trajetória semelhante com uma carreira acadêmica, mas resolveu ir para a indústria após o doutorado. Ao longo desse período, publicou uma série de artigos científicos em computação gráfica que o colocaram em contato com a Pixar. Durante o doutorado, ele passou dois verões "americanos" trabalhando na Pixar e, quando se formou, foi contratado em definitivo.

“Eu desenvolvo novos algoritmos e depois participo da sua implementação nos nossos softwares proprietários que são utilizados nas produções dos nossos filmes. Além do projeto de simulação que foi premiado pela Academia, também participo de vários projetos na área de geometria. Por exemplo, um projeto mais recente foi a nova tecnologia usada para articular o Panda no filme "Crescer é uma fera" (Turning Red, em inglês)”, explica sobre suas funções.

Seu interesse pela profissão se despertou após crescer jogando vídeo game e assistindo filmes como Parque dos Dinossauros, Toy Story, Shrek, O Senhor dos Anéis. “Me encantei e sempre gostei de matemática, então juntou o útil com o agradável”, finaliza.

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