Varíola dos macacos: de que ‘peste’ estamos falando

Por Ana Pascoalete |
| Tempo de leitura: 3 min

Por Ana Carolina Carvalho Pascoalete

Essa é uma doença viral similar a varíola humana, porém mais branda e menos letal. A varíola humana foi erradicada do mundo na década de 80, após uma campanha mundial de vacinação. A doença surgiu em 1.958, após um surto com macacos mantidos em laboratório para pesquisa, porém em humanos a patologia surgiu pela primeira vez na década de 70. É adquirida inicialmente por meio do contato com um aninal doente, e a transmissão entre seres humanos, considerada até então rara, acontece pelo contato com pessoa contaminada ou por meio de material infectado, como, talheres, toalhas e roupas de cama. Os principais sintomas da varíola dos macacos incluem febre, dores musculares, dor de cabeça, exaustão, aumento dos gânglios linfáticos e lesões de pele. Um individuo para contrair a doença dos macacos necessita ter contato com o animal, como consequência de mordida, arranhão ou manuseio e ingestão de carne de caça contaminada. No entanto a transmissão de um ser humano para outro é mais dificil de ocorrer, geralmente envolve gotículas respiratória, sendo necessário o contato pessoal prolongado, ainda através de fluidos corporais ou com material proveniente de lesões. No surto atual atualmente começou-se investigar a transmissão também via contato sexual publicado pelo New England Journal of Medicine, o artigo intitulado “Monkeypox Virus Infection in Humans across 16 Countries – April – June 2022, onde apontava a suspeita de que, em 95% dos casos estudados, a transmissão da doença teria ocorrido por via sexual. A varíola dos macacos no mundo fui identicada na republica do Congo em 1970, posteriormente em outros países da África Central e Ocidental, como Camarões, Costa do Marfim, Nigéria e Serra Leoa. Recentemente novos casos da varíola dos macacos foram observados em região fora da África, porém nenhum surto havia sido registrado de maneira simultânea em vários países, e neste ano, mais de 16 mil casos foram notificados em 75 países desde maio e o diretor da Organização Mundial da Saúde declarou que a varíola do macaco constitui uma emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. Embora a doença possa infectar qualquer pessoa exposta, a maioria dos casos notificados pelas mídias de repercussão, devido o posicionamento da Organização Mundial da Saúde foram entre homens que fazem sexo com homens. E faço uma reflexão sobre o impacto que esse posicionamento produzirá no mundo, assim a varíola do macaco vem sendo construida sobre a referência de um determinado público, construindo tabus e rechaços como efeito de causa, mesmo com um signficativo aumento das chances de propagação ocorrer fora do grupo de homosexuais, transformando a varíola do macaco na doença ‘‘gay’’, determinando o caminho para sociedade homofóbica, podendo aumentar o estimulo de atitudes de violência e discriminação entre a população. Penso ser de suma importância diferenciar orientação sexual e comportamento de risco, construindo maior responsabilidade ética para que as orientações não sejam traçadas de maneira equivocada. Cabe aos individuos conscientizados realizar reflexóes, levando conhecimento para tentar amenizar o impacto brutal que tais informações através do compartilhamento das midias de repercussão mundial possam impactar na sociedade entre as pessoas não – heteronormativas. Não podemos reproduzir o preconceito da década de 80 que os primeiros casos da Aids impactou no ‘’mundo’’ com a mídia nomeando como a “peste gay”, hoje com informação adequadas sabemos que a chance do contato com o vírus HIV aumenta devido ao comportamento de risco e não a orientação sexual.

LEIA MAIS

Comentários

Comentários