Crianças, adolescentes e arma de fogo

Por Ana Pascoalete |
| Tempo de leitura: 3 min

Em meio a uma sociedade com números crescentes de pessoas que buscam possuir arma de fogo para garantir a segurança de seus estabelecimentos e familiares, além do tiro esportivo que é uma prática cada vez mais comum nos clubes devidamente credenciados e que oferecem o serviço com segurança para seus frequentadores, vamos abordar nesse artigo sobre os tiros fatais acidentais que acometem crianças e adolescentes e que na maioria dos casos ocorre dentro de casa ou na vizinhança, locais considerados seguros pelos tutores e pais.

A maioria dos casos com vítimas fatais, ocorre com armas guardadas carregadas e acessíveis pelos menores. No Brasil, todos os anos, uma média de cento e cinquenta crianças de até dez anos são hospitalizadas vítimas de acidentes com arma de fogo, e cerca de vinte crianças vão a óbito.

No decorrer do processo de desenvolvimento da criança a curiosidade e sentir–se estimulada a desvendar o mundo faz com que elas fiquem mais suscetiveis a acidentes em geral. Aos três anos de idade os pequenos já apresentam força o suficiente para puxar o gatilho de muitas armas, e até o fim do desenvovimento da fase das experiências primárias não conseguem distinguir entre armas reais e de brinquedos e também ainda não apresentam compreensão sobre as consequências de suas ações, estendendo até os dez anos de idade as crianças não tem capacidade de julgar os riscos, de saber como manusear uma arma e consequentemente seguir regras sobre segurança.

Acredito que nesse momento para abordar sobre a prevenção de acidentes não é possivel “ remar contra a maré” e estimular o desarmamento em uma sociedade que os governantes estimulam o armamento da população, e se não é possivel não possuir armas em casa, é possivel assumir medidas de segurança e reduzir os riscos, guardando as armas descarregadas, travadas e fora do alcance de crianças, ainda guardar as munições e armas em compartimentos diferentes e lacrados, cofres com combinações.

É fundamental abordar sobre o assunto e explicar para as crianças porque a arma é guardada desta forma e que somente pode ser manuseada por um adulto que foi treinado para sua utilização, essa orientação vale principalmente para profissionais que trabalham na área da segurança e devido o salvo-conduto transitam com seu instrumento de trabalho ao deslocarem–se para suas residências.

Os acidentes de crianças com arma de fogo é uma séria questão de saúde pública que pode ser evitada por meio da dissiminação de informações sobre o tema. Dados do relatório Mundial sobre prevenção de acidentes com crianças e adolescentes da OMS (Organização Mundial da Saúde) e Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) abordam que ao sofrer um acidente grave a criança pode ter sua vida interrompida ou o seu desenvolvimento saúdavel comprometido, e que crianças vítimas de acidentes não fatais necessitam de tratamento hospitalar intenso e adquirem sequelas fisicas, emocionais e sociais por toda a vida.

Crianças são curiosas, gostam de explorar o ambiente ao seu redor e vivem no mundo da imaginação, e em muitos momentos acabam se colocando em risco por não conseguirem reconhece-los e acabam em situações de perigo sem saber como sair delas.
Ainda tendem a imitar os adultos em suas brincadeiras, e crianças e adolescentes desenvolvem maior interesse por brincadeiras que envolvam mais ação e aventura, e desta forma, podem acabar testando os limites do perigo e dos riscos, e ainda no inicio da adolescência tendem a apresentar motivação a desafiar uns aos outros para agir perigosamente e serem aceitos no grupo e demonstrarem coragem.
O acesso facilitado de armas para adultos acaba tornando o alcance mais facilitado para crianças e adolescentes, que por imaturidade e inexperiência, podem acabar se ferindo ou ferindo pessoas próximas.

A prevenção salva vidas, então vale redobrar os cuidados e manter as crianças e adolescentes distantes de qualquer situação de risco que eles mesmos possam criar.

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