O futuro a ser pensado (2)

Por Gilmar Rotta |
| Tempo de leitura: 2 min

Seguindo nossa proposta de falar sobre um futuro sobre o qual precisamos refletir - o que iniciamos há quinze dias neste espaço - a proposta de hoje é tratarmos da representatividade de Piracicaba em nível federal, ou a falta dela, e todas as consequências que, salvo em ano eleitoral, deixamos de discutir.
Desde que Antônio Carlos de Mendes Thame cumpriu seu mandato, a cidade optou por distribuir seus votos para mais de 1.000 (isso mesmo) candidatos de outras cidades. Este dado da eleição de 2018 chega a espantar todos nós que estamos envolvidos e atuando na política local e traz uma provocação importante, as alternativas não atraem os piracicabanos ou o debate acerca da importância da representatividade na Câmara dos Deputados não recebe a importância que deveria?
Talvez as duas razões tenham o mesmo peso e precisem ser discutidas pela imprensa, pela sociedade, pelas entidades representativas de classe.
Colocar-se à disposição do pleito e se apresentar a 290 mil eleitores não é tarefa fácil, mas necessária. O descrédito da classe política – que atinge principalmente a esfera federal – é uma das motivações. E para contrapor a ele precisamos tomar posse de uma palavra, de um sentimento: pertencimento.
Pertencimento não é bairrismo. Todos sabem que o volume de votos que um deputado federal ou estadual precisa para se eleger é grande o suficiente para que ele tenha que buscar em outras cidades a somatória dos votos que além da sua base. É da regra do jogo. Mas pertencimento é a necessidade de sentirmos que somos parte de algo, que participamos da sua construção e, que por alguma razão. E até aqui, Piracicaba, que nas últimas eleições preferiu se dividir em mais de mil a potencializar todos aqueles que se dispõe a representa-la em Brasília, precisa refletir.
Qual a consequência desta lacuna de representação na Câmara dos Deputados? É o que vemos dia a dia no árduo trabalho dos vereadores, do prefeito e secretários municipais, dos líderes partidários: uma corrida por emendas parlamentares que, nem sempre, conseguem atender a real necessidade da cidade. E, pelo bem dela, vários deputados ouviram estes clamores e destinaram recursos.
Mas não é o suficiente.
Piracicaba é sede da Região Metropolitana de Piracicaba, liderança frente a outras 23 cidades que, como ela – à exceção de Limeira – não têm uma representação na Capital Federal. Não tem, hoje, portanto, a atenção a tudo que se discute acerca da economia nacional e que afeta diretamente nossa região. Não projeta medidas legislativas que beneficiem nossas matrizes econômicas, nossas demandas sociais, nossos anseios como cidadãos brasileiros. E tudo isso é fundamental para o desenvolvimento local e regional.
Portanto, o futuro a ser pensado passa também pela necessidade de Piracicaba manter seus passos rumo ao protagonismo político da representação regional. É preciso analisar as opções de projetos locais dispostos ao pleito eleitoral de outubro e reavaliar suas posições anteriores de escolhas, ou midiáticas o que, em algumas vezes, sequer chegam a pisar os pés na nossa cidade.

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