Fim do uso de máscaras

Por Ana Pascoalete |
| Tempo de leitura: 3 min

Enfim, chegamos ao momento tão esperado com o fim da obrigatóriedade do uso das máscaras como prevenção contra a covid-19 em ambientes tanto aberto quanto fechado, com excessão daqueles relacionados a área da saúde e transporte publico.

A sensação de alívio, embora parecesse consenso, não vale para todos os indivíduos e pesquisas apontaram que no decorrer dos últimos dois anos, as máscaras cumpriram funções que foram além da proteção contra a pandemia do novo coronavírus, auxiliando no papel de atuar como uma barreira para evitar o julgamento alheio sobre si mesmo e até esconder as emocões.
Muitas pessoas que apresentam quadros psiquiatricos podem demonstrar maior dificuldade em lidar com essa liberação. Cada indivíduo no decorrer dessa pandemia com o uso da máscara criou para si uma função para a máscara, que pode estar vinculado a esconder o rosto, as expressões.
O uso da máscara foi capaz de criar empatia com as emoções dos demais individuos, podendo ocultar as expressões de uma parte significativa do rosto. A mímica facial em que o cérebro recria e espelha a experiência emocional dos demais individuos afeta a maneira como temos empatia com os demais e interagimos socialmente.
As expressões refletem muito sobre os individuos, e como é interessante pensar que muitos acabaram estendendo a principal função das máscaras como proteção das expressões, sendo reveladoras das emoções, além das questões esteticas que apontaram que as pessoas ficaram mais belas de máscaras.
Para a psicanálise essa percepção pode indicar que a retirada das máscaras pode estar relacionada à preocupação de que os demais possam julgar a aparência das pessoas. Além de que, na parte estética no decorrer da pandemia, a máscara foi facilitadora para muitas pessoas, deixando-as mais seguras sobre alguma insatisfação que sentiam com detalhes de imperfeições em sua aparência.
E de agora em diante, os individuos voltarão a fazer enfrentamentos e precisam escolher em como querem lidar com o fato de terem a liberdade de estarem sem máscaras. Essa será uma escolha individual de cada um, e não necessariamente para atender as expectativas alheias, mas vale abordar que é natural causar um pouco de insegurança, e muitas pessoas tendem a deixar de fazer o uso da máscara gradativamente, até porque a retirada das máscaras não garantem a certeza de que as pessoas não irão mais se contaminar com o vírus.
Cada indivíduo deverá ter seu próprio tempo para não realizar mais o uso de máscaras, seja por motivos vinculados ao medo do contágio, por questões estéticas, por receio de suas expressões deixá-lo exposto ao julgamento dos demais, ou por outros motivos que vale ser avaliado por cada um, observando o grau de sofrimento ou libertação que retirar a máscara traz para si próprio.
O tempo se encarregará de, aos poucos, proporcionar conforto para tal ação. Importante é não se forçar à exposição porque se sente pressionado pelo social para retirar a máscara em certas situações, pois pode deparar-se com quadros de ansiedade, apavoramente e isso não é saúdavel.
No caso das crianças em processo de desenvolvimento a retirada da máscara facilitará o reconhecimento com mais facilidade das palavras faladas, e também do reconhecimento das emoções por meio das expressões faciais.
Desde dos primeiros meses de vida observar os rostos ajuda os indivíduos a distinguir as emoções positivas e negativas e, consequentemente, a aprender e ajustar o seu comportamento de acordo com tal situação. Durante esse período de pandemia, as crianças foram estimuladas a captarem pistas vinda dos adultos por intermédio do tom de suas vozes e dos gestos que fizeram com as mãos para facilitar esse reconhecimento.
A população em geral que de agora em diante terá de aprender “sem o uso de máscaras” um comportamento que foi aprendido, desaprendendo ‘o uso máscaras’. E esse momento é desafiador, pois muitas pessoas terão de se acostumar novamente o novo viver sem as máscaras.

LEIA MAIS

Comentários

Comentários