Juliana Ricci: À frente do tempo, delegada comanda a Homicídios da Deic

Por cris.azanha |
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Filha de músico e professora, Juliana Ricci é dedicada na profissão que escolheu e adotou Piracicaba como seu lar. É delegada na cidade desde 2011. Trabalhou em várias delegacias da cidade, entre elas a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) e também na Corregedoria da Polícia Civil. Atualmente é a titular da 3ª Delegacia de Homicídios da Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) e coordenou as principais apurações de crimes que ocorreram na cidade e região. Entre seus trabalhos de destaque está a elucidação do assassinato da ex-vereadora Madalena, que foi assassinada dentro de sua casa, no Jardim Boa Esperança, em 7 de abril de 2021. A ação conjunta com os policiais das demais delegacias da Deic resultou nas prisões de três acusados do crime. Inclusive dois deles também estavam envolvidos em outro assassinato por queima de arquivo. Juliana considera que o sucesso do trabalho é possível quando há uma equipe integrada. Afinal, mesmo atuando em delegacias diferentes, todos se unem com frequência em operações em auxílios nos trabalhos de inteligência ou abordagens em suspeitos.

A delegada disse que está acostumada a conviver em um universo masculino que ainda está enraizado na sociedade. Seu posicionamento não poderia ser outro. Relata que faz o seu trabalho e pronto.

No entanto, infelizmente  o cenário com relação  violência contra a mulher continua preocupante em todo cenário nacional. Considera que em muitos casos a mulher ainda é tratada como propriedade e não aceitam o final do relacionamento. Acredita que somente com a educação será possível quebrar esse terrível ciclo da agressão.

A Polícia Civil assim como  outras forças de segurança e profissionais que atuam na linha de frente contra esse terrível inimigo invisível, Juliana ressalta que reforça os cuidados necessários para evitar a contaminação da covid-19. Sempre adota os cuidados necessários como uso de máscara e álcool em gel. Até em casa, mesmo com todos vacinados evitam ficar muito próximos sem máscara.

Em seus momentos de lazer e bem longe das correrias de flagrantes, prisões, solicitações de mandados de busca e prisões, Juliana prefere o conforto de seu lar, lendo um bom livro, curtindo algumas séries e aproveita seu passeio favorito que é andar de cavalo. Confira um pouco mais sobre a carreira da delegada que adotou Piracicaba como seu lar, no Persona deste domingo:

https://www.youtube.com/watch?v=Tnoe_ADy3ic

Onde a Sra nasceu? Há quanto tempo está em Piracicaba? Nasci na cidade de Tietê, estou em Piracicaba desde 2011.

Onde estudou? Estudei na Escola Municipal João Salto, Escola Estadual Cesário Carlos de Almeida, Colégio Anglo de Piracicaba, Universidade de Ribeirão Preto.

O que representa Piracicaba para a Sra? Representa o local que eu escolhi pra viver e trabalhar! Gosto muito da cidade de Piracicaba, me realizo pessoal e profissionalmente aqui.

Quais foram as suas atividades antes da Polícia Civil? Eu exercia a advocacia, profissão que respeito muito.

Quando decidiu tornar-se uma policial civil? Teve influência de alguém? Estava prestando concurso, era concurseira, e tinha um grande amigo que na época era delegado de polícia aposentado Dr. João Carlos Luciano, ele me influenciou bastante. Ingressei na carreira no ano de 2004.

Quando entrou era um universo machista? A nossa sociedade é machista. Mas eu não me importo muito com isso não. Faço o meu trabalho e pronto!

Como mulher, como tem redobrado os cuidados com relação ao trabalho e depois em casa com a dupla jornada, familiares ou amigos nesse período de pandemia? Tem sido um período desafiador para todos. Nós policiais não paramos nenhum dia! A nossa função exige que estejamos no fronte e assim o fizemos durante todo o tempo. Usamos os equipamentos de proteção como máscara, álcool em gel, evitamos muitas pessoas no mesmo ambiente. Em casa, agora com todos vacinados, está bem mais tranquilo. Mas evito ficar sem máscara com os familiares quando estamos muitos próximos. Graças a Deus com esses cuidados na minha família ninguém se contaminou.

Como é liderar a equipe de Homicídios e outras delegacias da Deic? Eu acho que é ter a certeza que o trabalho não se faz sozinha, o resultado só vem com trabalho em equipe que precisa estar integrada.

Qual foi o trabalho mais difícil que já realizou? E o mais gratificante? O mais difícil foi o caso de uma criança que foi vítima de estupro pelo padrasto desde os sete anos. Engravidou aos 9 anos e foi mãe aos 10 anos de idade. O mais gratificante foi o esclarecimento do caso Madalena. Foi um crime que chocou Piracicaba e nós conseguimos esclarecer e colocar os assassinos na cadeia. Nos dá aquela sensação de dever cumprido.

Como analisa os casos de violência doméstica? Acredita que os agressores acham que a mulher é “propriedade”? Creio ser fruto de uma cultura de machismo, que trata a mulher como propriedade, objeto do homem. No Brasil é bastante recente a conquista de direitos pela mulher. O direito ao voto foi conquistado em 1932. Acredito que só a educação pode mudar isso.

O que representa a Polícia Civil para a Sra? Representa a minha realização profissional, com certeza é minha segunda família.

Quem é sua referência? É o desembargador Antônio Carlos Malheiros, por toda sua trajetória pessoal e profissional, uma pessoa ímpar. Faleceu em março deste ano deixando um vazio imenso que dificilmente será preenchido.

O que diz para os jovens pretendem ingressar à carreira? Que se dediquem aos estudos e busquem os seus objetivos. Concurso é estudo e dedicação.

Quais são suas atividades em momentos de lazer? Eu amo andar a cavalo, ler e assistir séries.

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Cristiani Azanha

crisazanha@jpjornal.com.br

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