Quando finaliza-se um ciclo de violência, que na maioria das vezes e dos casos se instalam dentro dos próprios lares, ambiente este que as vítimas deveriam sentir-se seguras, é extremamente indicado que essas mulheres iniciem um processo de resgate da autoestima, o recomendado é por ajuda profissional, de um psicólogo que possa amparar, auxiliando as vítimas a identificar suas próprias emoções, medos, alegrias, reconstruindo o reconhecimento de sua identidade com direito de escolha para sentir –se valorizada e partir desse passo iniciar o resgate da autoestima, que na maioria das vezes fica abalada ou anulada após episódios de violência.
Quanto mais prolongado o processo de violência, maior o estresse pós traumático, que pode instalar-se a qualquer momento posterior a violência experienciada, e é muito importante que o psicólogo avalie a paciente e identifique como esse individuo encontra–se no inicio da psicoterapia, para identificar se o estresse é agudo, crônico, avaliar a necessidade de uma rede de apoio, pois geralmente as vitimas tendem a sentir-se sozinhas, isoladas, abandonadas já que o agressor tende a utilizar dessa estratégia para a manutenção da violência, e sua auto preservação, evitando ser descoberto. É necessário ainda estimular nas vitimas a produção de novas memórias, agradáveis.
O estresse pós traumático geralmente manifesta-se por medo ou terror em momentos posteriores aos eventos causadores do trauma, e a vítima tende a desenvolver o transtorno através das lembranças vividas do acontecido, como se o fato fosse repetir-se novamente a qualquer momento, tornando–se uma pessoa hipervigilante.
Geralmente as vítimas de violência doméstica passam por alterações nas composições bioquímicas do corpo, comprovando que o ciclo de violência desorganize a vítima. Após a exposição a intensa dor física e ou psíquica é necessário estimular novas e boas memórias, possibilitando o contato e conhecimento consciente de sua história, para que a compreensão lhe permita novas escolhas, não reproduzindo escolhas prejudiciais, principalmente em períodos que antecedem a possibilidade de novos relacionamentos amorosos. Pois ao identificar o padrão na própria vida afetiva é possível a dissociação entre amor e sofrimento físico e ou psíquico.
É de grande valia ponderar e analisar se a violência já existia em sua transgeracionalidade, isto é se existem ou existiram outras mulheres na família que também tiveram relacionamentos norteados pela violência. E se for reincidente, podemos pontuar como quase um aprendizado, e esse aprendizado doméstico precisa ser superado, caso isso não ocorra, a vitima terá grandes chances de atrair outro agressor.
Filhos de pais agressores também necessitam de tratamento especializado, para evitar que reproduzam os ensinamentos domésticos vividos em seus lares nos períodos que a agressão estava presente, precisam conscientizar-se e internalizar psiquicamente o ensinamento de que todas as mulheres devem e merecem ser tratadas com respeito.
Geralmente as agressões físicas e ou psíquicas ocorrem por anos, pois o agressor desencoraja a vítima de seguir sua vida fora do relacionamento, fazendo as acreditar que não são capazes de suprir seu próprio sustento, que não serão apoiadas, que perderão os filhos em disputas judiciais, fazendo as acreditar que não há saída e desta forma mantendo as no relacionamento onde o medo, o desespero, o terror se perpetuam, e enquanto isso as agressões continuam, com estatísticas que apontam para o aumento da violência doméstica contra a mulher desde o inicio da pandemia, vítimas de todas as idades e classes sociais, casos de ameaças constantes contra as mulheres, lesões corporais, estupros e tentativas de feminicídio, isso quando não concretizam, tirando suas próprias vidas. Agosto Lilás, já está mais do que na hora de dar um basta, não se cale, denuncie.
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