Redes sociais, exposição, fama e o limite do saudável ao patológico

Por Ana Pascoalete |
| Tempo de leitura: 3 min

As redes sociais são consideradas plataformas virtuais nas quais as pessoas acessam e compartilham diversos conteúdos de interesses, sem distância geográfica entre elas. Podemos pensar sobre alguns motivos que levam as pessoas a exposição de suas vidas pessoais e profissionais nas redes sociais.

E essa prática comum atualmente gera o interesse ao entendimento, sobre muitas vezes desse excesso de exposição, devido a tudo que as pessoas fazem serem postados. Entendo ainda que esse excesso de exposição na internet pode ser identificado como um dos sintomas da nossa sociedade, por vivermos em um mundo cada vez mais conectado, onde estamos todos interligados. Inclusive esse excesso muitas vezes ultrapassa o limite do bom senso, e já existem e pesquisas que comprovam que as redes sociais viciam mais que bebidas alcoólicas e tabaco.

E o hábito constante pelo exibicionismo nos leva a refletir os motivos dessa exibição, e o porque quanto mais curtidas e seguidores, maior a satisfação, felicidade e assim o indivíduo sente-se reconhecido, por intermédio desse meio para provar sua existência enquanto sujeito inserido em uma sociedade, um mundo globalizado, onde uma boa aparência e bens materiais promovem sentimento de importância.

Essa exposição exagerada pode ser explicada por meio de alguns pontos. Um deles está baseado na infância, momento do início do processo de construção da personalidade do indivíduo, onde é necessário muita afetividade, conexão e comunicação com os pais e familiares, sendo reproduzido mais tarde por meio das redes sociais, que podem ser interpretadas como um espaço de expressão e conectividade, pois o desejo da troca de informação e o impacto de visualizações que uma ‘’self’’ produz, pode ser interpretada como uma potência simbólica de comunicação e afetividade, reproduzindo os prazeres da infância, assim configurando–se como uma maneira de construção da identidade.

Vivemos em um mundo conectado e cada vez mais pessoas possuem algum tipo de rede social. E cada vez mais estamos nos expondo e há muito prazer nessa exposição, onde as pessoas sejam vistas pelo outro e o outro também possa vê-las. As dificuldades surgem quando esses indivíduos estão muito envolvidas por essa exposição e não conseguem discernir o limite do saudável, pois a exposição promove satisfação e quanto mais se tem, mais se quer, entrando em um ciclo vicioso, podendo migrar para o patológico.

Esse artigo nos leva a pensar sobre uma possível carência afetiva entre as pessoas, na demanda de um amor endereçado ao outro, na exposição como uma forma de reafirmação do seu amor próprio e, claro, o amor de outras pessoas. Somos sujeitos faltantes, e isso significa que sempre queremos algo a mais, porque o que alimenta o desejo é a falta. E a vaidade altamente valorizada pelo mundo atual, em que o interesse pela vida das pessoas, produz indivíduos muito famosos, celebridades, alimentando o narcisismo com muito orgulho de mostrar frequentemente suas qualidades e bens materiais.

A problemática é que com a exposição nas redes sociais, e a aprovação dos outros indivíduos, pensa-se que é possível ocultar o vazio, falsa sensação porque não é possível, não se enganem. E quando o indivíduo não é reconhecido ou tem atitudes reprovadas pelos seguidores fanáticos nas redes sociais pode-se levar a um estado de profunda tristeza e sentimento de não pertencimento dentro desse mundo virtual, podendo estimular o adoecimento. Claro que estamos inseridos nessa realidade e não precisamos negar as redes sociais, só precisamos encontrar o equilíbrio e não esquecer a importância das relações humanas e da autopreservação com o espaço privado.

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