Pais e mães ainda evitam falar sobre sexo com os seus filhos

Por Luiz Xavier | 27/02/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Hoje trouxe para vocês uma reflexão interessante da jornalista Heloísa Noronha sobre dificuldade de falar de sexo com seus filhos pequenos.

“Por mais que algumas famílias sejam mais conservadoras e tradicionais, é inegável que vivemos em uma época em que existe mais diálogo entre pais e filhos. Entretanto, essa abertura nem sempre se reflete quando o tema é sexo. Superar essa resistência é fundamental e necessária na educação de crianças e jovens”.

“Segundo o educador sexual Ricardo Desidério da Silva, a relutância em falar sobre sexo está relacionada, num primeiro momento, à repressão sexual que cada um recebeu ao longo de suas vidas. Muitas pessoas carregam essas marcas, mas, em vez de buscarem se informar e querer se libertar dessas repressões, insistem em dar sequência nelas”.

“Entretanto, alguns pais, por exatamente terem vivenciado essa repressão, procuram dialogar abertamente com os filhos, para que não sofram como eles sofreram por tantos medos, tabus e repressões. São pais que, acima de tudo, estão possibilitando uma vivência positiva da sexualidade aos filhos”.

“A psicopedagoga Quezia Bombonatto, diz que a dificuldade de alguns pais e mães de falar sobre sexo deve-se ao fato de que não têm nenhuma base teórica ou modelo para a conversa. Isso porque, na infância ou na adolescência, provavelmente o assunto também foi negligenciado por seus pais. Ela afirma que certas famílias não tocam no assunto porque o jovem ainda não tem um parceiro sexual, então não veem a necessidade. Só que esse tipo de conversa deve acontecer desde a infância, assim que surgirem as primeiras dúvidas, pois isso permite uma adaptação e a maturação do diálogo conforme os filhos vão crescendo”.

“Outro equívoco recorrente é apelar para o silêncio por achar que as crianças e os jovens hoje sabem muito mais sobre sexo do que os adultos. De fato, há uma maior exposição a conteúdos sexuais. Porém, o acesso a informações casuais não garante um aprendizado formal, frente à sexualidade”.

“É preciso admitir que muitos adultos não conseguem lidar com questões da própria sexualidade, por isso tantos ficam apavorados com informações infundadas sobre a educação sexual nas escolas, por exemplo, e aderem ao efeito manada de compartilhar algo sem sequer comprovar a veracidade”.

“O receio de que o diálogo em casa seja compreendido como um incentivo à prática sexual também silencia muitos pais. Na realidade, o resultado é o oposto. De acordo com pesquisas científicas, os jovens que recebem informações completas e verdadeiras tendem a retardar o início da vida sexual. E são menos suscetíveis a gravidez precoce e à contaminação por IST's (Infecções Sexualmente Transmissíveis)”.

É válido lembrar que, conforme a criança vai se desenvolvendo e não recebe esclarecimentos básicos, fica vulnerável a uma série de consequências negativas. Elas podem se tornar, por exemplo, vulneráveis ao abuso sexual, uma vez que não receberam dicas sobre como se prevenir ou quando informar aos pais alguma situação esquisita ou constrangedora.

“Segundo Monica Pessanha, psicopedagoga e psicanalista infantil e de adolescentes, se os pais conseguirem dialogar sobre sexualidade com seus filhos, estes não se limitarão apenas às sensações corporais, mas sim no valor das outras pessoas, no compartilhar. Falar de sexo é proteger os filhos dos perigos. Só assim eles poderão se sentir acolhidos, seguros e responsáveis pela vivência de sua própria sexualidade”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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