Filipe Rosa

Âncora nos investimentos não é legal

Por Filipe Rosa, sócio da Capitólio Investimentos e fundador da ComCiência Educacional @sejacomciencia | 25/07/2022 | Tempo de leitura: 2 min

É muito comum observar a ancoragem a preços. “O preço pelo qual eu comprei”, “o preço que me disseram que valia”, “o preço que eu acho justo”
É muito comum observar a ancoragem a preços. “O preço pelo qual eu comprei”, “o preço que me disseram que valia”, “o preço que eu acho justo”

Seguindo o assunto da semana passada, vamos falar de mais dois vieses comportamentais. Lembrando que por “viés comportamental” vamos entender todo um conjunto de pensamentos e percepções que atrapalham a tomada de uma decisão isenta. Por que uma decisão isenta é importante? Para ser o mais objetiva e assertiva possível.

Um navio para atracar utiliza um componente fundamental: a âncora. Ela é uma peça grande, pesada, normalmente produzida por fundição utilizando metais pesados. A função da âncora é não permitir que a posição da embarcação oscile conforme as correntes e a maré. Pois bem, analogamente a isso, existe o viés da Ancoragem. Esse viés se faz presente quando, ao invés de analisar alternativas, você opta por permanecer “ancorado” em informações passadas que, por vezes, podem não mais fazer tanto sentido. 

É muito comum observar a ancoragem a preços. “O preço pelo qual eu comprei”, “o preço que me disseram que valia”, “o preço que eu acho justo”. Podemos dizer que existe um certo viés de ancoragem vinculado ao nosso Ibovespa, quando falamos em 100 mil pontos. Olhar para o passado para tentar basear um preço é um erro, pois sempre deveríamos pensar em liquidar ou manter um investimento em função das suas perspectivas futuras.

Você já viu notícia de uma viagem no jornal, por exemplo, e considerou a hipótese de realizá-la? Imagino que sim. A Disponibilidade também é um viés cognitivo que pode afetar nossas decisões. De repente o destino da viagem não seria sua primeira opção de pesquisa e escolha, mas como você foi exposto àquela informação diversas vezes, passou a considerá-la potencialmente boa.

Observamos muito isso em períodos que os jornais noticiam altas em uma empresa X na bolsa, por exemplo. Isso faz com que investidores que não escolheriam essa empresa X como a primeira escolha passem a considerá-la uma potencial boa compra para seus portfólios. Magia? Não, Disponibilidade. Isso é potencialmente perigoso, pois estar presente nos jornais por conta de uma boa alta na bolsa não necessariamente significa que estamos falando de uma empresa financeiramente sólida. Para concluir se ela é ou não sólida é necessário analisar balanços e resultados. Pautar-se sempre em dados. O risco de se deixar levar pelo viés da Disponibilidade? Encarar prejuízos que podem ser causados por uma queda no valor da ação da empresa X em decorrência de seu próprio desempenho, não do andamento do mercado. Um exemplo recente disso foi o ocorrido com as ações da IRB (IRBR3).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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