A CPI da Pandemia ainda nem começou, mas se você está minimamente informado (por fontes de credibilidade, não por fake news) sobre o que tem acontecido no Brasil desde o começo de 2020, já sabe qual deveria ser a conclusão dos trabalhos.
A gestão (ou falta de) do governo de Jair Bolsonaro no enfrentamento da Covid-19 é, provavelmente, a mais desastrosa do mundo. Difícil acreditar que algum outro país tenha enfileirado tantos erros (e consequentemente corpos) quanto o nosso.
Os números não permitem outra conclusão. Em dados gerais, o Brasil é o segundo país com mais mortes no mundo. Até sexta-feira, eram 369 mil mortes por aqui, atrás apenas dos Estados Unidos, com 565 mil. E, em número de óbitos por milhão, já passamos os EUA. E tem mais, infelizmente: com média de mais de 3 mil novas mortes por dia, o Brasil foi responsável, no início de abril, por 26% de todos os óbitos por coronavírus no planeta. Ou seja, a cada 100 pessoas que morrem atualmente pela doença, 26 perdem a vida aqui, no nosso país. Seria apenas uma triste coincidência? Obviamente, não.
A lista de erros (e possivelmente crimes, dizem os especialistas) cometidos por Bolsonaro é gigantesca. E é justo que o presidente seja responsabilizado por isso.
Quantas mortes deixamos de evitar enquanto Bolsonaro menosprezava a pandemia? Quantas mortes deixamos de evitar enquanto Bolsonaro incentivava as pessoas a saírem de casa e não usarem máscara, ignorando as recomendações médicas? Quantas mortes deixamos de evitar enquanto Bolsonaro promovia medicamentos sem a eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19? Quantas mortes deixamos de evitar enquanto Bolsonaro boicotava os processos de compra de vacinas?
Se, mesmo diante dos números da doença, você ainda tem dúvida sobre o impacto negativo dessa atuação, fica aqui um exercício simples. Dá uma lida no grupo da família no WhatsApp. Já reparou que aquele seu tio que é defensor ferrenho do Bolsonaro repete todas as asneiras que saem da boca do presidente? Haja vídeos defendendo a cloroquina, dizendo que os governos estaduais e os veículos de imprensa foram comprados pela China ou com 'denúncias exclusivas' de que os hospitais estariam mentindo o número de mortos para receber mais dinheiro.
Como uma pessoa que acredita nisso se comporta no dia a dia? Não usa máscara, não adota as medidas de distanciamento social e, pior, acha que está imune ao vírus porque tomou um remédio para piolho.
Se num microcosmo como um grupo de WhatsApp já é possível ver o estrago causado pelo discurso, pelas ações e pela falta de ações de Bolsonaro, imagina em um país inteiro. Ele pode não ser o único responsável, mas é o principal..