Foi por isso que convidei uma amiga para colaborar com esta coluna hoje. O nome dela é Rafaela, artisticamente conhecida como Rafa Bebiano. Nós dividimos alguns projetos, compartilhamos nossas frustrações, rimos juntos, mas uma coisa eu nunca vou viver: suas lutas como uma travesti. Você leitor cis, também nunca saberá como é.

Mas já que estamos falando de visibilidade, Rafa juntou alguns representantes da luta, arte e ativismo trans no Vale do Paraíba. Abaixo, reúno um perfil destes que são uma pequena mostra de quem está lutando diariamente pra derrubar estas estatísticas:

Rafa Bebiano

Rafa Bebiano,25, travesti negra brasileira, valeparaibana, lorenense do bairro Parque das Rodovias. Cantora, compositora, podcaster, poeta, dialogadora e articuladora e produtora cultural, tem formação na área de administração pelo Senac com expertise em marketing digital e gestão de pessoas.

Já fez trabalhos de Mestre de Cerimônia pro evento Funk da Hora, no Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes, já abriu o show da Glória Groove em Tremembé, participou do Festival Sonora Paraty, contribuiu em rodas de conversas sobre Pessoas T na Arte pela Nave Coletiva da Mídia Ninja, cantou no SP na Rua 2019, no MAM - Museu de Arte Moderna, ao lado de Rosa Luz, no Sarau As Mina Tudo, na Galeria Olido e entre outros festivais. Fez a produção executiva do jingle da candidatura do Daniel Munduruku e Marina Faria para prefeitura da cidade de Lorena e atualmente está produzindo seu primeiro CD independente.  

Recentemente, sua marca foi reconhecida como o primeiro espaço cultural de iniciativa travesti da cidade de Lorena, a partir da Lei Aldir Blanc.

Instagram: @rafabebiano

Facebook: Rafa Bebiano 

TikTok: @rafabebiano 

Twitter: @rafabbiano 

assessoriarafabebiano@gmail.com

Ariel

Eu sou a Ariel. Filha dessa terra, mais uma guerreira dos santos. Travesti brasileira, valeparaibana. Nascida em lorena, cria do bairro Rodovia.

Poetisa, atriz e outras coisas que me permito ser e às vezes deixo de ser. Tenho 23 anos e atualmente moro na Bahia. Sou universitária de licenciatura interdisciplinar em artes e suas tecnologias na UFSB.

Vencedora do FCCJ 2021 - Festival de curta Campos do Jordão na categoria melhor curta regional com a obra “Me fiz poesia”, um vídeo-arte narrado, montado e editado por mim, com produção sonora de Gapê e participação especial de Rafa Bebiano.

Sempre senti que meu corpo se movimentava pela arte, aos 7 anos participei das peças teatrais e eventos culturais promovidos em meu bairro. Sempre estudei em escolas da rede pública, onde com as vivências da periferia entendi que a arte e minha identidade estavam interligadas. Desde criança me sonhei uma multiartista. Aos 10 anos, comecei a ter aulas de violão e coral no Projeto Guri para trazer a voz do meu corpo para a garganta. Aos 14 anos, percebi que meus movimentos se dariam bem com performances, participando de diversas oficinas de teatro realizadas na Casa da Cultura de Lorena.

Hoje, sou atriz pela Cia Cássio B. de Teatro e escritora independente de poesia marginal. Sou a primeira travesti eleita conselheira titular do COMJUV Lorena (Conselho Municipal de Juventude), onde atuei por 2 anos. Participante de diversos movimentos sociais, fui responsável pela mediação de alguns encontros do sarau na rua e rodas de conversa sobre gênero e sexualidade nas universidades da minha região. Como roteirista, fui responsável pela direção e criação visual da campanha eleitoral "Uma Lorena de todos os cantos" dos possíveis candidatos Daniel Munduruku e Marina Faria. Sou Ariel dos Santos, filha da dona Márcia dos Santos e como toda mulher da minha família eu tenho em minhas mãos a força, em meu olhar a verdade e em vida carrega a vontade de causar revolução. Como escritora, escrevo para não esquecer de amar, de lutar e do meu poder.

“me queriam apenas travesti, me fiz poesia!”

Instagram: @oOlhodaSereia_

Bruniely Lemos e Associação Transbordamos

Bruniely Lemos, mulher Trans, presidente da Associação Transbordamos, embaixadora e conselheira do Instituto Avon, militante e ativista pelos corpos Trans e pelo fim da violência de gênero.

Transbordamos é uma associação sem fins lucrativos e a primeira associação voltada exclusivamente para pessoas Trans do Vale do Paraíba. Que busca trazer visibilidade, educar, empoderar e combater todos os tipos de violência sofrida pelos corpos Trans. Realizando debates e correntes de ações para ajudar os corpos trans na construção da sua carreira profissional, garantindo seus direitos constitucionais e abrir portas no mercado de trabalho para aumentar sua qualidade e expectativa de VIDA.

Instagram: @bruniellylemos

Instagram: @associacaotransbordamos

Hári Niklaus

Meu nome é Hári Niklaus de Toledo, tenho 31 anos e moro na zona norte de São José do Campos. 

Sou administrador de um grupo no WhatsApp exclusivo para homens trans, focado em tirar dúvidas, compartilhar vivências e prestar o suporte para os meninos que estão em início de transição. Devido a isso, fui convidado pela Rhayana a representar a nossa região como membro da Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil – REDETRANS Brasil, que desde 2011 é a única rede filiada à rede LacTrans única rede exclusiva para discussão na América Latina e Caribe da temática de travestis e transexuais. Internacionalmente, essa rede participa ativamente da militância da causa dos direitos humanos da nossa comunidade. 

Minha forma de ajudar é essa, não sou de participar de muitas campanhas, pois tenho uma rotina um pouco corrida. Sou universitário, curso Bacharelado em Ciência e Tecnologia na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Gestão da Qualidade no Centro Universitário Cidade Verde (UNIFCV). 

Sempre fui precoce em relação aos estudos, desde a infância me dedicando, o que me rendeu uma bagagem extensa na área metalmecânica já aos 18 anos de idade. Com formação técnica em Mecânica e Mecatrônica, no ano de 2021 eu completei 11 anos de experiência na área industrial, passei por algumas multinacionais da região, como Delphi, Embraer e MSA, atuando em cargos técnicos e em cargos de coordenação relacionados à Engenharia da Qualidade. 

2021 foi um ano de mudanças para mim e a principal mudança foi na carreira. Fiz a transição na carreira também e da indústria fui para tecnologia. Hoje atuo como Engenheiro de Software, sou analista de engenharia de TI no Itaú-Unibanco. E foi a melhor decisão que eu pude ter tomado, pois a empresa tem um ambiente totalmente inclusivo para a diversidade que não fica apenas nas campanhas publicitárias. É uma inclusão real mesmo com envolvimento de toda a gestão, preocupada em respeitar e informar. Hoje posso dizer que me sinto realizado, respeitado e feliz num ambiente de trabalho no qual eu posso ser "apenas o Hári".

Instagram: @toledo.harik

Assim como Hári, Rafaela, Bruniely e Ariel, o Vale do Paraíba tem centenas de pessoas transexuais e travestis. Seja um multiplicador do respeito e dê visibilidade no dia a dia também. Se você é empresário, abra vagas para pessoas trans, se você é professor, entenda quando seu aluno está transicionando e seja um agente de amor e respeito. Antes do preconceito, busque informação! Não só em janeiro, o ano todo, a vida toda.

Você, pessoa trans, quer ser pauta desta coluna independente do mês do ano? Mande um e-mail para: feed@reiscomunica.com.br. Ou procure por nosso Instagram:@feednatv