Júlia Mari

Tesouros Arquitetônicos: Residência Olivo Gomes

Por Júlia Mari - Arquiteta pela Universidade de Taubaté |
| Tempo de leitura: 4 min
Colagem digital por: Júlia Mari
Colagem digital por: Júlia Mari

É com muito orgulho que apresento á vocês os “Tesouros Arquitetônicos”. Uma série de matérias que sairá toda primeira sexta-feira do mês em que contarei sobre construções e espaços importantes da nossa região. Os edifícios, em sua maior parte históricos, fazem parte do nosso cotidiano. Então, o intuito é fazer com que os leitores saibam um pouquinho mais da própria história e a história das nossas cidades. Animados? Eu estou muito.

E para começarmos em grande estilo, hoje vou contar um pouquinho para vocês de uma casa que faz parte do maior parque de São José dos Campos. A residência Olivo Gomes, um dos donos da antiga Tecelagem Parahyba.    

Estilo: Modernismo
Ano: Final dos anos 40

Uma das casas mais modernistas do Vale do Paraíba, patrimônio de São José dos Campos e tombada pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico). Foi uma encomenda de Olivo Gomes, um dos proprietários da fábrica de tecelagem Parahyba, uma das fábricas mais importantes do país na época. Projetada pelos arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César e paisagismo de Roberto Burle Marx. A casa é essencialmente focada na arquitetura moderna.

A residência foi projetada no meio do Parque da Cidade então você consegue imaginar como cada canto da casa tem uma vista maravilhosa para a área verde, né? A preocupação de arquiteto, foi além do desenho arquitetônico, ele desenhou até mesmo as luminárias, detalhes como puxadores das esquadrias, cada detalhe era extremamente importante.

Uma característica muito interessante do projeto, são as esquadrias dos quartos onde se encontra as venezianas e os vidros que são maleáveis por um sistema de contrapeso, esse sistema é acionado através de alavancas na parede, tendo também a troca de ar por aberturas em cima das venezianas, tornando o projeto também altamente sustentável. 

A pintura da residência ficou a encargo do pintor Rebolo que pensou as cores para harmonizar com as cores do jardim e toda a área verde de entorno.

A casa tem uma arquitetura influenciada pelos elementos tropicais; o telhado, os vãos e grande interação com a paisagem: interior x exterior. As janelas dos quartos abrem totalmente, transformando cada quarto em uma pequena varanda aberta para a paisagem, os vidros das áreas sociais também.

Composição da Residência

A casa foi construída entre os anos de 1949 a 1951 

O Pavimento térreo foi projetado para a área de lazer, com um espelho d’água na frente da residência, varanda e uma grande sala de jogos, para conectar essa área foi projetada uma grande rampa de interligação.O pavimento superior foi dividido em três setores: serviço, social e o íntimo.

O setor de serviço conta com um dormitório para os funcionários, banheiro, garagem, lavanderia, uma cozinha voltada para o espaço de serviço e área de refeições privada, utilizada pelos funcionários. No setor social conta com a cozinha, acesso para a área de jantar, uma grande sala de estar com um terraço com a vista para a Serra da Mantiqueira, tendo o acesso para o pavimento térreo pela escada helicoidal.

O hall principal dá fácil acesso à extensa rampa ou à área íntima da residência. Na área íntima conta com um escritório que fica próximo ao hall principal, 8 quartos e 4 banheiros e uma varanda com um jardim.

A obra é tombada pelo CONDEPHAT e é considerada um marco do modernismo no país. 

Paisagismo Burle Marx

No projeto de paisagismo - Roberto Burle Marx, o paisagista mais importante do país, tenta integrar a área da fazenda com a área da residência e procura equilibrar esteticamente o projeto arquitetônico usando o jardim como elemento. A casa é caracterizada pela linha horizontal e o projeto de paisagismo insere elementos verticais, como por exemplo as árvores Guapuruvu (com caules alongados e copas altas, de dentro da sala a copa não atrapalha a visão do fundo que é o contorno da Serra da Mantiqueira). 

Uma outra contribuição do paisagista, são os vários painéis de arte pictórica criados por Burle Marx. Os murais acompanham a fachada de ambos os lados da residência, combinando com as cores escolhidas para as respectivas fachadas.

A série “Tesouros Arquitetônicos” também vêm com o intuito de fazer vocês leitores, visitarem esses espaços que com certeza valem a pena. Recomendo muito a todos irem passar um dia no Parque da Cidade e conhecer as redondezas da residência e toda a sua área verde.  Mas e aí, pessoal? O que acharam dessa primeira matéria da série? Espero que tenham gostado e conhecido um pedacinho da nossa história e semana que vem estaremos de volta para falar sobre o mundo da Arquitetura e Decor. Até mais! 

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