Nesta quarta-feira (04), teremos o que é popularmente conhecido no meio econômico como “super quarta”. O Banco Central Brasileiro (Bacen) e o Federal Reserve (FED), o Banco Central dos EUA, irão decidir suas novas taxas de juros e as comunicarão ao mercado no mesmo dia, por isso “super”.
Nunca é demais lembrar o porquê de os juros serem ferramentas essenciais na economia e impactarem tanto nossos investimentos e o mercado como um todo. As taxas de juros básicas de cada país nada mais são do que taxas “livres de risco”. No Brasil, por exemplo, hoje temos uma taxa livre de risco, chamada SELIC, na casa de 11,75% ao ano. Isso é o equivalente a dizer que, quem adquirir títulos públicos pós fixados emitidos pelo Tesouro Direto, o famoso Tesouro SELIC, obteria ao final de 1 ano de investimento, rentabilidade bruta de aproximadamente 11,75%.
Eu disse obteria, pois, essa taxa está constantemente se alterando nos últimos tempos e claramente o equivalente de 1 ano será a média ponderada da SELIC no período. Importante dizer também que por “bruta”, refiro-me à rentabilidade cujo Imposto de Renda ainda deve ser deduzido (subtraído).
Façamos a seguinte reflexão: se eu tenho uma taxa de rentabilidade “livre de risco” de 11,75% ao ano, podendo aumentar, por que eu iria expor meu capital ao risco de mercado através da bolsa de valores? Hmmm… exato! Não tem muito sentido. Essa é a conclusão que basicamente todos os investidores têm em um cenário de juros altos. O que tende a acontecer com as bolsas é “secarem” aos poucos durante esse período. A tendência é que o dinheiro saia das bolsas e migre para ativos de Renda Fixa, com investidores diminuindo o percentual de seus portfólios em Renda Variável, o que naturalmente tende a causar oscilações negativas no preço dos ativos (mais pessoas vendendo e menos pessoas comprando se traduz em preços menores).
Coloquei “livre de risco” propositalmente entre aspas para relembrar a todos meus queridos investidores e queridas investidoras do OVALE que não existe investimento 100% garantido, no entanto, existem graus de Credibilidade em emissores de Renda Fixa e, via de regra, os bolsos Federais são os mais confiáveis. Você só leva um calote se o próprio país quebrar, o que não é nada simples de acontecer (tampouco impossível).
Você ainda pode se perguntar a razão de toda essa alta de juros generalizada nas economias globais e a resposta é uma só: conter a INFLAÇÃO.