Filipe Rosa

Uma foto "três por quatro" do investidor brasileiro

Por Filipe Rosa, sócio da Capitólio Investimentos e fundador da ComCiência Educacional @sejacomciencia | 13/05/2022 | Tempo de leitura: 2 min

Investimento
Investimento

Esse gráfico eu retirei do Google Trends, ferramenta do Google que mostra a frequência em que determinado tema foi pesquisado ao longo do tempo, uma ótima forma de testar o interesse por determinado assunto. Em Azul estão os resultados de "COMO INVESTIR EM TESOURO DIRETO" e em Vermelho os resultados de "COMO INVESTIR EM AÇÕES". Os resultados mostrados são de 2007 a 2022.

É fácil de perceber a maior curiosidade do investidor brasileiro ao longo de todo esse período pelo investimento em Renda Fixa, especialmente os títulos emitidos pelo Tesouro Direto (linha Azul). 

Essa maior curiosidade também se reflete quando acrescentamos outros dois concorrentes ao gráfico: o famoso CDB e o famigerado Bitcoin. Na nova imagem, as linhas Azul e Vermelha seguem representando os resultados já mencionados, relativos, respectivamente, a Tesouro Direto e Ações. A linha Amarela mostra a frequência com que o tema "COMO INVESTIR EM CDB" foi pesquisado e a linha Verde mostra a frequência com que o tema "COMO INVESTIR EM BITCOIN" foi pesquisado.

Ainda temos um claro campeão de interesse público, o Tesouro Direto. Haveria alguma razão especial para a hegemonia observada na preferência de interesse pelo Tesouro Direto?

Eu, humildemente, acredito que sim. Quando pensamos em Tesouro Direto, o inconsciente da maioria das pessoas assimila à segurança, o que é correto. Historicamente falando, inclusive, o nosso país é favorável a investimentos em Renda Fixa por ter uma taxa básica de juros (SELIC) alta. Isso deixa a Renda Fixa muito atrativa!

Sabemos que uma taxa básica de juros alta tende a secar a liquidez das bolsas de valores, pois com uma remuneração alta e "garantida" não faz sentido correr muito risco de mercado. Seria por isso que, historicamente, observamos baixo interesse do brasileiro em pesquisar sobre como investir em ações?

Eu também acredito que sim. Afinal, além da SELIC alta "atrapalhar" o bom andamento da bolsa de valores (de um modo geral), o mercado de capitais é volátil por natureza. A segurança que a Renda Fixa com juros altos entrega combinada às notícias nos jornais dizendo que "a bolsa caiu", "investidores enfrentam perdas na bolsa de valores" são um arranjo que eu acredito que ajuda a explicar a diferença de interesses dos investidores brasileiros.

Diferença essa que também tem como combustível a falta de Educação Financeira. A bolsa de valores está repleta de empresas gigantes, como Petrobras, Bradesco, Itaú, Vale, etc. Empresas sólidas, com fluxo de caixa constante, boas pagadoras de dividendos, etc. No entanto, não existe segurança de se fazer o que não se conhece, certo? A falta de Educação Financeira deixa o investidor brasileiro à mercê das manchetes de jornais, revistas, vídeos no YouTube de pessoas sem o menor conhecimento, etc.

Procure bons livros, autores conceituados e escolas especializadas, não tome decisões financeiras apoiado totalmente na visão dos outros, pois, um ponto de vista é a vista de um ponto e, não necessariamente, esse ponto está no mesmo lugar que você está.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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