VIOLÊNCIA

Líder de homicídios em SP, Vale vive guerra entre CV e PCC

Por Guilhermo Codazzi | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 2 min
Editor-chefe de OVALE

Líder de homicídios em São Paulo, a RMVale enfrenta uma guerra crescente entre PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho), que transforma bairros inteiros em zonas de disputa e impulsiona a região ao topo dos índices de violência no estado.

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Única área fora da capital a superar a marca de 200 homicídios no ano, segundo dados oficiais divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o Vale é palco do conflito pelo domínio de biqueiras e rotas estratégicas do tráfico.

Dados mostram Vale isolado no topo da violência

Entre janeiro e outubro, a RMVale registrou 228 homicídios e 6 latrocínios, número que mantém a região no topo do ranking estadual apesar de uma queda de 6,5% em relação ao mesmo período de 2024.

Nenhuma outra região do interior ultrapassou a barreira dos 200 assassinatos. Atrás do Vale aparecem Sorocaba (166), Ribeirão Preto (163) e Campinas (161).

A taxa de homicídios por 100 mil habitantes também coloca o Vale como líder absoluto: 11,08 mortes, quase o triplo do índice da capital (4,56) e o dobro da Grande São Paulo (5,56).

Vale Histórico e Litoral Norte são epicentros

As áreas mais sensíveis são o Vale Histórico, que sofre a influência do CV, e também o Litoral Norte. Além disso, o eixo entre São Paulo e Rio de Janeiro é uma rota usada por facções para abastecimento do crime.

Segundo fontes ligadas à inteligência policial, cada biqueira virou uma trincheira numa guerra marcada por execuções, emboscadas e desaparecimentos.

Conflito tem origem em “vácuo de poder” deixado pelo PCC

O confronto atual remonta ao início da década passada. Em 2018, OVALE revelou com exclusividade que o CV avançava sobre cidades do Vale após o PCC deslocar sua atuação para o tráfico internacional. O vácuo permitiu a infiltração de criminosos vindos do Rio, especialmente em Lorena, Cruzeiro, Bananal, Ubatuba e Caraguatatuba.

Quando o PCC percebeu a expansão rival, retomou sua força no varejo das drogas — e o embate ressurgiu com força.

“Vários integrantes do CV foram mortos, gente do PCC também. Houve um período de apaziguamento, mas agora a disputa voltou com intensidade”, relatou a OVALE uma fonte que atua no combate ao crime organizado.

Governador Tarcísio confirma presença de facções cariocas

Em entrevista exclusiva a OVALE, em abril de 2024, o governador Tarcísio de Freitas reconheceu a presença de três facções do Rio — CV, Terceiro Comando (TC) e Amigos dos Amigos (ADA) — em território paulista.

Segundo ele, 80% dos homicídios no Brasil estão ligados a disputas do tráfico, o que explica a escalada de violência no Vale.

Forças de segurança ampliam integração SP–RJ–MG

A SSP reforçou que polícias de São Paulo, Minas e Rio mantêm troca constante de informações para tentar conter o avanço das facções e fechar o cerco nas fronteiras estaduais.

A guerra, porém, segue aberta e o Vale do Paraíba permanece como o principal campo de batalha.

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