
Crédito ou débito?
Na política, o eleitor de Taubaté apostou no novo e decidiu pagar para ver - e, até aqui, está pagando para ver no crédito.
É o que revela o levantamento OVALE/Ágili Pesquisas, publicado com exclusividade nesta segunda-feira (14), trazendo a avaliação do eleitorado taubateano após os primeiros 100 dias de administração Sérgio Victor (Novo). O que diz a voz das ruas?
A administração do novo prefeito é aprovada por 69,4% dos eleitores e reprovada por 19,4%, de acordo com a pesquisa. Já 11,2% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.
O instituto ouviu 400 pessoas entre os dias 9 e 12 de abril. A margem de erro é de 5 pontos percentuais para mais ou para menos, com índice de confiança de 95%.
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O resultado foi recebido com entusiasmo no Palácio do Bom Conselho. Mas, afinal, o que revelam os números?
O levantamento também pediu ao eleitor que classificasse a administração como ótima, boa, regular, ruim ou péssima. O resultado: 9,7% dos entrevistados avaliam o governo como 'ótimo' e 35,9% como 'bom', enquanto 34,1% classificam a gestão como 'regular', 6,8% como 'ruim' e 5% como 'péssima'. Aqueles que não sabem ou não responderam somaram 8,5%.
Cruzando os dados, nota-se que 70% daqueles que avaliam o governo como regular, quando questionados se aprovam ou reprovam o governo, respondem favoravelmente. Traduzindo: denotando boa vontade com a administração, enxergam esse copo meio cheio, não meio vazio.
A pesquisa OVALE revela que Sérgio mantém, até aqui, o crédito depositado nas urnas eletrônicas pelo eleitorado de Taubaté. Apresentando-se como novo, em meio ao caos administrativo vivido após quatro anos de governo do confuso José Saud (PP), Sérgio saiu do fim do grid de largada, cresceu na reta final e, em uma virada surpreendente, deixou para trás Ortiz Junior (então no Republicanos), vencendo a eleição, com 97.450 votos (61,98% dos votos válidos). Um pleito marcado também por uma abstenção recorde (75.876 eleitores, 31,24% do total).
A pesquisa OVALE mostra a manutenção deste apoio. Passados 105 dias de governo, Sérgio não se tornou vidraça. Ainda.
Mais do que a avaliação dos três primeiros meses de gestão, o levantamento mostra que o eleitor mantém o crédito confiado a Sérgio, independentemente das caneladas, trombadas e derrapadas deste início de administração.
O taubateano, em geral, não atribui ao novo prefeito os problemas que afetam o seu dia a dia, como filas na saúde, insegurança pública, as falhas na zeladoria, dores de cabeça no trânsito ou críticas na educação, entre outros áreas e suas respectivas mazelas. No crédito, o eleitor comprou a ideia de que Sérgio assumiu o Palácio do Bom Conselho após o desastroso governo Saud.
Em um rarefeito acerto da estratégia de comunicação, Sérgio convenceu a maioria do eleitorado com a narrativa de que assumiu a prefeitura com um rombo de R$ 1 bilhão nos cofres, garantindo-lhe um salvo-conduto, um álibi, uma trégua para o início da gestão. Pelo menos por enquanto.
Até aqui, os principais imbróglios envolvendo o novo prefeito ficaram restritos a ambientes herméticos, como, por exemplo, a polêmica da regulamentação da concessão dos adicionais de insalubridade, que desagradou o funcionalismo público e motivou até protesto em frente à prefeitura, ou então a truncada relação com o Poder Legislativo, entre outros casos.
Uma questão, porém, que a pesquisa OVALE não responde é: qual é o prazo de validade desta 'lua de mel'?.
A aprovação de 69,4% dos eleitores, acima de tudo, representa uma responsabilidade. Um desafio para Sérgio.
O risco maior, em relação aos números, é o governo confundir crédito com patrimônio político, acreditando, como se diz na linguagem popular, estar por cima da carne seca.
O governo, que ainda peca pela inexperiência, pelo desconhecimento da regra basilar sobre 'a mulher de César' e pela dificuldade de diálogo, agravado por uma comunicação errática, tem nas mãos um crédito escomunal, mas não incondicional.
Taubaté vai cobrar o resultado. A conta vem - e não será quitada com likes.