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Desemprego entre jovens é maior, e informalidade ganha espaço

Por | da Redação
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Reprodução/feac.org.br
Baixa escolaridade, pouca experiência e a dificuldade em conciliar trabalho e estudo têm dificultado a entrada dos jovens no mercado.
Baixa escolaridade, pouca experiência e a dificuldade em conciliar trabalho e estudo têm dificultado a entrada dos jovens no mercado.

Apesar do cenário positivo no mercado de trabalho brasileiro, com geração de empregos formais e queda nas taxas de desocupação, os jovens continuam enfrentando grandes obstáculos para se inserir profissionalmente. No primeiro trimestre de 2024, a taxa de desemprego entre brasileiros de 15 a 29 anos foi de 14,2% — o dobro da média nacional. A informação é da pesquisa Performance dos Jovens no Mercado de Trabalho, do FGV Ibre.

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Fatores como baixa escolaridade, pouca experiência e a dificuldade em conciliar trabalho e estudo têm dificultado a entrada dos jovens no mercado. Segundo dados da PNAD Contínua do IBGE, esse grupo representa 27,4% da população em idade ativa, o equivalente a 48 milhões de pessoas, mas ainda sofre com altas taxas de desocupação e informalidade, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.

No Nordeste, por exemplo, 23,7% dos jovens de 18 a 24 anos estavam desempregados no primeiro trimestre de 2024 — mais que o dobro da taxa registrada no Sul (10,1%). A informalidade também é um entrave: quase 60% dos jovens dessas regiões atuam sem carteira assinada, o que compromete o acesso a direitos trabalhistas e estabilidade profissional.

A maior parte dos jovens entre 18 e 24 anos se concentra em ocupações de baixa complexidade e rendimento, como vendedores de loja, caixas e recepcionistas. Esses cargos, além de oferecerem baixos salários — a média nacional para essa faixa etária foi de R$ 1.726 no período —, exigem pouca qualificação, o que limita o crescimento profissional.

Apesar disso, houve avanços. A taxa de desemprego jovem caiu em relação ao período pré-pandemia (era 19,9% no fim de 2019), e os rendimentos médios vêm crescendo nos últimos anos. Ainda assim, especialistas alertam que a exclusão dos jovens do mercado de trabalho formal pode ter impactos de longo prazo, tanto para o futuro da força de trabalho quanto para a economia do país.

A desigualdade regional e de gênero também se reflete nos números. Em 2023, uma em cada quatro jovens mulheres brasileiras entre 15 e 29 anos não estudava nem trabalhava, segundo dados adicionais do IBGE. Já entre os homens, essa proporção foi de 14,2%.

O estudo reforça a urgência de políticas públicas voltadas à qualificação profissional e ao incentivo da permanência dos jovens na escola, especialmente nas regiões mais vulneráveis. A transição para o mercado de trabalho formal ainda é um desafio estrutural para a juventude brasileira.

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