ENTREVISTA

‘Agro em SP é ciência, inovação e tecnologia’, diz Itamar Borges

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 7 min
Cláudio Capucho/OVALE
Deputado estadual Itamar Borges (MDB)
Deputado estadual Itamar Borges (MDB)

Ex-secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, o deputado estadual Itamar Borges (MDB) acredita que o sucesso do agronegócio paulista se deve a investimentos em “ciência, inovação, pesquisa e tecnologia”.

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“A agricultura de São Paulo não seria o que é se não fosse a tecnologia e inovação, na ciência e os institutos de pesquisas”, afirmou o parlamentar, em entrevista exclusiva a OVALE.

O deputado estadual esteve no Vale do Paraíba na semana passada acompanhando Guilherme Piai, atual secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, que participou de um meeting especial sobre o agronegócio promovido por OVALE, na noite de terça-feira (18), em São José dos Campos.

Na ocasião, Piai se reuniu com um grupo de 30 dos principais empresários, autoridades e líderes da RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba).

Confira trechos da entrevista com o deputado estadual Itamar Borges.

 

O senhor foi secretário de Agricultura de São Paulo. Como avalia a pasta na gestão Tarcísio de Freitas?

É muita coisa dando sequência. Na agricultura, por exemplo, quando tivemos a oportunidade de ser secretário, ao lado do Chiquinho Matuto [ex-secretário de Agricultura de São Paulo], que me sucedeu, nós implementamos e resgatamos programas que não tínhamos mais na agricultura. Havia interrompido a política técnica pública de recuperação e perenização de estradas rurais. Consegui voltar e atendemos de duas a quatro estradas em trechos de cada município do estado, fizemos 5.000 km. Alguns ainda, por questões da empresa que teve algum tipo de problema, estão em fase de conclusão.

E com isso nós garantimos que a secretaria tivesse no seu orçamento a continuidade. Tanto que agora o governador destinou R$ 150 milhões para começar uma nova etapa, além de concluir os antigos e vai repassando novos recursos. É escoamento da produção, é segurança, é valorização da propriedade, é transporte de aluno, tudo isso é beneficiado com a perenização das estradas.

Outro programa que nós criamos e esse não teve novas etapas, mas tem a manutenção, é o Programa Segurança no Campo. Inclusive, quem coordenou e implantou esse programa foi um joseense, o Dr. Antônio Carlos, que coordenou essa implantação. Levamos aos municípios de São Paulo 550 viaturas. Aqui em São José foram três viaturas, aqui no Vale para todas as cidades nós trouxemos, porque aonde tem característica agrícola, característica rural, nós criamos a Ronda Rural, a Patrulha Rural, e destinamos o equipamento para os municípios.

Também uma parceria importante com prefeitura com os municípios foi a distribuição de maquinário.

Foram 2.500 equipamentos e máquinas para 640 municípios. Cinco maiores do ABC, alguns acabaram não se enquadrando. Dentro desse contexto, nós destinamos patrulha agrícola com trator e implementos, retroescavadeira, carregadeira, motoniveladora, caminhão basculante, caminhão pipa.

Isso tudo constituiu uma patrulha que nós destinamos para contemplar a preservação de estrada, reservação de água, represas, que foi fundamental para melhorar a produtividade. Eu diria para você que esses investimentos tiveram impactos que os números demonstram. Hoje, São Paulo, que tem 1/5 do território, por exemplo, do Mato Grosso, é o estado que mais exporta no agro do país.

Qual foi o resultado desses investimentos?

Nós temos uma pequena área de produção comparada com outros estados, Goiás, Mato Grosso, o próprio Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, mas nós somos superiores. Por causa da tecnologia, da produtividade, da primeira, da segunda, da terceira safra, que a tecnologia e a irrigação permitem. E tudo isso tem um fator que foi decisivo para que acontecesse. Que é o investimento em ciência, em inovação, em pesquisa, em tecnologia. E conseguimos, esse foi outro feito que eu me orgulho muito, que foi de resgatar o investimento público nos institutos de pesquisa da secretaria.

Temos o biológico, o de zootecnia, o da pesca, temos também o de laboratórios, temos várias medidas que permitiram, por exemplo, o Centro de Cana lá do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), que é o principal instituto, que é a mãe dos institutos de pesquisa, que desenvolveu hoje, por exemplo, o melhor cultivar de cana de açúcar, que são as mudas principais que dão uma melhor produtividade por hectare.

Na laranja é a mesma coisa, o mundo passando por problemas, alguns estados do Brasil a mesma coisa, e aqui em São Paulo estamos protegidos. E isso valoriza o produto. O café não é diferente e assim sucessivamente, mas tudo deve à agricultura de São Paulo e do Brasil. Não seria o que é se não fosse a tecnologia, inovação, na ciência e os institutos de pesquisas.

Outro ponto que gosto de olhar é aquele olhar que nós tivemos ali na secretaria para o pequeno, para a agricultura familiar, para aquele que não tem suporte. E aí nós reabrimos todas as casas de agricultura, estavam fechadas um pouco pela pandemia e depois não iam voltar mais. E extinguir algumas diretorias inclusive, aqui no Vale, a de Taubaté, em Assis, algumas outras seriam extintas.

Nós conseguimos reativar, fazer concurso, colocar técnicos para dar assistência técnica ao pequeno produtor. O grande não precisa, o grande ele tem o próprio agrônomo, o próprio veterinário. Agora o pequeno precisa. E foi isso que nós fizemos. E com isso nós devolvemos a assistência técnica e o pequeno produtor passou a produzir. Só que quando você dá assistência técnica, ele precisa de outra coisa, recursos.

E aí nós implementamos o Feap, o Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista, o crédito para a agricultura familiar com carência de 1 ano, com subvenção de juros, alguns casos até sem juro nenhum, e tudo isso permitiu a retomada de setores importantes.

Falando do pequeno, eu daria outro destaque que foi aqui em São José, quando da criação do Agropolo que nós implementamos no Parque Tecnológico, com a legislação que regulamentou os produtos artesanais do Estado de São Paulo. Nós tivemos exemplos aqui no Vale de uma queijaria que lamentavelmente teve um episódio de apreensão e descarte dos queijos, que criou uma comoção aqui no Vale, em São Paulo e no Brasil. Foi muito válido porque esse pessoal me procurou e ali nós convencemos o governador a fazer uma nova legislação, e o produto artesanal de São Paulo passou a ser regular, deixou de ser irregular e ele passou a poder ser comercializado com o suporte da defesa agropecuária, da agricultura e com um crescimento importante. Nosso queijo aqui do Vale era campeão mundial na França, era campeão em Minas Gerais e aqui ele era proibido de ser comercializado.

Então, são alguns avanços que foram muito importantes e que eu fico feliz de poder ter contribuído, sucedido os secretários que me antecederam, como Arnaldo Jardim, como Roberto Rodrigues, como Antônio Cabrera, tantos outros secretários, mas também de ter tido a orientação e o apoio deles e agora de ser sucedido pelo Guilherme Piai.

Tivemos um intervalo do Antônio Júlio Junqueira, que ficou por um período, mas não estava bem de saúde, não teve um bom momento, acabou saindo e chegou o Piai que deu essa nova cara que nós estamos muito confiantes, não só dos avanços que já tivemos, mas do que ainda vamos ter.

Até porque o governador Tarcísio é muito sensível ao agro, tanto que agora no final do ano, no vencimento dos benefícios fiscais, ele renovou todos do agro. Todos foram renovados. E isso mostra o quanto é importante. O produto da cesta básica em São Paulo não paga imposto. É isento de imposto. Isso tudo ajuda muito no preço final na ponta do consumidor, mas ajuda também a valorizar a produção tanto para o consumo interno como para exportação.

 

O senhor ficou quanto tempo na secretaria?

Nós tivemos um período de dois anos. Eu fiquei na transição por 6 meses, 10 meses direto e depois o Chiquinho me sucedeu. Depois voltei como deputado para a Assembleia Legislativa de São Paulo, na base do governo Tarcísio de Freitas.

Eu sou da base do governador Tarcísio. O governador tem uma aliança importante com o meu partido, que é o MDB, tanto na questão de governabilidade, como nos projetos futuros.

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