
O prefeito de Caraguatatuba, Mateus Silva (PSD), disse que a cidade tem dívidas que somam R$ 74 milhões com fornecedores e que a cidade está em estado de penúria. A declaração foi feita na manhã desta segunda-feira (24), em entrevista coletiva.
Clique aqui para fazer parte da comunidade de OVALE no WhatsApp e receber notícias em primeira mão. E clique aqui para participar também do canal de OVALE no WhatsApp.
Em sua primeira coletiva, o prefeito fez críticas severas à gestão anterior, do prefeito Aguilar Júnior (PL), que ficou oito anos no cargo.
Mateus fez um balanço do que planeja nos quatro anos de mandato e classificou o estado da cidade como “desolador”.
“É o relaxo com o dinheiro do povo. Manutenção, não existia. Uma mistura de incompetência com má-fé”, disse o mandatário, que assumiu o cargo em 1º de janeiro deste ano.
“Esse sucateamento e deterioração resultam no desalento dos funcionários, na queda de produtividade, na precariedade dos atendimentos, na piora da relação com o munícipe”, completou.
O atual prefeito também colocou em cheque a saúde financeira do município. Segundo Mateus, a prefeitura acumula uma dívida de R$ 74 milhões com 120 empresas, que estariam sem receber da prefeitura desde março do ano passado.
“São notas (fiscais) que vão de R$ 68 até valores milionários, e a dívida [da prefeitura com os fornecedores] é de R$ 74 milhões”, afirmou.
Mateus, que é filho do ex-prefeito Antônio Carlos da Silva, que governou Caraguatatuba por quatro mandatos, questionou a afirmação de Aguilar Júnior de ter deixado R$ 84 milhões no caixa da prefeitura.
Ele apontou que 90% dos R$ 84 milhões anunciados por Aguilar estão comprometidos com despesas obrigatórias.
“Se os R$ 84 milhões estivessem realmente disponíveis, os valores poderiam ter sido quitados pela gestão anterior. Não o foram porque a maior parte desse dinheiro tem destino certo, e não pode ser usada para isso”, disse o mandatário.
Empréstimos.
De acordo com levantamento feito pela equipe do prefeito, a cidade tem R$ 314 milhões em empréstimos, dos quais R$ 69 milhões terão que ser quitados ainda neste ano. Nos quatro anos de sua primeira administração, o valor, segundo ele, é de mais de R$ 277 milhões.
“Algumas dívidas só terminam em 2033. Esses empréstimos vão comprometer não apenas esta, mas as futuras gestões, já que há dívidas que ultrapassam os quatro anos”, afirmou.
Na coletiva, o prefeito apresentou fotos que mostram prédios e aparelhos públicos em mau estado de conservação ou abandonados em diversos locais de Caraguatatuba, como no Tinga, Perequê Mirim e Travessão.
Mateus também afirmou que encontrou “caos instalado na Saúde”, que houve “falta de responsabilidade” e que a “má-gestão” levou a cidade “à beira do colapso”.
“Antes de executarmos o plano de governo projetado para esta gestão, faz-se necessário arrumar a casa. E isso vai levar um tempo, apesar da equipe e todo o secretariado estarem empenhados nisso”, disse.
“Desde a década de 1990 [quando seu pai havia sido eleito prefeito pela primeira vez] não se via uma situação como essa, de caos na zeladoria, nas contas púbicas, na saúde, nos próprios públicos e até o comprometimento no aprendizado das crianças do município”, concluiu.
Outro lado.
Em nota encaminhada a OVALE, o ex-prefeito Aguilar Júnior repudiou as declarações do prefeito de Caraguatatuba e disse que elas são "reflexo da sua falta de preparo, Iincompetência e má fé para tentar desqualificar a minha gestão".
"Em primeiro lugar, é lamentável que o prefeito tente pintar um cenário de "penúria" e "desolação" sem sequer entender a dinâmica financeira de uma Prefeitura. A alegação de que há uma dívida de R$ 74 milhões com fornecedores, demonstra sua incapacidade de interpretar números de gestão", disse Aguilar.
"Todas as administrações municipais trabalham com fornecedores e contratos que possuem prazos de pagamento estipulados. Não se trata de "dívida" e sim Restos a Pagar. Além disso, o próprio prefeito contradiz suas falas ao afirmar que a gestão anterior deixou R$ 84 milhões no caixa da Prefeitura, um montante substancial que comprova a responsabilidade financeira da minha administração. A tentativa de desqualificar esse número alegando que 90% dos recursos estavam comprometidos apenas reforça a falta de conhecimento do novo gestor sobre orçamento público."
"Qualquer pessoa minimamente preparada sabe que receitas vinculadas a despesas obrigatórias fazem parte da governança municipal e não significam descontrole financeiro, mas sim planejamento responsável. A cidade de Caraguatatuba avançou muito nos últimos anos, com investimentos expressivos na modernização de escolas, ampliação dos serviços de saúde e manutenção contínua da cidade. Se há "lacunas", elas estão sendo criadas pela inércia do atual governo, que prefere se escorar na gestão Aguilar Junior ao invés de trabalhar para trazer soluções reais para a população", afirmou o ex-prefeito.
Aguilar continuou: "Os contratos firmados foram executados conforme previsto, e qualquer pendência financeira deve ser analisada dentro do contexto orçamentário e das regras fiscais vigentes. Muitas vezes, processos de pagamento envolvem trâmites administrativos que transcendem gestões. Ao contrário do que o atual prefeito pensa, julgar os atos e a capacidade administrativa do antigo gestor cabe ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, órgão que aprovou todas as contas do gestor Aguilar Junior".
"A manutenção da cidade sempre foi prioridade, com investimentos contínuos na frota, na limpeza urbana e em contratos essenciais. Se houve notificações a empresas terceirizadas, cabe à atual gestão tomar as medidas cabíveis dentro dos contratos firmados. Os veículos sucateados foram substituídos por veículos locados. A minha administração investiu fortemente nos serviços de saúde com a ampliação de leitos, construção de novas UBS’s e duas UPAS, criação do Pró-Mulher, garantindo atendimento à população e suportando, inclusive, no período de pandemia. Problemas de infraestrutura e abastecimento de medicamentos devem ser analisados com base em registros técnicos e não apenas em avaliações subjetivas. A inclusão escolar sempre foi uma prioridade e os dados precisam ser estudados com profundidade. Foram mais de 5 mil vagas criadas na rede municipal de ensino."
Por fim, Aguilar disse que Caraguatatuba "merece mais do que um prefeito que tenta mascarar sua falta de preparo". "A cidade precisa de liderança séria e comprometida, e não de um governante que insiste em olhar pelo retrovisor e culpar os outros por sua própria incapacidade".
Comentários
1 Comentários
-
Gilberto Almeida 25/02/2025Narrativas e narrativas, políticas e eleitoreiras. O Tribunal de Contas - que infelizmente é composto por indicações políticas - deveria contratar uma auditoria independente pra apresentar dados reais da administração. Caragua está precisando.