VISITA HISTÓRICA

O dia em que o campeão Ayrton Senna visitou a Embraer em São José

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução / Embraer
Senna em um avião da Embraer
Senna em um avião da Embraer

Tricampeão de Fórmula 1 pela equipe McLaren, o piloto Ayrton Senna visitou as instalações da Embraer em São José dos Campos, em dezembro de 1992, há mais de três décadas.

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Menos de dois anos depois, em 1º de maio de 1994, ele morreria aos 34 anos durante o Grande Prêmio de San Marino da Fórmula 1, em Ímola, na Itália. O brasileiro estava no auge da carreira.

Em podcast do canal Motorsport Brasil, o engenheiro Octavio Guazzelli, que trabalhou para a equipe italiana Minardi, relembrou o episódio. Ele contou que a visita de Senna praticamente “parou a Embraer”.

No fim dos anos 1980, Guazzelli e seus sócios brasileiros criaram um dispositivo de leitura de dados de um carro de F1 (telemetria) tão eficiente que, além de colocá-los na Minardi, chamou a atenção da Ferrari, uma das pioneiras da telemetria e para a qual ele acabou trabalhando. Foi nessa época que ele conheceu Ayrton Senna, com quem desenvolveu uma amizade.

“Em 1992 eu tinha projeto com a Embraer de desenvolvimento da parte de chassi, pensamos em aerodinâmica e tinha parte de ergonomia do piloto que contava muito, a gente tinha projeto com a Embraer, com o engenheiro Ozires Silva e Guido Pessotti, que era diretor técnico, e depois passou para o Horácio Forjaz”, contou Guazzelli.

“Eu tinha esse projeto embrionado e convidei o Ayrton para conhecer, e ele foi comigo. Em dezembro de 1992 fomos à Embraer para ele conhecer e visitar. Ele foi com o helicóptero [dele]: eu, ele e o piloto dele”, contou o engenheiro.

“Parou a Embraer, porque as pessoas não esperavam. Ozires [Silva] estava recebendo a imprensa no final de ano. Eu queria que ele [Senna] conhecesse o projeto. Éramos uma empresa e estávamos abertos a oportunidades, tínhamos trabalho com a Minardi”, afirmou Guazzelli. “Eu tinha uma relação pessoal com ele [Senna], fui convidado algumas vezes para ir na casa dele, ir a Angra dos Reis”, completou.

Visita.

Na época, a visita de Senna repercutiu e o jornal Bandeirante noticiou a passagem do piloto pela Embraer, que disse ao periódico se tratar de uma “visita à mineira”.

“Além de sua reconhecida paixão pelos carros, também cultiva interesse por todo e qualquer tipo de tecnologia avançada. Na Embraer, acompanhado do diretor Técnico Horácio Forjaz e do diretor de Produção Juarez de Siqueira Britto Wanderley, Senna conheceu de perto a Seção de CAD-CAM, os ‘rigs’ eletrônicos do AMX e do CBA-123, além das áreas de materiais compostos e usinagem. Na equipe do piloto, estavam o irmão Leonardo Senna e Octavio Guazelli, da Tetra Fórmula 1”, informa a matéria.

Na ocasião, Forjaz destacou a proximidade entre os carros de Fórmula 1 e as aeronaves. “São produtos diferentes na forma, mas bastante parecidos quanto às necessidades. A Embraer já estudou a possibilidade de ensaios em carros de fórmula 1. Há condições de adaptabilidade. A necessidade de parâmetros, informações, são alguns dos fatores de aproximação tecnológica entre essas máquinas”, explicou o então diretor da Embraer.

Senna informou ter procurado a Embraer para se inteirar dessa “avançada tecnologia empregada nas aeronaves”. Ele ouviu atentamente a explicação dos técnicos, checou pessoalmente alguns procedimentos e deixou suas impressões sobre o potencial da empresa.

“Conheci outras indústrias aeronáuticas e fica difícil estabelecer comparações. Como leigo, a impressão que tenho é que existe aqui toda uma força, tanto tecnológica como humana para ser explorada”, disse Ayrton Senna.

A matéria confirma que o tricampeão havia chegado em São José em seu helicóptero particular e a visita foi encerrada às 17h. “Durante todo o trajeto distribuiu vários autógrafos e na despedida foi surpreendido por um grande número de funcionários, que aguardavam uma chance de conhecer de perto esse ídolo”.

Embraer.

No próprio site da Embraer, em página sobre detalhes da história da companhia, a visita de Senna é rememorada.

“Senna apareceu na fábrica da Embraer em São José dos Campos. Queria se inteirar da tecnologia empregada nas aeronaves, buscando pontos em comum com os carros de corrida. Senna demonstrou particular interesse na área de materiais compostos, que visavam tornar as aeronaves cada vez mais leves e eficientes”, diz a fabricante.

“[Senna] passou pelos hangares onde era produzido o EMB 110 Bandeirante e o EMB 120 Brasília; pilotou os rigs eletrônicos do caça AMX e da aeronave CBA 123, a mais avançada na categoria.”

Segundo o relato da Embraer, por onde Senna passava dentro da fábrica “a reação das pessoas era imediata, e ele fazia questão de atender a todos com atenção”.

E completa a empresa: “Ao final da visita, foi surpreendido por uma multidão de colaboradores que aguardavam ansiosos por uma chance de ver o ídolo de perto”.

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