O Ministério Público Eleitoral quer que a Polícia Federal investigue a denúncia feita pela campanha do candidato Eduardo Cury (PL) apontando possível manipulação de vídeos apresentados pela campanha do prefeito Anderson Farias (PSD) sobre usuários de drogas em São José dos Campos.
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O pedido foi feito neste domingo (27), dia da votação do segundo turno das eleições municipais, disputadas por Anderson e Cury em São José.
A representação criminal foi feita pela Delegacia da Polícia Civil de São José após a campanha de Cury registrar um boletim de ocorrência por difamação, alegando que a campanha de Anderson teria manipulado o depoimento de usuários de drogas em São José, que aparecem em vídeos, com o objetivo de difamá-lo.
O registro do BO é uma reação de Cury à denúncia feita pela campanha de Anderson de que o candidato do PL teria pagado por depoimentos falsos de usuários de drogas para que dissessem ter vindo da Cracolândia da capital paulista para São José.
Como revelado por OVALE, a Cracolândia ganhou papel central no embate entre as duas campanhas após o debate da última sexta-feira (25), na TV Vanguarda.
Troca de acusações.
No debate, Cury afirmou que São José tem usuários de drogas que vieram transferidos da Cracolândia para a cidade. Anderson desafiou Cury a mostrar “um único” usuário de drogas da capital que tenha sido trazido para São José.
Durante a madrugada de sábado, a campanha de Cury postou um vídeo nas redes sociais mostrando dois usuários de drogas afirmando que vieram da Cracolândia para São José, e que não teriam tido nenhuma assistência por parte da prefeitura.
A reação da campanha de Anderson foi de desqualificar os vídeos e acusar Cury de manipular os depoimentos para iludir o eleitor. Coordenador da campanha de Anderson, Sergio Theodoro, o Theo, disse a OVALE que os depoimentos foram manipulados e que os dois usuários de droga receberam R$ 30 cada um para dizer que vieram da Cracolândia, quando seriam de São José.
“[Cury] pegou depoimento de dois moradores da cidade, pagando para eles e que são dependentes químicos, dizendo que tinham vindo da Cracolândia e que a prefeitura não dava apoio a eles”, disse Theo.
Ainda no sábado, a campanha de Anderson enviou ao promotor eleitoral uma notícia de fato acusando Cury e coligação de divulgar fato que “sabiam inverídico”. “Ao que tudo indica, a campanha de Eduardo Cury pagou moradores de rua joseenses para que dissessem, falsamente, que seriam originários da cracolândia de São Paulo”, diz trecho a denúncia.
Reação.
Por sua vez, a campanha de Cury reagiu e disse que Anderson acusava “falsamente” o adversário de “pagar pelo depoimento de usuários de drogas em situação de rua na cidade”.
O candidato do PL disse que os vídeos apresentados pelo prefeito foram manipulados. “Para isso, [Anderson] usa vídeos de dois rapazes gravados dentro de uma sala, sob a possibilidade de estarem sendo coagidos. Faz a denúncia, inclusive, expondo os rostos de ambos, em um condenável desprezo pela condição de vulnerabilidade destas pessoas. Em um dos vídeos divulgados pela coligação de Anderson, é possível ouvir claramente um interlocutor tentando orientar o depoente sobre o que deveria falar”, diz trecho do comunicado de Cury.
A nota termina informando que a coligação de Cury relatou os fatos à Polícia Civil e à Justiça Eleitoral e aguarda uma “rigorosa investigação dos fatos”.
Investigação.
Neste domingo, o MP requereu envio dos autos à Polícia Federal para a investigação dos vídeos, para descobrir se foram de fato manipulados e por quem. O pedido é assinado pelo promotor de Justiça Eleitoral Flávio Boechat Albernaz.
O Código Eleitoral prevê detenção de três meses a um ano, e pagamento de 5 a 30 dias-multa pelo crime de difamação “na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação”: