Habemus 2º turno.
Após 28 anos, a eleição em São José dos Campos será definida no segundo turno, e a disputa promete ser dura, acirrada e histórica.
Neste domingo, ao fim do 1º turno, as confiáveis urnas eletrônicas apresentaram o prefeito Anderson Farias (PSD), candidato à reeleição, na liderança, com 39,66% dos votos, seguido por Eduardo Cury (PL), com 25,96%, que também estará no 'tempo extra' da eleição. Na sequência aparecem Dr. Elton (União), com 19,89%, que comprovou ser a terceira via da corrida, Wagner Balieiro (PT), com 11,67%, e lá na atrás o Prof. Wilson Cabral (PDT), com 2,38%, e Toninho Ferreira (PSTU), com 0,45%.
O resultado se assemelha à tendência captada pelo levantamento OVALE/Ágili Pesquisas, divulgado no dia 30 de setembro, em que Anderson apareceu, pela primeira vez, à frente da corrida ao Paço Municipal, fora da margem de erro, isolando-se na dianteira, deixando Cury brigando com Elton por uma vaga no 2º turno.
Contando os votos válidos, a pesquisa OVALE apontava: Anderson com 38,9%, Cury com 28,8%, Elton com 19,4%, Balieiro com 9,7%, Cabral com 1,7% e Toninho com 1,5%.
O levantamento OVALE mostrou um ponto de inflexão na campanha -- até aquele ponto, Cury havia liderado numericamente todas as pesquisas, seja de OVALE ou de outros institutos, como Ipec, Paraná Pesquisas e Real Time Big Data. Em meados de setembro, por exemplo, duas pesquisas colocavam Cury com 13 e 16 pontos de vantagem sobre Anderson, que chegou a figurar, numericamente, em terceiro, empatado tecnicamente com Elton.
Já na última semana, novos levantamentos do Ipec e da Quaest indicavam empate técnico entre Anderson e Cury, mas com distâncias mais modestas.
A voz das urnas neste 1º turno concretizou uma sensação de que, na reta final, Anderson cresceu, Cury desidratou e Elton avançou, a ponto da campanha do PL temer perder a vaga no 2º turno.
Como explicar uma guinada tão drástica? Anderson caminhou passo a Paço, Cury deu um Paço em falso.
Até a metade de setembro, nos primeiros 20 dias de campanha de rádio e televisão, Cury era quem dava as cartas na eleição. Após hibernar por meses na pré-campanha e até mesmo em agosto, quando os adversários já estavam em campo, o candidato do PL começou o mês de setembro um tom acima de Anderson, colocando o oponente nas cordas, sequestrando a campanha rival com o mote das dívidas da prefeitura.
Essa mudança não foi à toa.
Ainda na pré-campanha, no início de junho, pesquisa OVALE mostrou Cury isolado na corrida, com de 16 a 18 pontos percentuais de vantagem. De lá até o dia 22 de agosto, quando novo levantamento foi publicado por OVALE e mostrou que a distância havia se transformado em um empate técnico, Cury submergiu -- não deu entrevistas, não foi ao debate da Band, enfim, não foi candidato.
Por isso, mudou o tom e entrou setembro com uma campanha bem feita, com aposta no arco de aliados (Emanuel, Bolsonaro, Tarcísio, Nikolas Ferreira, etc), endurecimento do discurso contra Anderson e os problemas da cidade (licitação do transporte, dívidas do IPSM, avanço do crack na cidade, etc).
No entanto, quando recuperou a vantagem, 15 a 20 dias depois, a impressão é que a campanha de Cury puxou o freio de mão, mudou o tom e a estratégia, buscou, novamente, administrar a vantagem. Péssima decisão.
Anderson saiu das cordas, criou fatos novos, como o retorno do filho João, passou a fustigar o antigo aliado, com ataques que surtiram efeito e usaram táticas de "guerrilha eleitoral". Outra mudança importante foi se apresentar ao eleitor, já que vive a primeira eleição como cabeça de chapa, tentando transformar a boa avaliação de seu governo em intenções de voto.
Paralelamente a isso, com Cury reduzindo a marcha, Elton intensificou o tom das críticas a Anderson, usando de forma eficaz o seu time de marketing digital, muitas vezes traduzindo pontos levantados pelo PL para uma linguagem mais moderna, e assim avançou ainda mais sobre o eleitorado de centro e direita conservador, onde seus oponentes também buscavam votos. Por isso, se Anderson e Elton crescem, Cury cai.
Nem mesmo a vinda a São José do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), considerada um trunfo, surtiu o efeito esperado para a campanha de Cury.
O 2º turno é, de fato, uma nova eleição. No entanto, é inegável que Anderson leva para o segundo tempo da disputa uma vantagem importante. Os votos dos eleitores de Elton, que adotou um tom bastante crítico ao atual prefeito, em tese, podem tender mais para Cury. Na prática, isso acontecerá? E o eleitorado do PT, se dividirá?
Fato é, na segunda parte do jogo, em desvantagem, Cury deve subir o tom. Que venha o 2º turno.
Comentários
1 Comentários
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Jorge Reis 07/10/2024O que está certo não deve mudar ,e o que foi péssimo não pode voltar !