A tentativa de invasão do território paulista por facções criminosas do Rio de Janeiro, contra-atacadas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), provocou uma escalada de violência na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, a região mais violenta de São Paulo, com 8 das 10 cidades com o maior índice de homicídios por 100 mil habitantes no estado. A afirmação foi feita a OVALE pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
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A RMVale é o campo de batalha entre os "irmãos" do PCC e criminosos cariocas de grupos como o CV, TC (Terceiro Comando) e o ADA (Amigos dos Amigos). Em disputa estão o controle de pontos de venda de droga, no varejo e no atacado. Devido à Via Dutra, que liga as duas maiores cidades do país, o Vale tem papel estratégico para o escoamento de drogas e armas.
De acordo com o Palácio dos Bandeirantes, em uma guerra contra o PCC, foram deflagradas uma série de operações com objetivo de atacar, principalmente, o caixa da facção nascida em Taubaté, no dia 31 de agosto de 1993, no "Piranhão" -- o pavilhão anexo à Casa de Custódia, que recebia à época os presos mais perigosos do regime prisional paulista.
"O estado de São Paulo, em termos de homicídios, é o estado mais seguro do Brasil, tem a menor taxa do Brasil, com 5,6 homicídios por 100 mil habitantes, ou seja, uma taxa menor do que a dos EUA e a menor taxa brasileira. O que não dá para a gente comemorar, porque a gente sabe que isso tem muito a ver como o crime está distribuído ao longo do nosso território. O Vale sofre mais porque sofre a tentativa de invasão de facções criminosas que estão no Rio de Janeiro e estão tentando entrar no território de São Paulo, e aí a gente enxerga a contenção do crime organizado de São Paulo. 80% dos homicídios ocorridos no Brasil estão relacionados a disputas por pontos de tráfico de drogas e é por isso que o Vale é mais violento, porque existe de fato uma disputa entre facções que vem do Rio de Janeiro e a facção que é dominante, hegemônica em São Paulo", afirmou Tarcísio.
De acordo com o governador, novas ações estão sendo planejadas. Também tem sido estreitada a relação com as forças de segurança do Rio de Janeiro e Minas Gerais. As três cidades mais violentas de São Paulo estão no Vale Histórico (ver abaixo neste texto), que faz divisa com o Rio.
"A gente está promovendo um grande combate à facção hegemônica de São Paulo, a gente está fazendo as maiores ações da nossa história, combatendo muito a questão da lavagem de dinheiro, dos negócios lícitos que têm como objetivo mascarar os ganhos com o tráfico internacional de drogas o ganho ilícito. Então, já fizemos operações em cima dos transportes coletivos, já fizemos operação em cima da infiltração nas prefeituras, estamos planejando outras operações, acabamos de fazer uma grande [operação] no centro da cidade de São Paulo, que tinha como objetivo combater esse ecossistema criminoso [na cracolândia]".
VIOLÊNCIA.
Atualmente, a RMVale tem taxa de 13,06 homicídios por 100 mil habitantes, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Os sete primeiros lugares do ranking das cidades mais violentas do estado são ocupados por municípios do Vale – eram cinco na lista anterior. Cruzeiro lidera com 38,69 vítimas de homicídio por 100 mil habitantes, com Lorena em segundo (24,75). As outras são Guaratinguetá (24,57), Caraguatatuba (24,47), São Sebastião (22,08), Ubatuba (19,36) e Caçapava (17,67). Araçatuba caiu para a oitava colocação da lista, com taxa de 17,36, seguida por Pindamonhangaba (15,72), que ocupa o 9º lugar.
“Se conseguirmos ter uma efetividade no que diz respeito ao combate do tráfico de drogas na região do Vale do Paraíba, os indicadores de homicídio, os indicadores criminais vão ceder. O reforço do efetivo e o uso de inteligência serão os nossos aliados para melhorar a situação no Vale”, afirmou o governador.
Em entrevista a OVALE, o governador prometeu instalar novos batalhões da Polícia Militar e reforçar o efetivo policial no Vale do Paraíba para combater o crime na região mais violenta de São Paulo (leia aqui).
"O Vale do Paraíba vai ser um lugar prioritário para o uso da Muralha Paulista. Ou seja, todo um arranjo de integração de dados, integração de informações, integração de sensores. A nossa ideia é ter mais sensores e usar esses sensores para predizer comportamento criminoso, para que a gente possa, de fato, fazer com que a gente disponha melhor o efetivo policial e combata a mobilidade criminal. É pegar uma quantidade enorme de sensores, pegar essas informações, jogar em um ambiente de nuvem, ou seja, tudo aquilo que é produzido nas câmeras de concessionárias de rodovia, que é produzido pelas prefeituras, pela iniciativa privada, tratar essa informação, usar a inteligência artificial e poder dispor o nosso efetivo com mais velocidade e combatendo, desta forma, o crime".