PROBLEMA SOCIAL

PM impede distribuição de comida a morador de rua no centro de São Paulo, diz ONG

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) reiterou não ser necessário a TPU para projetos sociais e disse ter marcado uma reunião com o comando da PM para esclarecimentos.

Por Bruno Lucca | 19/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min
da Folhapress

Reprodução/C.E.U - Estrela Guia/Facebook

Após a abordagem, as marmitas do CEU Estrela Guia foram distribuídas em outro ponto da cidade.
Após a abordagem, as marmitas do CEU Estrela Guia foram distribuídas em outro ponto da cidade.

Representantes de uma ONG afirmam que foram impedidos por policiais militares de distribuírem marmita a moradores de rua no centro de São Paulo durante a noite desta quinta-feira (18).

Leia também: Presença de moradores de rua é a maior reclamação de quem vive no centro de SP

Segundo o relato, voluntários do Instituto CEU Estrela Guia chegaram ao Pateo do Collegio por volta das 20h, momento no qual foram bloqueados por uma viatura da polícia.

Ainda segundo a entidade de ação social, os policiais afirmaram que a distribuição de comida só poderia ser feita caso os voluntários tivessem uma TPU (Termo de Permissão de Uso) - documento que ambulantes e outros comerciantes precisam para trabalhar em calçadas e outras vias públicas da cidade.

O termo, porém, não é necessário para ações de distribuição de alimentos, de acordo com a prefeitura.

Fundador da ONG, Denisson D'Angiles disse que usou esse argumento com os policiais. "Eles, porém, diziam haver uma determinação da prefeitura [em vetar a distribuição]", afirmou ele, que também é sacerdote de Umbanda.

Em entrevista coletiva na manhã desta sexta (19), o prefeito Ricardo Nunes (MDB), reiterou não ser necessário a TPU para projetos sociais e disse ter marcado uma reunião com o comando da PM para esclarecimentos.

Já a SSP (Secretaria estadual da Segurança Pública) disse estar analisando as circunstâncias do caso.

Após a abordagem, as marmitas do CEU Estrela Guia foram distribuídas em outro ponto da cidade, deixando "mais de 400 pessoas sem alimento", afirma Denisson. "Faço esse trabalho há mais de 20 anos e isso aconteceu pela primeira vez."

O número de sem-teto na cidade de São Paulo teve aumento de 31% durante a pandemia. Segundo censo divulgado pela gestão municipal, em 2021 havia 31.884 pessoas vivendo nas ruas, 7.540 a mais do que o registrado em 2019 (24.344). Em relação a 2015, o número dobrou.

Enquanto isso, as ações da gestão Nunes em relação aos moradores de rua são consideradas ruins ou péssimas para 73% dos paulistanos, segundo pesquisa Datafolha publicada no início de setembro.

O percentual aumentou em relação a levantamento sobre o assunto feito em abril do ano passado (63%). Na pesquisa mais recente, 8% julgaram as ações como ótimas ou boas e 18%, como regulares.

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1 COMENTÁRIOS

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  • Tati
    19/04/2024
    Se a prefeitura proíbe e manda os policiais pra impedirem, todos que estão ali a espera de um prato de comida, deviam ir até a prefeitura pra serem acolhidos, tomarem banho, se alimentarem e dormirem! Simples assim! O trabalho dessas ONGs é pra aliviar aquele momento que o sujeito está passando e não resolverão o problema dele, mas aliviarão aquele momento. Ninguém está nas ruas pq quer... é deprimente estar nas ruas.