SUPERAÇÃO

VÍDEO: Pai corre prova com a filha que tem paralisia: ‘Vale mais do que pódio’

Ricardo Queiroz correu com a filha Helena Aparecida em um triciclo adaptado em uma prova de 5 km

Por Xandu Alves | 29/03/2024 | Tempo de leitura: 4 min
São José dos Campos

Divulgação / Arquivo Pessoal

Ricardo e Helena durante a prova em Guará
Ricardo e Helena durante a prova em Guará

Helena corre para a vitória. Ela não chega em primeiro lugar e muito menos bate recorde. Mas é uma campeã. Da vida.

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Aos 9 anos, Helena Aparecida tem limitações motoras em decorrência de uma paralisa cerebral identificada quando ela ainda estava em gestação na barriga da mamãe, Mariana Hasmann. A família mora no bairro Pingo de Ouro, em Guaratinguetá.

“Minha mulher passou mal na gestação e teve uma pequena falta de oxigenação. O médico pediu para acompanhar semanalmente a evolução da Helena. Ele não tinha um diagnóstico fechado e até poderia virar uma hidrocefalia”, contou o pai, o técnico de distribuição de energia Ricardo Queiroz, 41 anos.

“Ela foi acompanhada e se manteve o estado estabilizado. Quando ela nasceu foi onde fechou [o diagnóstico] da paralisia cerebral. A parte motora não tinha sustentabilidade do tronco, da cintura para cima.”

QUALIDADE DE VIDA.

A partir daí, Mariana e Ricardo, ao lado de dois filhos, entraram numa luta constante para melhorar a qualidade de vida da pequena Helena. Procuraram médicos e fizeram diversas atividades e tratamentos com ela, incluindo fisioterapia, terapia com cavalos e em piscina.

“A evolução que ela teve foi extraordinária. De 10%, hoje ela tem 85%, e ainda pode melhorar. Tem as suas limitações, mas tem as adaptações. A musculatura dela é diferente. Ela cansa mais rápido”, disse Ricardo.

“Ela consegue se comunicar de acordo com o jeito dela. A gente entende bem o que ela fala, tem boa conversa e raciocínio. O neuro que a acompanha diz que a parte cognitiva dela é muito boa, ela entende bem.”

SEDENTARISMO.

Eis que em plena pandemia da Covid-19, em 2020, Ricardo resolve sair do sedentarismo para conseguir ajudar Helena cada vez mais, e não correr o risco de desfalcar a família num eventual problema de saúde.

E correr é a palavra certa. Ricardo começou a se exercitar regularmente e a fazer corrida de rua depois de assistir lives gratuitas pela internet do preparador físico e ex-atleta Norton Mello.

Aos poucos, ele foi conquistando a rua e melhorando o preparo físico. A mulher o incentivava e acompanhava. E o casal decidiu levar Helena junto para correr. Começou aos poucos, perto da casa da família.

“Perdi 15 quilos depois que comecei a correr. Antes, amarrar um cadarço era difícil. Entrou tudo na minha mente, a questão da saúde, e isso foi me incentivando a correr na rua”, disse Ricardo.

“Comecei a correr pensando em correr com Helena. Fazia uns treinos com a cadeira de rodas dela. Para ver a minha filha feliz, a gente faz qualquer coisa. Resolvemos levar ela junto e começamos a correr em algumas oportunidades.”

TRICICLO PARA HELENA.

Mariana encontrou um triciclo específico para corrida de pessoas com paralisia. Eles foram atrás do fabricante e a cadeira ficou pronta na última quarta-feira (20), em São Paulo. E a estreia no asfalto não poderia ser de qualquer jeito. Tinha que ser numa corrida pra valer.

Ricardo e Helena correram juntos a 2ª Corrida Super K Buriti Shopping Guará, que aconteceu na manhã do último domingo (24). O evento foi organizado pela Super K, empresa que incentiva a participação de pessoas com deficiência (PCD), fornece os kits e não cobra a inscrição, além de dar suporte às famílias.

Pai e filha percorreram os cinco quilômetros da prova com muita disposição e alegria, para delírio de quem foi assistir à corrida e viu um exemplo de amor e dedicação, com Ricardo empurrando o triciclo de Helena.

“Ela gostou demais. A felicidade dela foi incrível. Acordamos 4h30 e ela já estava ansiosa pela corrida. Foi uma experiência maravilhosa, o pessoal todo nos incentivando e dando apoio”, contou o pai.

Com o triciclo caprichosamente pintado de rosa, a menina e o pai correram com o número 5502 e cruzaram a linha de chegada para a alegria da torcida e da família, e da pequena corredora que vibrou com a experiência. Nas redes sociais, o vídeo de pai e filha correndo em Guará viralizou e recebeu dezenas de comentários positivos.

“Não é fácil. Não é pesado, mas com o tempo o triciclo e o peso dela vão tornando a prova mais difícil. Pedi para Deus me dar força para conseguir concluir a prova. Ela adorou.”

MAIS CORRIDAS.

“Vamos levá-la em outras provas e a minha expectativa é fazer isso mais vezes. Adquirimos o triciclo para incluí-la no esporte, para ela participar. Não é porque minha filha tem uma limitação que vou deixar de incluir. Vamos fazendo aos poucos, tudo ao seu tempo”, afirmou o pai.

Além das corridas, o triciclo pode ser adaptado a uma bicicleta, atividade que a família já programa para fazer com Helena.

Ricardo terminou a corrida com a certeza de que levava uma campeã, mesmo sem troféu ou pódio. Não são necessários. Para a família, o sorriso de Helena é uma medalha olímpica. Reluz como ouro e inspira a todos.

“A maior medalha é a alegria da minha filha (Ricardo chora). A vitória é vê-la feliz, participando do mesmo que eu. Não é troféu, medalha ou pódio, mas a alegria da filha poder participar e se sentir incluída no esporte. Não é para ela ver a gente participando, mas ela participar junto. Ela viver a experiência. Pode até demorar a completar o circuito, mas o prazer é vê-la sorrindo.”

Ricardo e Helena
Ricardo e Helena
Na corrida, pai e filha emocionaram a torcida
Na corrida, pai e filha emocionaram a torcida
Ricardo e Helena
Ricardo e Helena

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