E., que ainda não foi ouvido pela polícia e tem paradeiro desconhecido, afirmou à reportagem, por meio de mensagens de áudio e textos via WhatsApp, que não teve intenção de matar Nicolas. Os dois se envolveram em uma briga, por volta das 23h30 da quarta-feira, e E. pegou uma cadeira e atingiu a cabeça do ex-atleta. Nicolas foi socorrido pelo pai, mas não resistiu aos ferimentos.

Nicolas havia sido namorado da atual companheira de E, há quatro anos. De acordo com a versão do investigado, o ex-jogador já teria feito ameaças à ex-namorada. Por isso, E. e Nicolas já teriam conversado e, aparentemente, colocado um ponto final no problema entre eles. No entanto, segundo E., no domingo (dia 10) anterior à morte, Nicolas teria assediado a jovem novamente. 

BRIGA E MORTE.

Já na última quarta-feira, quando dava carona para dois amigos, acompanhado pela namorada, E. viu Nicolas bebendo na esquina de sua casa com um colega e decidiu parar para conversar. Houve um novo desentendimento, que levou a uma briga.

"No último domingo, ele mexeu com a minha namorada, assediou ela, seguiu ela. Aí na quarta-feira, estávamos eu e ela no carro e dois colegas me pediram carona, aí fui levá-los e encontrei com o Nicolas no caminho. Aí, eu parei, fui conversar com ele. Só que em momento algum os meus colegas que estavam no carro entraram no meio. Eu estava conversando com ele, provavelmente ele estava alterado, com certeza devia ter usado alguma droga, pelo jeito que ele estava. Aí a gente estava conversando, ele começou a falar umas bobeiras, umas palavras a mais, e resultou que a gente saiu em agressão corporal, mas só eu e ele, ninguém entrou no meio para segurar ele, nada, foi entre eu e ele só. Aí tinha uma cadeira na calçada e acertei a cadeira nele, jamais imaginava que ia chegar a matar ele", contou E. à reportagem de OVALE.

Após agredir Nicolas com a cadeira, o investigado fugiu do local. O caso aconteceu na rua Augusto Ferreira Vinhas e o ex-jogador foi levado pelo próprio pai ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos. "Em nenhum momento eu tive a intenção de matar ele. Fiquei sem reação na hora e me evadi do local", afirmou E. à reportagem de OVALE.

Ele afirmou que vai se apresentar à polícia nesta semana, acompanhado pelo advogado, para contar a sua versão sobre o caso. E. disse ainda que ele e a companheira têm sofrido ameaças. "Estou arrependido do que aconteceu, vou deixar que a justiça seja feita", declarou à reportagem.

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Veja abaixo o relato feito por E., por escrito, à reportagem de OVALE:

"Bom, para começar ele [Nicolas] é um ex-namorado dela [de sua atual companheira] há mais de 4 anos atrás. Ele já teve problemas com outros namorados que ela já se relacionou e não diferente comigo e inclusive ela já sofreu ameaças e agressões da parte dele. Desde o início do nosso relacionamento as provocações da parte dele voltaram, como ele não aceitasse o término, como o bairro é muito pequeno constantemente nos encontrávamos e ocorria provocações e ameaças, até que um certo dia nós encontramos em um mesmo bar do bairro, e teve ameaças da parte dele, como 'vai morrer' e 'hoje estou do jeito que o diabo gosta'. Mas, como estávamos em efeito de álcool, deixei para conversar quando estivéssemos sóbrios. Certo dia encontrei ele e conversamos sobre… ele disse que não tinha nada contra mim e não queria intriga comigo e encerramos por aí, para mim tinha se resolvido por ali.

Dias antes do ocorrido, em um domingo para ser mais específico, minha namorada [estava] voltando pra casa por volta das 23h, ele passou por ela e disse 'vai morrer'. Aparentemente, pelo que ela disse, ele estava alterado, e começou a segui-la, tentando passar a mão no cabelo dela, assediando até na rua de sua casa.

Na quarta-feira, no dia do acorrido, estávamos eu e ela e mais dois amigos da minha parte, que eu estava dando uma carona. Passei e vi ele [Nicolas] parado na esquina de sua casa, bebendo com um colega. Ele estava aparentemente alterado, parei para conversar. Durante a conversa teve provocações da parte dele e que acabou resultando em agressões físicas de ambas as partes, e no calor da emoção eu vi uma cadeira na calçada e acabei pegando e acertando ele com a cadeira. A única que ficou para tentar separar foi a minha mulher, que tentou separar, mas sem sucesso. Mas em nenhum momento eu tive a intenção de matar ele. Fiquei sem reação na hora e me evadi do local, mais em momento algum entrou alguém no meio da briga para agredi-lo".

O CASO.

A trágica história aconteceu nesta quarta-feira (13), às 23h30, e está sendo investigada pela Polícia Civil. Com intenso sangramento na cabeça, o jovem Nicolas foi socorrido pelo pai, mas morreu assim que chegou ao hospital, no começo da madrugada. O caso, classificado como homicídio simples consumado, está sendo investigado pela equipe de homicídios do Deic (Departamento Especializado de Investigações Criminais) de São José.

Nas redes, amigos e parentes se despediram do jovem.
"Que notícia triste, perdemos um excelente atleta de futebol, meus sinceros sentimentos!", disse um amigo. "Que Nossa Senhora carregue no colo o Nicolas e que Deus conforte os corações de todos da família!", postou outro.

O corpo de Nicolas foi sepultado nesta quinta-feira no cemitério de Eugênio de Melo. O atleta vestiu a camisa do São José em 2020, na categoria sub-20, além de ter atuado pelo Joseense e pelo Maringá (PR).

"Descansa em paz, irmão, que a justiça seja feita, mas a justiça incuberta, nós que vai (sic) fazer a justiça por você. Que Deus tenha você de braços abertos", postou um amigo. "Descansa em paz nosso menino, que você esteja em um bom lugar, para sempre será lembrado, nosso jogador", escreveu outro. "Que dor é essa? Saiba que você sempre vai estar vivo em mim, vou sempre lembrar de você, exatamente como era, feliz, brincalhão , como vai fazer falta! Eu não entendo os planos de Deus, mas saiba que que independente de tudo, você vai ser sempre nosso Jogador Ni", publicou uma amiga.

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