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Chega ao fim processo judicial que concluiu que projeto do BRT não foi entregue completo

Com o fim da possibilidade de novos recursos pela Fusp, Prefeitura de São José não precisará pagar os R$ 999 mil referentes às duas últimas parcelas do contrato firmado em 2015

Por Julio Codazzi | 16/02/2024 | Tempo de leitura: 3 min
São José dos Campos

Divulgação

Projeto do BRT era aposta do governo Carlinhos, mas não saiu do papel
Projeto do BRT era aposta do governo Carlinhos, mas não saiu do papel

Após rejeitar mais um recurso da Fusp (Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo), o STJ (Superior Tribunal de Justiça) declarou o fim do processo que isentou a Prefeitura de São José dos Campos de pagar R$ 999 mil à entidade, referentes às duas últimas parcelas do contrato para elaboração do projeto do BRT (Transporte Rápido por Ônibus, em inglês).

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O recurso havia sido rejeitado em novembro do ano passado pela ministra Assusete Magalhães, relatora do processo no STJ. Já o trânsito em julgado, que representa o fim da possibilidade de novas apelações, foi declarado esse mês.

Procurada na última semana pela reportagem, a fundação não se manifestou sobre o fim do processo. Anteriormente, a Fusp alegou ter cumprido o contrato integralmente e afirmou ter sido vítima de uma "disputa política".

CONTRATO.
A fundação foi contratada em 2015, no governo do ex-prefeito Carlinhos Almeida (PT), para elaboração do projeto do BRT.

Entre 2015 e 2016, a Fusp chegou a receber R$ 11,25 milhões da Prefeitura. Em 2017, no entanto, o governo do ex-prefeito Felicio Ramuth (PSD), que é o atual vice-governador de São Paulo, se recusou a pagar os R$ 999 mil restantes sob a alegação de que o projeto tinha falhas e de que o contrato não havia sido integralmente cumprido. Uma das parcelas, a sétima do contrato, era de R$ 602,9 mil. A outra, a oitava, era de R$ 396,5 mil.

Posteriormente, o governo Felicio substituiu o projeto do BRT pelo VLP (Veículo Leve sobre Pneus).

PROCESSO.
Na ação, protocolada em outubro de 2017, a Prefeitura buscava que a Fusp fosse impedida de protestar a alegada dívida em cartório.

Em fevereiro de 2022, a 1ª Vara da Fazenda Pública de São José decidiu que a Prefeitura não precisaria pagar o valor à fundação, pois considerou "coerentes" quase todas as falhas apontadas pelo município.

Em outubro de 2022, por três votos a dois, a 12ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça rejeitou o primeiro recurso da Fusp - a maioria dos desembargadores considerou que a perícia judicial apontou "inconsistências" nas duas últimas medições do contrato.

REPERCUSSÃO.
Procurado pela reportagem, o ex-prefeito Carlinhos Almeida afirmou apenas que o processo “trata de demanda de cobrança, envolvendo a Fusp e a Prefeitura”, e que “nenhum membro de nossa gestão é parte” na ação.

Já a Prefeitura, agora administrada pelo prefeito Anderson Farias (PSD), afirmou que "todas as falhas do contrato" com a fundação "foram comprovadas em perícia", e que "a atual gestão, que tem comprometimento e zelo pelo erário público, realizou auditoria interna que apontou que a contratada não prestou os serviços corretamente, o que foi confirmado pela decisão judicial".

Desde novembro de 2016, o contrato é alvo de investigação do Ministério Público.

TRIBUNAL DE CONTAS.
Em novembro de 2023, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) considerou irregular o contrato firmado em 2015 entre a Prefeitura e a Fusp.

Na decisão, a Segunda Câmara apontou que a dispensa de licitação foi irregular, que o valor do contrato não foi justificado e que houve irregularidade na execução do serviço.

Na ocasião, Carlinhos afirmou que o contrato foi feito "dentro da lei", que o serviço "foi executado" e o preço foi o praticado "no mercado". Ao TCE, a fundação alegou que concluiu o serviço previsto, que atuou sempre de boa-fé e que não houve prejuízo ao município.

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