APELO.

O apelo bolsonarista é tanto que o prefeito de São José dos Campos, Anderson Farias (PSD), disse em entrevista a OVALE que não se importa em ser considerado um “bolsonarista” por causa dos valores que defende, “mais semelhantes” ao que Bolsonaro prega.

“Se o que defendo é dizer que sou bolsonarista, então está bom, eu sou bolsonarista”, afirmou o mandatário ao jornal, em outubro de 2023.

Anderson também tem encampado bandeiras bem vistas pelos bolsonaristas, como a tentativa de brecar a Marcha da Maconha, o reforço na segurança pública e a defesa de temas como a família.

No entanto, Bolsonaro teria vetado o apoio do PL a candidatos do PSD, sigla comandada por Gilberto Kassab, atual titular da Secretaria de Governo e Relações Institucionais do governo de São Paulo. A informação sobre o veto é do jornal O Estado de São Paulo.

A declaração teria sido feita em conversas sobre a eleição em Presidente Prudente, mas se estenderia para todo o país. “Deixo claro: PSD do Kassab eu não apoio ninguém, tá ok?”, teria dito Bolsonaro em áudio.

Se confirmada a posição, Anderson deixa de contar com um eventual apoio do PL para a reeleição, e ainda poderá ganhar um adversário de peso: Eduardo Cury, cacique do PSDB que estaria negociando a ida para o PL, justamente para disputar a eleição contra o prefeito de São José.

Também Cury tem se notabilizado como um voraz crítico do governo Lula, embora não tenha aderido diretamente a Bolsonaro, a quem já fez críticas. Mas se for para o PL, não deve ter problema em recitar a cartilha do bolsonarismo.

Com a alta popularidade de Bolsonaro na região, mesmo diante das investigações contra ele e o PL, o voto bolsonarista pode ser decisivo em outubro de 2024.

HERDEIRO.

Como revelou OVALE, São José tem 12 pré-candidatos ao Paço, o que pode mudar se Cury for para o PL. Entre os que irão tentar herdar os votos bolsonaristas, estão Leticia Aguiar (PP), Dr. Elton (União) e Shakespeare Carvalho (Republicanos), que ou são de partidos mais ligados ao ex-presidente ou adotam uma postura mais conservadora.

“O apoio de Bolsonaro pode fazer diferença na eleição majoritária no Vale, que é uma região bem conservadora”, avaliou a cientista social e política Dora Soares. “Apesar das investigações e dos processos, ele ainda possui muita influência nas cidades, e isso pode pesar na eleição. Mas vai depender do andar da economia. Se melhorar, o ex-presidente perde influência”, completou.

TAUBATÉ.

Em Taubaté, o prefeito José Saud trocou o MDB pelo PP e deve ter o PL como um dos principais adversários na eleição, além do ex-prefeito Ortiz Junior (PSDB) e da ex-vereadora Loreny, que chegou ao segundo turno em 2020 pelo Cidadania e que deve concorrer dessa vez pelo Solidariedade.

O PL já definiu que terá candidato próprio ao Palácio do Bom Conselho, mas ainda falta escolher o nome. O mais cotado é Capitão Souza, bem avaliado em pesquisas e que deixou o cargo de secretário municipal de Segurança Pública na sexta-feira (16), praticamente enterrando a possibilidade de trocar de partido e vir a ser candidato a vice-prefeito numa chapa com Saud.

Dos 15 pré-candidatos a prefeito, alguns disputarão o voto bolsonarista, como Vivi da Rádio (Republicanos) e até mesmo Sérgio Victor (Novo), cujo partido se alinhou às ideias do ex-presidente.