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Arapongagem oficial

Apuração da PF aponta uso da Abin no governo Bolsonaro para monitorar adversários e proteger filhos do presidente

Por OVALE | 27/01/2024 | Tempo de leitura: 2 min
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Divulgação

O ex-presidente Jair Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro

É estarrecedora a conclusão de uma investigação da Polícia Federal que aponta que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) foi desvirtuada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) para monitorar adversários políticos e buscar informações que pudessem proteger a família do então presidente.

Segundo a apuração, o então diretor-geral da agência, Alexandre Ramagem, homem de confiança de Bolsonaro e que hoje é deputado federal pelo PL, criou em 2020 uma espécie de Abin paralela, classificada pela PF como uma “organização criminosa” que tinha o “intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial”.

Com o uso de servidores e dinheiro público, o grupo se valeu do software espião FirstMile, de fabricação israelense, para espionar cerca de 1,5 mil números de telefone, em 60 mil acessos indevidos ao sistema. O programa foi utilizado para monitorar irregularmente a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e integrantes do judiciário.

Entre os monitorados com o uso do software estão desafetos políticos de Bolsonaro, como o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e a ex-deputada Joice Hasselmann, e a promotora responsável pela apuração do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.

Mas a arapongagem não se restringiu ao software. Camilo Santana (PT), então governador do Ceará e atual ministro da Educação, foi monitorado com um drone que sobrevoou as proximidades de sua casa. Os servidores que atuavam na Abin paralela também tentaram associar deputados federais e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), com o objetivo de desmoralizá-los.

E não acabou: o grupo clandestino que atuava na Abin ainda planejou ataques às urnas eletrônicas e ao processo eleitoral e atuou para levantar informações sobre investigações que envolviam Jair Renan e Flávio Bolsonaro, filhos do então presidente.

Que a operação da última semana tenha servido para reunir provas suficientes para identificar os responsáveis por esse absurdo e puni-los.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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