PROCESSO

CAF: TRF3 irá analisar recurso em que União pede bloqueio de R$ 99 milhões de Taubaté

Dívida é referente a três parcelas do empréstimo do CAF que não foram pagas pela Prefeitura em 2022 e 2023, no governo Saud; decisão judicial impede bloqueio de contas do município

Por Julio Codazzi | 12/01/2024 | Tempo de leitura: 3 min
Taubaté

Divulgação/PMT

Dinheiro do empréstimo foi aplicado em pacote de obras viárias
Dinheiro do empréstimo foi aplicado em pacote de obras viárias

O TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, que tem sede em São Paulo, irá analisar o recurso em que o governo federal pede que seja permitido o bloqueio das contas da Prefeitura de Taubaté para garantir a restituição de R$ 99,394 milhões que o município deixou de pagar ao CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina).

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Em agosto de 2023, a desembargadora Marli Marques Ferreira, relatora do processo no TRF, negou a concessão de uma liminar solicitada pelo governo federal, que poderia antecipar os efeitos da apelação.

Agora, o mérito do recurso será analisado pela 4ª Turma, que é formada pela relatora e outros dois desembargadores. Ainda não há data marcada para o julgamento.

RECURSO.
No recurso, a AGU (Advocacia-Geral da União) argumenta que, caso seja mantida a decisão de primeira instância que impediu o bloqueio das contas da Prefeitura, "haverá um incentivo generalizado ao não pagamento da dívida garantida pela União e, por conseguinte, violação ao princípio da isonomia".

A AGU alega ainda que a decisão "viola à ordem pública" e "causará comprometimento da estrutura do federalismo, vez que coloca União e município de Taubaté em situação de antagonismo, podendo causar graves prejuízos às finanças dos entes federativos".

Ao rejeitar a antecipação da tutela, a relatora afirmou que o STF (Supremo Tribunal Federal) já decidiu que "as transferências de receitas autorizadas por entes públicos para garantia ou contragarantia de contratos de empréstimo não podem se sobrepor à continuidade dos serviços públicos".

PARCELAS.
Pelo contrato do empréstimo de US$ 60 milhões, assinado em 2017, na gestão do ex-prefeito Ortiz Junior (PSDB), a amortização seria feita a partir de junho de 2022, em 12 parcelas semestrais, cada uma de US$ 5 milhões, mais juros.

Até agora, apenas a primeira parcela foi paga pelo governo do atual prefeito José Saud (PP), em junho de 2022, com valor de US$ 5,59 milhões – que, pela conversão de dólar para real feita no dia, representou R$ 26,313 milhões.

A segunda, em dezembro de 2022, de US$ 6,058 milhões (R$ 32,079 milhões pela conversão), deixou de ser paga. O mesmo ocorreu com a terceira parcela, em junho de 2023, de US$ 6,746 milhões (R$ 34,379 milhões), e a quarta, em dezembro de 2023, de US$ 6,674 milhões (R$ 32,936 milhões).

Somadas, as três parcelas não pagas pela Prefeitura representaram um calote de R$ 99,394 milhões. Como preveem o contrato de empréstimo e a lei municipal que autorizou a operação de crédito, esses valores foram quitados pelo governo federal, que é o avalista.

CONTAS.
Em dezembro de 2022, quando a primeira parcela deixou de ser paga, o governo federal chegou a bloquear R$ 8,4 milhões das contas da Prefeitura, ficando pendente o restante de R$ 23,6 milhões.

Na ocasião, o município alegou à Justiça Federal que o bloqueio de verbas poderia provocar a interrupção de serviços essenciais prestados à população.

No mesmo mês, o juiz Márcio Satalino Mesquita, da 2ª Vara Federal de Taubaté, determinou que o governo federal devolvesse o valor confiscado e não realizasse novos bloqueios. Essa decisão segue vigente.

PREFEITURA.
A reportagem perguntou se a Prefeitura tem alguma programação para devolver ao governo federal os R$ 99,394 milhões que a União teve que pagar relativos à segunda, à terceira e à quarta parcelas do empréstimo, que não foram quitadas pelo município. O governo Saud respondeu que "está em busca de informações sobre programas para repactuação da dívida existente junto ao Ministério da Economia".

No fim de 2022, a Prefeitura solicitou ao CAF que a quitação pudesse ser feita em 24 parcelas semestrais, em vez de 12 – ou seja, em 12 anos e não em seis. O banco rejeitou o pedido ainda no ano retrasado.

Desde março de 2023, a Prefeitura tenta que o governo federal interceda no caso, para alterar o cronograma de pagamentos. Até agora, sem sucesso.

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1 COMENTÁRIOS

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  • SALVADOR SOARES MELO
    12/01/2024
    Parabéns pela abordagem de um tema que foi amplamente debatido na 16° legislatura da Câmara Municipal mas a leniencia da cidade deu de costa para estas denúncias e hoje se vê mergulhada em uma péssima administração e toda endividada e com a possibilidade real do autor desta proeza voltar e dizer que o atual gestor é incompetente.