FUNDAÇÃO

Com sete votos contrários, Câmara de São José aprova novo plano de carreira da Fundhas

De acordo com o Sindicato dos Servidores, projeto prevê remunerações abaixo do salário mínimo e não estabelece progressão por tempo de serviço

Por Julio Codazzi | 14/12/2023 | Tempo de leitura: 3 min
São José dos Campos

Adenir Britto/PMSJC

Unidade da Fundhas do Centro
Unidade da Fundhas do Centro

Sob críticas do Sindicato dos Servidores Municipais, a Câmara de São José dos Campos aprovou nessa quinta-feira (14) o projeto do prefeito Anderson Farias (PSD) que altera o plano de carreira da Fundhas (Fundação Hélio Augusto de Souza).

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A proposta recebeu sete votos contrários. "É incrível como o governo Anderson consegue piorar as condições de trabalho", disse a vereadora Amélia Naomi (PT). "[O novo plano de carreira] é ruim, é cruel e é ilegal", acrescentou. "O projeto não paga o salário mínimo", afirmou a vereadora Juliana Fraga (PT). "Um projeto desse, com valor de salário desse, é um descaso, é uma vergonha", reclamou o vereador Dr. José Claudio (PSDB).

Já a base governista defendeu o projeto. "Faz quem quer. Ninguém é obrigado a fazer concurso [público para a Fundhas com as novas regras]", disse o vereador Júnior da Farmácia (União).

PROJETO.
Aprovado pela Câmara, o projeto seguirá para a sanção de Anderson.

No texto votado pelos vereadores, o prefeito afirmou que a fundação tem 16 unidades e 600 funcionários, tem batido "recordes de atendimento" e, por isso, é "crucial" a implementação de "um novo plano de carreira" para a instituição, "permitindo a valorização dos colaboradores sem comprometer a sustentabilidade financeira da instituição".

"A motivação principal para essa proposição é a situação atual de possuir empregados antigos que estão se aposentando, combinada com o efeito cumulativo do atual plano de carreira sobre os salários ao longo do tempo, levando a valores excessivamente altos e desalinhados com as práticas do mercado", alegou Anderson, que afirmou que "a proposta contempla progressões e promoções que garantem razoabilidade financeira".

CRÍTICAS.
Para o Sindicato dos Servidores, o projeto é um "ataque aos funcionários da Fundhas" e "coloca em risco o futuro da fundação".

Uma das críticas da entidade é de que o novo plano de carreira prevê apenas progressão vertical (por qualificação, como pós-graduação, por exemplo), e não progressão horizontal (por tempo de serviço).

"Dentro desse novo plano, os bons funcionários serão obrigados a realizar repetidas graduações ou pós-graduações para obter um aumento salarial de 10% a cada cinco anos. Após 20 anos, mesmo atingindo o 'topo da carreira' com três ou quatro pós-graduações, terão acumulado um aumento de apenas 40% no salário. O projeto é tão desfavorável que o valor do reajuste salarial não cobre sequer o custo de uma mensalidade de pós-graduação, mesmo considerando as opções mais baratas do mercado", alegou o sindicato.

SALÁRIOS.
O sindicato também argumentou que o projeto prevê o pagamento de remunerações abaixo do salário mínimo ou abaixo do piso salarial de categorias. Oito cargos - ajudante de cozinha, auxiliar de almoxarifado, cozinheiro, vigilante, auxiliar de manutenção, costureiro, pedreiro e pintor - terão remuneração entre R$ 1.156,82 e R$ 1.270,02, abaixo do salário mínimo nacional (R$ 1.320).

Outros oito cargos - atendente de consultório dentário, eletricista, encanador, marceneiro, motorista, auxiliar de manutenção 1, agente administrativo e serralheiro - terão remuneração entre R$ 1.358,91 e R$ 1.454,04, abaixo do salário mínimo paulista (R$ 1.550). Já professores e engenheiros civis terão remuneração abaixo do piso das categorias - de R$ 2.845,28 para professores, ante piso de R$ 4.200,55, e de R$ 4.541,57 para engenheiros, ante piso de R$ 11.220.

"A redução na política de remuneração e a falta de incentivo à qualificação profissional podem comprometer diretamente o atendimento às crianças e adolescentes, minando o propósito da Fundhas e prejudicando a comunidade atendida", alegou o sindicato, que acrescentou que "propor remunerações abaixo do salário-mínimo nacional e desrespeitar os pisos salariais estabelecidos por leis específicas pode resultar em consequências jurídicas para a Prefeitura e a Fundhas".

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5 COMENTÁRIOS

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  • Juliana Dias
    20/12/2023
    Olha gente negócio é o seguinte, nenhuma UBS terceiririzada paga as recepcionistas, assistentes , porteiros e motoristas o salário mínimo paulista , pedimos socorro.
  • DILMAR VIEIRA dos SANTOS
    17/12/2023
    Sr. ANDERSON, o senhor alega que a prática não é viável a prefeitura e que garante a razoabilidade financeira, porque este plano não é aplicado aos políticos, exemplo: vereadores, que iram ganhar 18mil. Onde está a justiça senhor.
  • Aloiso Augusto da Silva
    17/12/2023
    Eu aloiso Augusto da Silva motorista na fundhas a 11 anos salário mensal líquido vergonha de falar vejam no portal de transparência
  • Ana Dias
    16/12/2023
    Tipo de texto que trás uma descrença tão grande na política. Como alguém assina a favor um decreto que desqualifica funções tão importantes, impondo a elas viver com menos de um salário mínimo?!!! Que está longe de ser um mínimo digno, é um mínimo pra não passar fome, apenas isso. Como?!! Ainda com complementos do tipo \"se candita quem quiser!!\". Totalmente desfocado da realidade de tantos. Será que algum desses seres de humanidade duvidosa, viveria com um aumento horizontal desse nível. Aumento horizontal é muito difícil de ser administrado (vivo isso!), porque o aumento pela inflação não atende o aumento dos elementos que precisamos para uma vida com um mínimo de conforto, atende sobrevivência. Chega uma hora que a conta não bate mais. E esses responsáveis não são capazes de fazer essa conta básica. Lamentável a degradação que será para a Fundhas.
  • Ailton Costa
    15/12/2023
    O emprego do recurso público deve ser, incondicionalmente, atrelado ao desempenho do prestador de serviço. Não há nada de ilícito em ser bem ou muito bem remunerado, desde que, o desempenho seja, de fato, um diferencial. A simples qualificação não significa nada dada a baixa qualidade da educação em todos os níveis. Agora só falta consertar os cargos ocupados por influência da política...mas aí é querer acreditar em papai noel....