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EDITORIAL
Milei: ser ou não ser?
Eleição do Milei é um ponto importante para a região, que tem na Argentina um dos principais parceiros comerciais
27/11/2023 | Tempo de leitura: 2 min
A eleição do deputado ultradireitista Javier Milei como presidente da Argentina é ponto importante para o Vale do Paraíba. O país vizinho é o terceiro maior parceiro comercial da região, ficado atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
Neste ano, as empresas do Vale exportaram US$ 810 milhões para a Argentina, 10% do total vendido ao exterior de janeiro a outubro pela região.
Taubaté tem na Argentina o destino de quase a metade das suas exportações. Os veículos lideram a pauta exportadora da cidade para os argentinos, que também são responsáveis por 57% das exportações de Caçapava e 40% de Cruzeiro. A maior preocupação é com o teor das propostas radicais que Milei fez durante a campanha, muitas delas com potencial de enfraquecer a relação comercial com o Brasil.
Autointitulado anarcocapitalista, Milei disse que poderia cortar relações com o governo brasileiro e abandonar o Mercosul, além de dolarizar a moeda na Argentina, o que traz dúvidas sobre o futuro dos laços comerciais entre o Brasil e seu principal parceiro na América do Sul.
Desde que foi eleito, o novo presidente da Argentina, que toma posse em 10 de dezembro, vem suavizando o duro discurso da campanha. Ele já disse, por exemplo, que o presidente Lula será “bem-vindo” em sua cerimônia de posse. Na campanha, Milei chamou Lula de “corrupto” e “comunista”.
O perigo da retórica de Milei é empoderar grupos de extrema direita no continente, como ocorreu no Brasil nos últimos quatro anos com a retórica violenta adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Milei foi pelo mesmo caminho da violência verbal.
No entanto, com pouco apoio político no parlamento argentino, analistas acreditam que o presidente eleito terá muitas dificuldades para aprovar alguns dos seus projetos mais mirabolantes, como a privatização do sistema de saúde. Além disso, a economia argentina vai mal das pernas e cortar relações com o Brasil pode piorar o quadro do já combalido paciente.
Aos empresários da RMVale resta manter as boas relações com seus parceiros comerciais na Argentina e acreditar que Milei optará pelo bom-senso na política externa, e não pela lacração das redes sociais. Discurso de ódio não enche a barriga de ninguém.
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